Chefe de imunização afirma que falta de conhecimento sobre doenças pode influenciar na baixa adesão
Campanhas de vacinação estão precisando ser prorrogadas constantemente em Campo Grande, e o motivo é a falta de adesão principalmente em crianças de até um ano de idade. As campanhas estão sendo estendidas por pelo menos 60 dias e isso costuma acontecer todos os anos.
De acordo com a SESAU (Secretária Municipal de Saúde), a vacina contra a Poliomielite, por exemplo, está com uma cobertura de 67,11% neste ano. Nos anos anteriores, a vacina VIP apresentava uma cobertura de 85,95%, 85,7%, 84,6%, 82,7%, 78,27% nos anos de 2017, 2018, 2019, 2020 e 2021, respectivamente.
Outra campanha que também não conseguiu adesão completa foi a da gripe, que protege contra a H1N1, H2N3 e Influenza B, que atingiu apenas 43,45%, onde o público estimado é de 190 mil pessoas. A vacinação contra a febre amarela, que, por Mato Grosso do Sul estar em área endêmica da doença, há a preconização de cobertura de 100% do público, contudo, desde 2017, a cobertura reavaliado entre 85,95% e 78,27%. Neste ano, a cobertura parcial deste imunizante está em 66,61%.
Outra vacina que é notória a queda da cobertura, é a BCG, normalmente aplicada ainda na maternidade e que tem uma cobertura que normalmente é maior que 100%, apresenta uma cobertura parcial neste momento é de 89,15%. Assim como a tríplice viral, que em 2021 teve cobertura de 105,57% em decorrência de campanha de vacinação ocorrida no ano passado, apresenta uma parcial de 82,24% em 2022.
A equipe do O Estado conversou com o chefe de imunização da SESAU, Evandro Ramos. Ele explica que existe uma priorização dessa verificação de cobertura vacinal, em relação a toda uma população, pois os fatores costumam ser diversos. Existem situações que são mais comuns, como por exemplo, o homem que não vai mais atualizar a caderneta de vacina, idoso que não vai tomar vacina, então é muito variável isso.
“A gente sempre monitora mais alguns casos específicos, que é, por exemplo, menores de um ano, até porque se trata de uma população mais fragilizada e vulnerável se a gente parar pra observar porque não tem imunidade, não desenvolveu ainda fatores de proteção, então trazer proteção pra elas com as vacinas é bastante importante pro desenvolvimento dela como por exemplo da poliomielite. São três doses que a criança toma mais dois reforços. Até ela completar cinco anos de idade. Então tomou cinco doses dessa vacina pra gerar proteção pra ela contra a poliomielite. A paralisia infantil por exemplo”, explicou Evandro.
Ramos aponta ainda que desde o ano de 2015, estão havendo esses decréscimos nas coberturas vacinais, tanto de menores de um ano quanto a outras populações [adulto, idosos, gestantes, entre outros]. Mas essa não é uma realidade só de Campo Grande, é geral, em todo o Brasil.
“Tem outros municípios e capitais que os índices estão piores. Acreditamos que uma das causas seja de fato o desconhecimento mesmo da importância da vacina, desconhecimento talvez que o posto de saúde que está ali na frente de casa, oferece uma proteção contra uma doença que a pessoa às vezes não tem ideia do que é. O Estatuto da Criança deixa bem claro que a caderneta dessas crianças tem que estar atualizada, e é de responsabilidade dos pais garantir essa proteção a saúde. A única forma de proteger é assim, nós não vivemos numa bolha”, afirmou Ramos.
Estado
Para o secretário estadual de Saúde, Flávio Britto, é inadmissível que a cobertura vacinal, principalmente o da vacina contra a poliomielite, esteja a baixo do indicado pelo Ministério da Saúde, pois essa doença está erradicada há 30 anos e existe uma forma de prevenção de maneira gratuita disponível nos postos de saúde.
“Acaba sendo até uma vergonha para a população, uma doença como essa que causa paralisia infantil, podendo voltar a acontecer simplesmente pela falta da vacina ou melhor, pela falta de levar as crianças para tomar a vacina, não tem justificativa”, finaliza.
Por Camila Farias – Jornal O Estado de MS.
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