Carla Zambelli é presa na Itália após denúncia de deputado italiano

Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Deputada federal foi localizada em Roma; condenada no Brasil, ela estava foragida desde maio

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi presa na tarde desta terça-feira (29) em Roma, na Itália, segundo confirmaram fontes da Polícia Federal. Ela estava foragida desde maio, quando deixou o Brasil duas semanas após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão.

Zambelli foi localizada após o deputado italiano Angelo Bonelli denunciar o endereço onde ela estaria hospedada na capital italiana. “Carla Zambelli está em um apartamento em Roma. Dei o endereço à polícia, e a polícia já está identificando Zambelli”, publicou Bonelli na rede social X (antigo Twitter). Após a verificação, policiais confirmaram a presença da deputada no local e efetuaram a prisão.

A parlamentar havia sido incluída na lista de difusão vermelha da Interpol e já era considerada oficialmente foragida. Em entrevista logo após a fuga, ela admitiu que estava na Europa, mas evitou dizer em que país se encontrava.

A condenação

No fim de maio, a Primeira Turma do STF condenou Zambelli, por unanimidade, a 10 anos de prisão por ter planejado e participado da invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2023.

De acordo com a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), a deputada foi a articuladora do crime e teria contratado o hacker Walter Delgatti Neto para executar a ação. O objetivo seria inserir um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, além de produzir documentos adulterados que pudessem desestabilizar o funcionamento do Judiciário.

A PGR associou o episódio à tentativa de incitação de atos antidemocráticos e afirmou que os crimes foram cometidos para gerar “vantagem midiática e política”, além de tentar afetar a credibilidade institucional do Judiciário.

Todos os ministros da turma seguiram o voto do relator, Alexandre de Moraes, que considerou Zambelli e Delgatti culpados pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.

Outro processo no STF

Zambelli ainda responde a um segundo processo criminal no Supremo, relacionado a um episódio ocorrido em outubro de 2022, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais. Na ocasião, ela sacou uma arma e perseguiu o jornalista Luan Araújo pelas ruas do bairro dos Jardins, em São Paulo, após uma discussão durante um ato político.

O STF já formou maioria para condená-la também nesse caso: o placar está em 6 votos a 0 pela pena de 5 anos e 3 meses de prisão em regime semiaberto. O julgamento foi interrompido por um pedido de vista do ministro Nunes Marques.

Próximos passos

Com a prisão na Itália, o caso agora depende da articulação entre os governos brasileiro e italiano. Como Zambelli possui cidadania italiana, há obstáculos legais à extradição, mas a inclusão dela na lista da Interpol indica que há bases jurídicas para negociação diplomática.

O Itamaraty ainda não se pronunciou oficialmente. A expectativa é que a Procuradoria-Geral da República e o Supremo sejam acionados para tratar do pedido de extradição ou de eventual cumprimento da pena em território europeu.

 

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