A Casa da Mulher Brasileira inaugurou, na tarde desta sexta-feira (31), o segundo Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) de Campo Grande de extrema importância para as vítimas de violência doméstica e abusos sexuais da Capital na questão de acesso.
De acordo com o diretor do novo Imol, Mauro Anchieta, a implantação do centro legista melhora principalmente na agilidade dos processos. “Sabemos que algumas vítimas têm coragem de irem até a delegacia, mas após ser atendida, no meio do caminho, pela distância, desestimulo do parceiro, ou outras razões, elas deixam de fazer o exame de corpo do delito.”
“O novo Imol evita um gasto para as vítimas. Assim que ela registrar a ocorrência, já será atendida, acolhida e terá o exame feito sem perder muito tempo. Isso facilita também o trabalho dos delegados, pois tendo a materialidade do crime, fica fácil o alongamento do inquérito policial.”
Por fim, o diretor adiantou que está em andamento um projeto para a criação em frente ao novo laboratório do Imol, uma estrutura onde crianças e adolescentes também serão atendidos, durante 24h por dia.
Ministra
Durante a inauguração, a Ministra da Mulher, Cida Medeiros avaliou que a abertura do 2º Imol é importante para a vida das mulheres. “Agora elas chegam na Casa da Mulher e encontram todos os serviços.”
Em entrevista, a ministra diz avaliar e estudar a implementação do Imol nas próximas 40 Casas da Mulher Brasileira, previstas para serem implantadas no Brasil durante o programa Mulher Sem Violência. “O Imol é um centro muito especializado, mas cada caso é um caso.”
Sobre uma 2ª Casa da Mulher Brasileira, a ministra disse que não discutiu sobre com o Governador Riedel (PSDB). Ambos participaram, na manhã desta sexta-feira, do “Encontro Estadual de Gestoras Somos e Somamos”, no Auditório do Bioparque Pantanal.
Na oportunidade, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), ampliou em 134% o número de projetos apoiados no edital “Mulheres na Ciência Sul-Mato-Grossense”, passando de 26 para 61 a quantidade de beneficiadas.
Com isso, os valores investidos também aumentam, somando R$ 5 milhões apenas em iniciativas lideradas por pesquisadoras.
Audiência Pública
Durante audiência pública na quinta-feira (30), a Delegada Titular da Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher), Elaine Benicase comemorou o feito e falou a respeito do trabalho da Polícia Civil de MS especializada no atendimento às mulheres nos últimos anos.
“O novo Imol é de extrema importância, estávamos carentes dessa unidade. As mulheres se viam com dificuldade em se dirigirem ao Imol do outro lado da cidade. Por conta disso perdíamos a prova material em alguns casos, não só nos crimes de lesões, mas também nos crimes de estupro. É a melhor notícia do ano, até agora”, diz.
Medidas protetivas e tornozeleiras eletrônicas
Ainda Conforme a delegada da Deam, a medida protetiva é a melhor ferramenta de combate contra a violência doméstica e o feminicídio. “Elas proporcionam maior proteção a vítima, na medida que o autor se sente muito mais aterrorizado a volta a rescindir o mesmo crime.”
“O nosso apelo constante é para que elas registrem a ocorrência e peça a medida protetiva. Em quase 90% dos feminicídios do Estado, as vítimas sequer possuíam registro de boletim de ocorrência. Ano passado foram mais de 7 mil medidas concedidas e tivemos 12 feminicídios”, lembra a delegada.
Sobre a tornozeleira, a delegada lembra a importância do instrumento para se evitar a reincidência desse autor. “A nossa dificuldade é das vítimas irem registrar ocorrência, porque só teremos uma tornozeleira se tiver b.o, a medida protetiva e o descumprimento da mesma. Há politicas publicas interessantes a fim de aprimorar as tornozeleiras eletrônicas.”
Por fim, Elaine pontuou que a Deam, junto com a rede de proteção da Casa da Mulher Brasileira, participa na construção e ministração de palestras constantes. “Quando a mulher se sente muito bem informada, ela se fortalece para ir até uma delegacia e registrar sua situação de violência”, conclui. Acesse também: Criança de 3 anos morre na Capital com suspeita de dengue hemorrágica
Com informações do repórter João Gabriel Vilalba
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