Com saldo de 2,3 mil, julho é o pior mês do ano em geração de emprego

Fotos: Marcos Maluf
Fotos: Marcos Maluf

Número é positivo, mas é menor do que dos outros meses  

Julho foi o mês que menos teve trabalhador com carteira assinada em Mato Grosso do Sul, desde o início de 2023, segundo dados do Caged, divulgados na quarta-feira (30). O saldo é de 2.386, resultado de 32.136 admissões e 29.750 desligamentos.

O saldo também é o pior para o mês desde 2020. Em julho de 2022 foram 4.149 empregos registrados; em 2021 foram 4.303; e em 2020, ano da pandemia, foram 2.512.

A realidade é sentida nas lojas, que afirmam terem contratado menos. Como é o caso da gerente de uma loja de acessórios de celulares, Pamela Barbosa ,de 30 anos. Segundo ela, um dos principais fatores que impediu novas contratações foi a falta de movimento, no comércio. 

“Não está tendo muito fluxo de clientes, inclusive, no mês de julho teve uma demissão por que o movimento está parado. Esperamos que de outubro para o final do ano essa movimentação melhore, aí pretendo contratar pelo menos mais três pessoas”, ressalta a gerente.

A proprietária da “Biju da Chica”, Eliete de Oliveira, 35 anos, conta que a loja inaugurou ano passado, com um movimento, considerado por ela, muito bom. Entretanto, de março a julho deste ano, a empresária percebeu uma queda, o que resultou em não contratar mais colaboradores

“Está em recessão. Eu, como comerciante, penso sempre que o movimento vai melhorar, mas ele está muito fraco, percebo que as pessoas não estão gastando. Março a julho foram meses de pouquíssimo movimento e se não tem movimento não tem por que contratar. Mas a expectativa é aumentar o número de funcionários para o fim do ano, que é um período de mais movimento, no setor”,diz a empresária.

Outros dados do Caged demonstram que os meses anteriores a julho obtiveram números melhores de saldo. Como em janeiro, que o saldo da geração de emprego foi de 5.150; em fevereiro, 6.030; março, 3.735; abril, 3.713; maio, 3.161; junho, 3.066 e julho com o menor saldo, de 2.386. A soma de todos os saldos totalizam 27.241 novos trabalhadores em Mato Grosso do Sul. Em contrapartida, setor do Comércio apresentou o melhor desempenho na geração de empregos em julho, contratando 945 novos trabalhadores. Em seguida vem a Pecuária, com 562 contratações, Indústria (418), Serviços (354) e Construção (107).

Se comparar o ano todo, o comércio fica em último, na geração de emprego, com 2.921. O setor de Serviços vinha há meses liderando a geração de empregos, chegando a responder por 70% das vagas criadas em alguns meses. O fato de o Comércio ter retomado a liderança é um bom sinal, na avaliação do secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.

“É importante, realmente, que o Comércio tenha avanço, nesse sentido. O setor de Serviços, normalmente, é o que mais cresce em função das atividades que agrega, mas que também tem uma volatilidade maior. Portanto, é bom que o Comércio esteja crescendo e que possa agregar, isso mostra, principalmente, uma reação das pequenas empresas em relação a vendas, é isso que acontece quando o comércio cresce”, frisou.

 

Reflexo

A taxa de juros alta foi a principal influência, conforme avaliou o presidente da CDL- -CG (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande), Adelaido Vila. “Realmente, o mês de julho marcou uma pequena desaceleração da economia e isso teve muito a ver com a questão da taxa de juros. Ela tem impactado muito o Brasil, e percebemos uma desaceleração nos investimentos. De modo geral, o crédito ainda está bastante complicado e isso provoca desaceleração da economia”, pontuou.

No entanto, Adelaido diz que no mês de agosto houve melhora. “Mas, para o mês de agosto, já percebemos que logo depois que o Banco Central colocou uma redução de meio por cento, começou um ambiente mais favorável para os investimentos e também contratações. Esse é um número que sempre esperamos para o mês de julho, porque é um mês de férias e não tem nenhuma data significativa. Mas, nós acreditamos que o segundo semestre será de muitas contratações, porque a expectativa é que, até dezembro, tenhamos uma baixa significativa nos juros”, acredita Adelaido Vila. 

 

Por Thays Schneider – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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