Gestor-adjunto da Funsat destaca a nova política do órgão, para encorajamento de trabalhadores em alavanca social
Diversos cursos profissionalizantes gratuitos ofertados regularmente por uma escola, na Funsat (Fundação Social do Trabalho), que ainda precisam ser mais conhecidos pelo público, bem como um universo de mais de mil vagas, que não dão conta de serem preenchidas todas as semanas. Um desafio para a dupla que comanda o órgão e faz parte do “núcleo duro” da prefeita Adriane Lopes (Patriota), Paulo Silva, diretor-presidente e o seu adjunto, João Henrique de Lima Bezerra, que, há poucos anos, era atendente na pasta.
Filho do taxista Disvaldo Bezerra, o Espetinho, que hoje é nome de praça nas Moreninhas, JH Bezerra traz, na gestão pública, algo além da liderança comunitária, que consagrou o pai. Influenciado também pela mãe, que é professora, tem sido, nos últimos anos, proeminente, no que diz respeito a inovar. Nem tanto apenas pela graduação nessa área, incrementada depois por pós-graduação em Suas (Sistema Único de Assistência Social), ou o MBA em Cidades Inteligentes mas, principalmente, pela forma de influenciar.
Prova disso foi a revolução que implantou na unidade do Cras (Centro de Referência em Assistência Social) das Moreninhas, em pouco mais de um ano, quando foi chefe por lá. Repaginando aspectos do ambiente, incluindo reformas que estavam por décadas atrasadas, e também sendo decisivo em melhorar a vida de, pelo menos, 30 mil famílias da região. Mas, qual seria o segredo de um trabalho tão fora da curva? Conhecendo a história de JH, não há nenhum mistério nisso, para quem já foi empacotador, depois se tornou gerente na iniciativa privada, ou do balcão de atendimento ao público e que ousou sonhar com uma Funsat mais inclusiva.
O Estado – O senhor já foi atendente da Funsat, como foi voltar, agora, para ajudar na gestão da pasta?
JH Bezerra – Entrei na Funsat em 2017, como secretário da Escola de Educação Profissional, passei depois pelo setor do Proinc e, em 2021, fui também atendente na agência. Experiências valiosas antes de, mais tarde, assumir a coordenação do Cras das Moreninhas, onde, em um ano e dois meses, pude realizar, com uma equipe maravilhosa, um trabalho intenso de revitalização do lugar. Não apenas quanto a mudanças no espaço físico, mas na própria ocupação da comunidade, quanto a esse dispositivo. Foi, com certeza, o trabalho que me aproximou da prefeita Adriane Lopes, ainda vice, na época, e que me fez, em 2022, o convite para ser adjunto na Funsat. Assumi com a missão de ajudar a pasta a ser mais inclusiva e mostrar à população que podemos ser a “Capital das Oportunidades”.
O Estado – Todos os dias são mais de mil vagas anunciadas. O que explica a repetição desse volume?
JH Bezerra – Diz respeito ao mercado e a toda a retomada da economia, às necessidades das empresas por mão de obra e também ao perfil do trabalhador, frente a esse cenário. A Funsat, que atua nessa intermediação, sabe o quanto o aspecto da capacitação pesa, para o encaminhamento. A demanda é por pessoas que sejam qualificadas para as funções, ou que possam, após serem treinadas, preencher a expectativa das organizações. Essa sobra de vagas, todos os dias, tem também muito a ver com os candidatos e temos nos esforçado, com os empregadores, para o aumento das vagas que não exigem experiência prévia. Ou seja, que, neste caso, é a empresa que treina e hoje são pelo menos seis a cada dez vagas ofertadas na fundação com esse perfil.
O Estado – O que fazer com essas pessoas que não passam no crivo do mercado, apesar de mais da metade das vagas disponíveis não ter exigência prévia de experiência?
JH Bezerra – Nos nossos cursos e palestras, promovidos em ações da Escola Profissionalizante da Funsat, temos enfatizado mais a questão comportamental do candidato. Encorajamos o trabalhador a acreditar no seu valor de excelência, mostrando sempre que, com uma atitude mais positiva se abrirá mais portas na vida. A qualificação e aceitar desafios é fundamental. Muitas vezes, uma vaga não é preenchida pelo fato de a pessoa não querer trabalhar aos finais de semana, devido também a não concordar com o turno da operação, ou pela insistência em atuar apenas naquilo que já trabalhou, anteriormente. A capacitação ajuda a tornar o cidadão mais competitivo no mercado e preparado, mentalmente, para uma melhor empregabilidade.
O Estado – Quais os setores da economia que mais recrutam, no órgão?
JH Bezerra – O setor de serviços, tendo como destaques o comércio e a construção civil. São, consideravelmente, os que mais abrem vagas, muito por conta da rotatividade.
O Estado – Como fazer para que a empregabilidade seja mais efetiva em Campo Grande, uma vez que a prefeita projeta a cidade para ser uma “Capital das Oportunidades”?
JH Bezerra – Vale reforçar que a empregabilidade nunca foi tão levada a sério, na Prefeitura de Campo Grande. O nosso diretor-presidente, Paulo Silva, tem uma definição bem clara da linha estratégica, nesse momento da Funsat, que é: o trabalho dignifica a pessoa e a capacitação dignifica o encaminhamento. O órgão, diferente do que muitos pensam, não é só um mural de vagas ou o lugar para cadastros do Proinc. Somos um órgão público voltado ao encaminhamento de pessoas e, hoje, dedicamos um cuidado especial para que o público esteja preparado, no mercado.
O Estado – Parte do público de alta vulnerabilidade de Campo Grande é encaminhado para a Funsat, seja a partir de atendimentos da Casa da Mulher Brasileira, instituições que atuam reeducando ou com trabalho assistencial a migrantes. Como fazer para que seja dada uma atenção específica a esses públicos, mais fragilizados socialmente?
JH Bezerra – Somos a “Capital das Oportunidades” e não é apenas uma ideia, mas uma realidade. O próprio Caged mostra isso, entretanto, tem que ser um lugar de oportunidade a todos e todas, principalmente aos que mais precisam. Nós, hoje, cuidamos das pessoas. Para isso, temos, inclusive, um programa de atendimento chamado, na agência, de “Braços Abertos” e mais do que atender, queremos acolher quem vier, seja para o encaminhamento a um curso profissionalizante, a um cadastro no Proinc, quando é aberto o edital, ou para uma entrevista de emprego. Queremos atuar na alavanca social do nosso público, missão que já começa no bom atendimento.
O Estado – Tem sido comum, nos últimos anos, ações da Funsat fora das suas dependências. Como isso funciona e qual a razão dessas iniciativas? São ações que aumentam o custo operacional da pasta?
JH Bezerra – Não aumenta o custo. Tem muitas pessoas que precisam da Funsat e não conseguem chegar até o nosso prédio, então acaba sendo estratégico essas ações itinerantes, da pasta.
O Estado – Com a sua nomeação na pasta, e do Paulo Silva, para diretor-presidente, Gestor-adjunto da Funsat destaca a nova política do órgão, para encorajamento de trabalhadores em alavanca social foi extinto o projeto “Estação Mais Emprego” e criado o “Feirão de Oportunidades”. Qual o motivo e qual a diferença entre as iniciativas?
JH Bezerra – O programa anterior era muito bom também, para o incentivo às contratações imediatas, como acontece também no “Feirão”. Porém, um estudo técnico da pasta identificou que o “Estação” teve, por consequência indireta, reduzir a visitação do público na sede da Funsat, o que também ocorreu com as empresas. Por isso, a mudança de formato e um novo projeto, que é realizado no nosso endereço. Outro fator que também foi um marco foi conseguirmos a linha de ônibus especial para atender aos usuários da fundação. Um incremento que só veio devido ao “Feirão”.
O Estado – Denúncia protocolada no Ministério Público Estadual, já instaurada como procedimento preparatório, indica a apuração de eventual desvio de finalidade, no Proinc. Como fazer para que programas da pasta, encaminhamentos para vagas de emprego ou até matrículas de cursos não tenham propósito político e pré-eleitoral?
JH Bezerra – Com a nova lei do programa, que existe para ser “Assistencial de Inclusão Profissional”, durante nossa gestão, na Funsat, tem havido maior critério para a seleção dos beneficiários. Uma determinação, que veio da prefeita Adriane Lopes. Cada edital para cadastro reserva é publicado no Diogrande, assim como é dada toda a transparência dos nomes selecionados, em cada convocação. E não há qualquer critério político no encaminhamento de beneficiário ou no seu acolhimento. Vale esse rigor para o Proinc e para tudo, na Funsat. Em qualquer coisa fora desse tipo de diretriz, tomaremos providências.
O Estado – Quanto à recepção da Funsat, não se exige o agendamento ao público, entretanto, para a Escola de Educação Profissional da fundação há uma burocracia maior para as inscrições. Por quê?
JH Bezerra – Cada curso tem os seus pré-requisitos, como, por exemplo, a exigência da pessoa ter concluído o ensino fundamental, outros, que esteja cursando o ensino médio ou o tenha concluído. Temos, por semestre, dezenas de opções, que atendem ao público em geral, que esteja apto para a capacitação e também alguns disponíveis para beneficiários do Proinc.
O Estado – Outras pastas da Prefeitura de Campo Grande também oferecem cursos profissionalizantes. Qual o diferencial dos cursos da Funsat?
JH Bezerra – Nossa Escola de Educação Profissional é credenciada pelo Ministério da Educação, que conta com o código do Inep e faz parte do Censo Escolar do Conselho Estadual de Educação. São cursos técnicos com know-how, que são abertos regularmente, de acordo com a demanda por capacitação do mercado, identificado quanto a necessidades apresentadas pelo público, que frequenta a nossa agência e também influenciado pelos pré- -requisitos de vagas ofertadas.
O Estado – Qual a ligação do Proinc com a escola? Quanto é a influência de encaminhamentos do programa para o mercado, após a qualificação do departamento? Quantas pessoas são, por ano, beneficiários do Proinc? E qual percentual delas vai para o mercado com encaminhamento, antes de se encerrar o prazo?
JH Bezerra – Para fazer parte do Proinc é necessário que o beneficiário tenha ficado, pelo menos, 12 meses sem carteira assinada e que esteja regularizado no seu Cadastro Único. Dentro do programa, além da inclusão profissional em alguma atividade na Prefeitura de Campo Grande, precisamos prepará-lo para o mercado, para que, após essa experiência, a pessoa possa desenvolver melhor a sua empregabilidade. E não há outro caminho, senão o da capacitação constante. Tanto eu, quanto o nosso diretor-presidente, sempre vamos nas aberturas de cursos, ou palestras da Escola, e lembramos o valor do conhecimento para um futuro melhor. Sou a prova disso, sempre acreditei que teria uma chance e foquei em constantemente aprender mais, o que definiu meu crescimento.
Por Bruno Arce – Jornal O Estado do MS.
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