Casos de dengue na Capital reduzem quase 43% com utilização de método internacional

Divulgação/ Prefeitura
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Confirmações saíram de 12,7 mil para 7,2 mil

Os 32 milhões de mosquitos com a bactéria Wolbachia soltos em Campo Grande têm impactado significativamente na redução dos casos de dengue. Prova disso é que, no dia 2 de dezembro de 2020, os casos da doença somavam 12.736, ao passo que, em 5 de outubro deste ano, caíram para 7.268, ou seja, queda de 42,9%.

Em relação às mortes, se comparados os dois anos, o número continuou o mesmo na Capital, sete. Em contrapartida, o número de casos da chikungunya teve alta, saindo de 13 para 31 confirmações.

O projeto Wolbachia foi implantado em Campo Grande, em dezembro de 2020, por meio da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), juntamente com o World Mosquito Program (WMP/Brasil), iniciativa que, no Brasil, é conduzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e pelo Governo do Estado.

O método foi publicado na revista científica “The Lancet – Infectious Diseases”, por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. A “The Lancet” é uma das revistas científicas mais conceituadas do mundo.

“Ter o reconhecimento da ciência e do mundo científico pela respeitada revista ‘The Lancet’, com certeza fortalece as ações da Sesau, colocando- -a na vanguarda da ciência e serviço de referência em saúde para o nosso país e agora para o mundo todo. É um grande orgulho pessoal e a todos servidores da saúde do município de Campo Grande”, comentou o titular da Sesau, José Mauro Filho.

Implantação na Capital

Campo Grande é a única cidade que terá o método implantado em todo o seu território. No Brasil, o projeto está sendo implementado nas cidades de Niterói, Rio de Janeiro, Petrolina e Belo Horizonte.

No Rio de Janeiro, o resultado não tem sido diferente. Por lá, a liberação dos mosquitos resultou em uma redução de 38% na incidência de dengue e 10% de chikungunya.

Até dezembro de 2019, 29 meses após o início das liberações, a Wolbachia apresentou prevalência entre 27% e 60% na população de mosquitos analisada. Ao todo são seis fases de soltura em Campo Grande, que atualmente já se encontra na sua quinta fase de implementação. Serão 74 bairros contemplados nas sete regiões urbanas. Além disso, a Capital sul-mato-grossense é a primeira do mundo a envolver cerca de 3 mil alunos de 17 escolas municipais, com o projeto Wolbito em Casa.

De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Flávio Britto, o foco atual é expandir a iniciativa para outras cidades de Mato Grosso do Sul, que também sofrem com as doenças ligadas ao Aedes aegypti.

Histórico

A biofábrica de mosquitos com Wolbachia no Lacen-MS (Laboratório Central de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, está em funcionamento desde dezembro de 2020. Quando presente nos mosquitos Aedes aegypti, a bactéria Wolbachia impede que os vírus da dengue, da zika, da chikungunya e da febre amarela se desenvolvam dentro do inseto, contribuindo para a redução dessas doenças.

A previsão é de que o método Wolbachia seja implementado em toda a área urbana da Capital em cerca de três anos.

Dados no Estado

Conforme o último boletim epidemiológico, neste ano, em Mato Grosso do Sul, os casos confirmados de dengue somam 16.152, ao passo que no ano passado o total chegou a 40.023. Os casos prováveis chegam a 21.595, em 2022

Adolescentes devem começar a receber vacina de teste contra chikungunya

Campo Grande está participando de um estudo pioneiro, voltado para o desenvolvimento de uma vacina contra a chikungunya. O estudo é feito com adolescentes entre 12 e 17 anos no Hospital-Dia no Universitário. A primeira etapa da pesquisa já começou e, até o momento, já conta com dez voluntários e a expectativa é de que as vacinas comecem a ser aplicadas nesta semana.

De acordo com o pesquisador e infectologista Júlio Croda, nesta primeira fase o voluntário responde a um questionário e depois passa para a coleta dos exames. Somente depois do resultado desses exames, e estando em boas condições de saúde, é que o adolescente voluntário pode ser então vacinado.

“A vacina é um imunizante de vírus atenuado, simular a CoronaVac, por exemplo. A chikungunya é uma doença grave, mais do que a dengue, e com esse estudo saberemos se a vacina irá gerar resposta imunológica, ou seja, se irá produzir anticorpos contra a doença”, enfatizou.

Ainda segundo Croda, já nesta semana – se os exames tiverem resultados considerados normais – os adolescentes que se voluntariaram poderão receber o imunizante. Após a imunização, estes deverão ser acompanhados por um período de 12 meses, para que os efeitos sejam estudados.

O estudo é patrocinado pelo Instituto Butantan Brasil e, ao todo, dez centros de estudo do país estão participando da pesquisa, que tem como ideia recrutar 750 adolescentes voluntários.

Serviço:

Os jovens que quiserem participar do estudo podem entrar em contado pelo número (67) 99257-5021. É necessária a autorização dos pais ou responsáveis.

Por Brenda Leitte – Jornal O Estado do MS.

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