Chipa de R$ 1 não resiste a leite caro e preço sobe até 50%

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Imagens: Reprodução/Nilson Figueiredo
Litro do leite aumentou 53% neste ano, na Capital, segundo o IBGE

Por Taynara Menezes e Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS

A alta expressiva no litro do leite, chegando a R$ 8 em alguns supermercados, fez com que as tradicionais chipas de R$ 1 tivessem um fim. Alguns estabelecimentos de Campo Grande aumentaram o produto entre 25% e 50% neste ano.

Em três chiparias visitadas pelo jornal O Estado, a iguaria da culinária paraguaia já é comercializada de R$ 1,25 a R$ 1,50. Como é o caso da comerciante Sirley Cristina Moreira, de 54 anos, dona da Casa da Chipa, na Rua da Divisão.

Há nove anos trabalhando no ramo, ela relata que sempre manteve o preço padrão de R$ 1, mas, com a alta nos ingredientes essenciais para a produção da chipa, há quatro meses o valor subiu para R$ 1,50. “Aumentamos o valor para manter a qualidade do produto, para comprar os produtos sem tirar a qualidade da chipa. Meus clientes estão conscientes de que precisei aumentar o preço”, afirma.

Segundo a proprietária, a mudança acarretou na queda de 40% nas vendas, se comparadas a um ano atrás. “Os preços altos prejudicam os comerciantes e os clientes. O queijo, por exemplo, está R$ 27 o quilo. As vendas diminuíram nos últimos dois anos, 30% em razão da pandemia e 30% por conta da inflação”, calcula.

Há dois anos, Manoel Coutinho Junior, de 39 anos, proprietário da Chiparia das Bandeiras, na Avenida Salgado Filho, aumentou R$ 0,25. O comerciante explica que tem sido um desafio manter esse preço, e por isso já cogita aumentar para R$ 1,50. “Estamos segurando para manter o preço, pois a matéria prima, leite e queijo, estão muito caro. Estamos até cogitando a ideia de mudar para R$ 1,50 ainda este ano”, pontua.

Por conta do preço elevado, Manoel sentiu as vendas reduzirem aos poucos, mas para ele o que importa é manter um produto de qualidade para a freguesia. “Não deixamos tirar a qualidade do nosso produto pelos valores. A inflação prejudicou as vendas em 40% e, principalmente, os comerciantes que ainda tentam sobreviver do comércio”, lamenta.

Enquanto uns alteram e outros cogitam a ideia de aumentar o valor, Matheus Hattene Brito, 24 anos, já tem data marcada para mudança de preço da chiparia Capital, localizada na Rua Rui Barbosa. O produto, que é vendido a R$ 1,25 faz cinco meses, passará para R$ 1,50 daqui a 11 dias.

O proprietário do estabelecimento justifica a mudança como uma necessidade para não ter prejuízo em seu comércio. “Querendo ou não, todos são atingidos, é uma tristeza, mas preciso da recompensa por isso irei aumentar o preço da chipa. Os lucros estão cada vez diminuindo e os reajustes são para manter o comércio aberto”, argumenta.

Inflação

Segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de julho, o preço do leite longa vida subiu 17,12% em Campo Grande. No ano, o produto subiu 53%.

Com isso, consequentemente, os derivados do leite também registraram aumento, como o queijo que teve variação de 1,17% no mês e 6,19% no ano. Nos derivados gerais a alta acumulada no ano atingiu 33%, ao passo que só em julho o volume foi de 10,46%.

O ovo teve deflação em julho de 1,01%, já na variação do ano, o índice aponta aumento de 15,71%. A farinha de fécula, também conhecida como polvilho, matéria primordial para produção das chipas, teve aumento de 0,61% em julho. No ano, a variação foi de 17,36%.

Veja mais: Preço do leite sobe mais de 25% em julho

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