Com Bolsonaro inelegível, analistas citam Zema e Tarcísio para liderar

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

[Rayane Santa Cruz – O ESTADO DE MS]

Bolsonaro fica fora da disputa, mas não deixará de influenciar

Com risco de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficar fora das eleições futuras, políticos e analistas citam que novas figuras poderiam ocupar o protagonismo, mas ainda sob a influência de Bolsonaro, que tem eleitorado forte no país. Ainda que condenado e inelegível, o ex-presidente deve ajudar a projetar o cenário político nas eleições municipais de 2024 e nas federais, de 2026.

Nomes como o dos governadores Tarcísio de Freitas, de São Paulo e Romeu Zema, de Minas Gerais, por ora, aparecem como alternativas aos bolsonaristas, ainda que sejam lembrados os filhos do político, como Eduardo Bolsonaro e até mesmo a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, como candidatos de oposição ao atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Questionado sobre como fica o cenário político no geral, em caso de inelegibilidade de Bolsonaro, o advogado e analista político, Tercio Albuquerque, cita que, ainda que haja o afastamento, haverá uma reorganização da oposição para a eleição de 2026, embora não esteja claro quem vai liderar o segmento no embate com o grupo do presidente Lula, um aparato que já foi construído.

Para o analista, Bolsonaro pode mirar em Michelle Bolsonaro, na tentativa de perpetuar a aglutinação dos setores da direita, que não devem abrir mão de seu apoio. Esses setores entendem que a base bolsonarista é forte. “O cenário que está sendo desenhado não vai afastá-lo totalmente da influência, dentro do aspecto que ele tem contribuído, não só de partido, mas muito provavelmente ele vai se utilizar de todo o aparato que desenvolveu quando era presidente, em vários segmentos da sociedade, para consolidar alguma outra liderança que tenha chances de ascensão. Como, por exemplo, a mulher dele, Michelle, como uma forma de ele continuar interferindo  na posição política nacional.” 

Ainda conforme o analista, não haverá um afastamento de Bolsonaro da política, já que essa é a atividade na qual ele dedica-se 100%. Essa dedicação pode até preocupar a esquerda, já que partidos, políticos e estrategistas da direita não querem errar e vão usar Bolsonaro para influenciar, mas com alguém que seja moderado, pragmático e que explore o antipetismo.

“Eu não acredito em afastamento total de Bolsonaro, porque ele não tem nenhuma outra atividade, que não seja essa: a política. Ele não tem nenhum tipo de ação em que não seja envolvido na política. Então, para qualquer efeito de situação de oposição vai, sim, ter uma interferência dele. Ele vai colocar alguém próximo, pode até acontecer de ser um dos filhos, para que ele tenha o controle e possa voltar à política, quando terminar o período de suspensão dos seus direitos. Então, ele vai continuar influenciando ou tentando influenciar, mesmo não concorrendo a cargo político, nesse tempo.”

O doutor em ciência política e professor da Uems (Universidade Estadual de MS), Ailton de Souza, afirma que o cenário da conjuntura política brasileira é muito interessante e que o enredo é bastante heterogêneo. “A gente brinca que o jogo político brasileiro não é para amadores. Uns ganham o protagonismo e outros saem de cena, em determinados momentos. Tudo se altera a todo instante e não dá para se ter prognóstico em um período mais longo.”

O especialista diz que Bolsonaro é um dos principais atores políticos da direita brasileira nos últimos anos. E mesmo com a possibilidade da saída de cena desse personagem político, por conta do risco de inelegibilidade, ninguém irá desprezar o seu capital político. Segundo Souza, mesmo que de longe, o nome Bolsonaro é forte em qualquer projeção e virou uma marca expressada no bolsonarismo, que deu visibilidade e expressão a esses grupos. O fato de Bolsonaro ter sido presidente do país dá mais ênfase a isso .

O doutor em política afirma que os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Eduardo Leite (PSDB) são nomes fortes da direita e que podem figurar como protagonistas, caso Bolsonaro fique inelegível. Claro, cada um deles com o seu perfil, mas tentando capitanear os eleitores da direita “Romeu Zema e Tarcísio são perfis diferentes e, em ambos os casos, eles podem tentar capitanear os votos do bolsonarismo e se tornarem um novo nome, que tem esse apoio maciço. O Tarcísio tem expressão grande é governador do maior Estado do país. Mas, temos de lembrar que ele apoiou Bolsonaro e foi eleito por isso, em São Paulo. Numa possível inelegibilidade de Bolsonaro, embora ele não tenha se colocado como candidato, é possível que se faça análise nacional para 2026”, diz.

Ele continua: “Romeu Zema tem o perfil muito mais próximo de Bolsonaro, já que o Tarcísio é mais técnico. Em Romeu Zema vemos uma fala mais popular e ele consegue se expressar de uma maneira muito mais próxima ao eleitorado, mais comum de Bolsonaro.” 

Romeu ou Zema? Segundo o cientista político, os próximos passos dos partidos e articuladores serão análises, pesquisas e avaliações para verificar nomes competitivos e que não fragmentem os votos.

A grande questão é avaliar a projeção de Zema e de Tarcísio em nível nacional. A avaliação é de quem será o candidato que terá mais força para fazer oposição a Lula e chegar ao poder”, finaliza. 

O que dizem os deputados?

O deputado federal Dr. Luiz Ovando também indicou os nomes de Zema ou Tarcísio, em caso de suspensão para Bolsonaro. Ele destaca que surgirá nova liderança .

“Caso se torne inelegível, surgem outras lideranças. Eu, particularmente, aprecio e gosto do governador Zema, de Minas Gerais. Também gosto do Tarcísio de Freitas, em São Paulo. Mas nenhum deles vai se lançar se o Bolsonaro manter-se na legibilidade”, disse, em entrevista à Capital FM. O parlamentar ainda cita que não acredita em candidatura de Michelle Bolsonaro.

Coordenador da bancada, o deputado Vander Loubet (PT) acredita em cenário de fracasso da figura de Bolsonaro, em caso de condenação. Na visão dele, em caso de suspensão política, o ex-presidente seria fortemente afetado, mas a base ainda precisa manter o trabalho contra a extrema-direita. “Acredito que as punições que o Bolsonaro venha a ter vão afetar apenas ele, não acredito que isso vá mudar muito a realidade política que estamos vivendo. Para mim, os setores democráticos da sociedade ainda vão ter que seguir lutando contra essa extrema-direita radical”. Acesse também: Prefeito de Bela Vista pode ser afastado após nova decisão da Justiça

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