Queda na produção do cacau encarece os preços em até 10,5% em 2024
O ovo de Páscoa realmente está mais caro em 2024. As altas sentidas pelos consumidores são resultado de uma série de fatores. Dentre eles, as dificuldades nas culturas do cacau e o preço dos insumos para produzir pensam a questão. A afirmação é parte de uma pesquisa realizada pela Horus, empresa de inteligência de mercado, que apurou entre os meses de janeiro e fevereiro o valor dos chocolates nos estabelecimentos.
O estudo avaliou o preço de três categorias de chocolate em todo o território nacional e identificou que houve um aumento no preço médio do ovo de páscoa de 1,8%. Em demais produtos a alta foi ainda mais significativa, sendo 11% nas barras de chocolates e 10,5% nos chocolates e bombons. Segundo a chefe do departamento de Sucesso do Cliente e Insights da Horus, Anna Carolina Veiga Fercher, embora a porcentagem sobre o ovo de Páscoa seja menor quie os demais chocolates, a tendência é que ele continue em alta”.
A depender do peso do ovo de páscoa e da marca, a alta prevista pode ultrapassar a marca de 26%. Na Capital sul-mato-grossense, a informação se confirma. Isto porque em verificação, o jornal O Estado foi às ruas apurar preços. Na Cacau Show localizada na avenida Afonso Pena, os ovos de Páscoa variam de R$ 53,99 a R$ 159,99, a depender das especificações do produto, que conta cada vez mais com atrativos, como, por exemplo, a adição de brinquedos, ursos de pelúcias, pantufas e até mesmo fone de ouvido. Já no catálogo da marca, a intensificação de preços é ainda mais alta, com ovos de sete quilos chegando a R$ 1090,99.
O mestre em economia, Lucas Mikael, explica que devido a queda na produção de cacau nos últimos quatro anos, houve uma escassez de matéria-prima e por isso, os preços se elevaram para o consumidor final. “O aumento no preço do cacau está tendo um impacto direto nos custos de produção de ovos, bombons e barras de chocolate. O encarecimento dos ovos de chocolate tem se acentuado, especialmente pós-pandemia, devido à elevação do valor do cacau no mercado global, além do aumento de outros insumos importados e embalagens. Essa tendência está impactando os custos de fabricação, resultando em um considerável aumento nos preços dos produtos de chocolate”, argumentou o economista.
Produção artesanal
A diretora comercial e de marketing da Doçurinha Doceria, Kalícia França Piati, 30, explica que em 2024 a expectativa de aumento nas vendas é de 10% a 15% maior que no ano de 2023. Segundo Piati, foi necessário reforçar a equipe para a produção de Páscoa, mas hoje é inviável repassar os custos de toda a produção ao consumidor, já que o setor tem sentido fortes altas de modo geral. “Não dá para repassar tudo ao cliente, se não fica um ovo muito caro e essa não é a nossa intenção. A gente trabalha com um valor acessível para o cliente e para a gente ter uma margem de lucro ok, não é uma coisa exorbitante. Se a gente for aumentar o mesmo valor da matéria prima, não dá para acompanhar o que a gente tem de aumento e isso é muito difícil. Temos aumento de impostos, na mão de obra e na matéria prima, mas não conseguimos repassar na mesma velocidade ao cliente”, esclarece.
Conforme observa, a clientela tem se adiantado nos pedidos e a tendência do momento é o sabor pistache. Piati explica que o sabor tem ganhado força no setor de confeitaria e mesmo com um valor agregado, o que significa que deixa o produto final mais caro, as pessoas estão animadas em consumir a novidade. “Esse ano a luz dos olhos das pessoas é o Pistache, em toda confeitaria ele está bombando. Ele vem com o valor mais caro, porque tem o valor mais agregado. Mas, mesmo assim, ele é muito procurado e tem sido um campeão de vendas”, pontua a diretora.
Hoje no estabelecimento, o queridinho do público é o ovo de colher de sabor ninho com nutella. No entanto, há outros que fazem o gosto do público, como o trufado de negresco com nutella e a sensação do momento, o trufado de pistache. Os valores seguem o piso de R$ 89 e vão até o teto de R$ 130, a variar com as especificações e incrementos do produto.
No comparativo com ovos industriais ou “de mercado”, o valor pode ser considerado competitivo, já que além do alimento em si, ganha-se também na experiência. “Comparado aos ovos de mercado, por exemplo, eu acho que o valor ficou bem acessível, porque o ovo artesanal é um presente, um carinho, que tem uma embalagem diferente, uma produção diferente, a validade diferente, é um presente”, rebateu a diretora sobre os valores.
Por Julisandy Ferreira
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