Com novo reajuste, gasolina em MS vai para R$ 6,66 e diesel a R$ 5,14

GASOLINA
VALENTIN MANIERI

Valores passam a valer a partir de hoje e vão encarecer o frete no Estado

A majoração nos preços dos combustíveis pela Petrobras, que entram em vigor hoje (26), vão pesar ainda mais no combalido orçamento dos brasileiros. O litro da gasolina vendido às distribuidoras terá alta de 7%. Caso o preço final nas bombas siga esse percentual, o preço médio do litro em Mato Grosso do Sul sairá de R$ 6,23 para R$ 6,66.

Já para o diesel, a diferença é ainda maior, de 9%. A estatal disse em comunicado que, na prática, o consumidor deve perceber um aumento de R$ 0,24. Com essa elevação, a média do litro do combustível no Estado, encontrada por R$ 4,90 na semana passada, passará a ser de R$ 5,14.

Na Capital, diversos profissionais revelam que os reajustes têm reduzido cada vez mais a renda deles. Os relatos apontam defasagem do valor do frete dos caminhoneiros, queda dos lucros de motoristas de aplicativo e encarecimento da taxa de entrega de produtos.

Esse fenômeno repetitivo tem dilacerado o rendimento de trabalhadores como é o caso de Marcelo de Souza, caminhoneiro autônomo que realiza fretes com seu caminhão particular. Ele conta que, na contramão dos constantes aumentos do diesel, o custo do frete tem diminuído até 50%. O motorista atribui essa inconsistência de preços às transportadoras, que “ditam” a tabela de frete.

“A gente fica preso nas mãos das transportadoras. Da safra de março para cá, o frete caiu 65% ou mais. Antes, o valor cobrado de Sidrolândia a Três Lagoas era de R$ 120. Hoje, o frete desse trecho é de R$ 60. Nós, que somos autônomos, só saímos no prejuízo. As transportadoras, por exemplo, são quem estabelecem o valor do frete. Hoje, para mim, não sobra 40% dos fretes”, explicou Souza.

Tendo de lidar com os mesmos problemas, os motoristas de aplicativo também enfrentam o dilema de perceber, a cada alteração de preço da gasolina, seu lucro cair. Convivendo com essa dificuldade, Anderson Cirilo, que além de motorista é bombeiro civil, detalha o que sobra. “Eu trabalho o dia todo, saio do meu plantão e vou para o Uber. Isso me dá uns R$ 200, que tenho de tirar R$ 120, R$ 130, de gasolina.”

“E é muito sofrido fazer R$ 200 no dia. Hoje, para baixar os preços, tinham de fazer uma paralisação igual a daqueles caminhoneiros, de parar tudo, faltar gasolina nos postos. Eu rodo, rodo, e o dinheiro não rende. Fico fora de casa, correndo o risco de ser assaltado, para não ter retorno. Vou sair e ficar na minha outra profissão mesmo”, manifestou Cirilo.

Aumentos

Para não ter prejuízos com as vendas de pães, a confeiteira Fernanda Santos teve de aumentar a taxa de entrega cobrada aos clientes. “A taxa que era de R$ 3 passou a ser de R$ 5, porque o combustível está muito alto. Parece que a cada semana sobe mais. Eu vendo, em média, R$ 150 por dia, e um entregador custa cerca de R$ 70 a diária. Então, não compensa eu pagar uma pessoa para entregar.”

De acordo com o Sinpetro-MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência), deliberações já foram feitas com o governo estadual a fim de acentuar os custos em MS. “Pedimos o congelamento da pauta e isso foi atendido, o que reduziu cerca de R$ 0,15 no preço do litro. Agora, pedimos redução de 30% para 25% na alíquota da gasolina. Estamos aguardando resposta”, esclareceu Edson Lazarotto, presidente do sindicato.

Paralisação dos caminhoneiros

Com a nova majoração de preços da gasolina e do diesel, o movimento de paralisação dos caminhoneiros autônomos, programado para o 1º de novembro em todo o país, ganha ainda mais força. Marcelo de Souza, com 18 anos de experiência de estrada, disse que vai aos manifestos. “Pelo jeito que está indo, você não vai conseguir mais trabalhar. O óleo diesel aumenta e o frete não sobe. A gente tem de brigar. Eu pago R$ 2 mil de prestação do meu caminhão e tenho família para sustentar. É triste a realidade do caminhoneiro. Daqui a pouco, não consigo colocar pneu no caminhão e nem sustentar minha família”, desabafou Souza.

Líder nacional diz que caminhoneiros não vão recuar de greve

Conhecido como um dos organizadores da greve que ocorreu em 2018, Wallace Landim, o “Chorão”, afirmou que a paralisação nacional do dia 1º de novembro vai ocorrer em todo o país e que, a despeito disso, os caminhoneiros não voltarão atrás sobre a participação no ato.

O manifesto programado para a semana que vem tem como objetivo chamar a atenção das autoridades para que haja alterações na política de preços da Petrobras. Caso isso não ocorra, a greve dos profissionais do segmento deve ser realizada, incluindo a adesão de várias entidades representantes dos motoristas.

Em resposta, o presidente Jair Bolsonaro declarou que não irá interferir na tabela de preços praticada pela estatal. Com isso, Chorão acrescentou que o chefe do Executivo demonstra uma postura contraditória.

“Isso mostra um andamento totalmente contrário àquele pelo qual estamos lutando. Estamos brigando por estabilidade no combustível, no gás de cozinha, para colocar em vigor leis já aprovadas, e é isso que a Petrobras faz”, disse.

“A cada dia a paralisação ganha mais força. E esse aumento de agora afeta também com quem trabalha diretamente com combustível, como motoristas de aplicativo.”

O líder da categoria reafirmou que não haverá recuo e que tem certeza de que outras associações seguirão o mesmo pensamento, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL). (Felipe Ribeiro)

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