Caso de vaca louca pressiona preço da arroba do boi

Abate
Foto: Agência Brasil

Atualmente, arroba custa R$ 258,18

Após o caso confirmado de vaca louca no Pará, a tendência é de que o mercado se sinta pressionado para baixar o preço. Na cotação de ontem, no site da Famasul, a arroba do boi em Mato Grosso do Sul estava custando R$ 258,18 com Funrural.

Para o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Guilherme Bumlai, com a confirmação da doença, a arroba do boi pode ter uma queda parecida com a do ano passado.

“Com o exemplo do que aconteceu em 2021, quando outros casos atípicos de doença da ‘vaca louca’ fizeram a China suspender as exportações por três meses, os preços da arroba do boi gordo despencaram em todas as regiões produtivas. Em MS, em dois meses o valor da arroba caiu 43%. Esperamos que dessa vez o embargo chinês não perdure por tanto tempo.”

Indagado sobre a queda deste ano, Bumlai afirma que por enquanto ainda é cedo para fazer essa projeção. No entanto, o impacto negativo no mercado é fatal no Estado. “O mercado doméstico não tem capacidade para absorver esse aumento da oferta e as escalas dos frigoríficos vão se alongar e vai sobrar carne bovina na praça. Dessa forma, a tendência é mesmo de queda”, ressaltou.

O presidente explica ainda que é preciso mudar as regras do protocolo sanitário. “Não faz sentido que um caso detectado no Estado do Pará acabe provocando a suspensão das exportações de um país inteiro, que por sua vez goza de um status sanitário internacional invejável.”

De acordo com o coordenador técnico do Sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), André Luiz Nunes, a ocorrência espontânea e esporádica afeta os bovinos em decorrência da idade. “Essa forma da doença não possui poder de difusão e conforme as investigações nos casos mais recentes, não oferecem risco à saúde animal ou à saúde humana.”

“Vale lembrar que o Brasil é um país com classificação de risco insignificante para EEB. Em 2021, o Estado exportou apenas 20% do volume de carne bovina produzida de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda), sendo que do volume exportado, atingimos 57 países que foi – a China, Chile e a EUA, nossos principais compradores”, explicou.

O embargo sobre a carne bovina vai impactar o mercado local já que três importantes plantas frigoríficas de Mato Grosso do Sul exportam para a China: o Naturafrig (Rochedo); o FrigoSul (Aparecida do Taboado); e o Agroindustrial (Iguatemi).

Segundo o secretário da Semadesc, Jaime Verruck, mesmo sendo poucos frigoríficos no Estado, o embargo vai afetar os preços do boi gordo e consequentemente a renda dos produtores, já que a composição de preço do boi China tem um peso extremamente grande para o mercado. “A decisão cria um impacto de redução na demanda internacional por carne. Então sobrará mais produto no mercado interno. Com isso o preço tende a cair. E além disso a remuneração do mercado China é superior ao mercado local e de outras localidades. Então isso faz com que tenha uma queda na remuneração dos produtores do Mato Grosso do Sul”, destacou.

Descoberta

O caso foi confirmado pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) na noite de quarta-feira (22) em um macho, de 9 anos, em uma pequena propriedade no município de Marabá. O animal, criado em pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça incinerada no local.

Diante da situação, o Ministério da Agricultura e Pecuária informou que está adotando todas as providências governamentais para o mercado de carnes brasileiras.

Em nota, o Mapa relatou que “o animal, criado em pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça incinerada no local. O serviço veterinário oficial brasileiro está realizando a investigação epidemiológica que poderá ser continuada ou encerrada de acordo com o resultado”.

Por Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS

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