Caminhoneiros ameaçam nova paralisação

Paralisação
Foto: Cido Costa

A BR-163, em Dourados, foi bloqueada por manifestantes

A ameaça de uma nova paralisação de caminhoneiros voltou à tona. Na tarde de sexta-feira (18), algumas rodovias federais pelo Brasil, incluindo Mato Grosso do Sul, voltaram a ser bloqueadas. Em Dourados, um grupo de manifestantes obstruiu um trecho da Avenida Hayel Bon Faker com a BR-163, trecho conhecido como Trevo da Bandeira, onde queimaram pneus, deixando o trânsito lento por volta de 12h30. O Corpo de Bombeiros foi acionado, juntamente com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), que liberou o local.

Durante o bloqueio de pneus, um veículo de modelo Uno cruzou a barricada que estava em chamas. O fogo se espalhou pelo carro que acabou consumido. O motorista saiu antes de as chamas se alastrarem.

Conforme informações da PRF (Polícia Rodoviária Federal de Mato Grosso do Sul), até as 17h30, não havia bloqueio em rodovias federais do Estado. De acordo com o coronel Wilmar, porta-voz da PRE (Polícia Rodoviária Estadual), as rodovias estaduais também não estavam obstruídas. Já no Brasil, até o mesmo horário, quatro rodovias ainda estavam bloqueadas: Porto Velho (RO); Presidente Médici (RO); Caruaru (PE) e Lucas do Rio Verde (MT).

O retorno dos bloqueios não se deve apenas pela opinião contrária às eleições mas também às multas recebidas e à decisão, no último sábado (12), do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que mandou bloquear contas bancárias ligadas a 43 pessoas e empresas suspeitas de envolvimento com os atos.

Setores

Diante da situação, a Amas (Associação Sul-Mato- -Grossense de Supermercados) teme um novo desabastecimento para o setor. O presidente Denyson Prado destacou que a instituição faz o acompanhamento dos desdobramentos das circunstâncias do momento. “O setor depende dos caminhoneiros para trazerem a mercadoria para os supermercados, para as lojas, para o Ceasa, então temos receio de que afete o abastecimento”, disse.

Explanando sua opinião quanto às manifestações e paralisações, o representante ressalta que o setor não concorda, porém respeita as ações.

“Entendemos que é um direito deles se manifestarem sobre o que acham certo, mas para os supermercados não é bom e realmente há um risco dessa paralisação afetar os produtos que chegam às lojas, primeiramente a parte de FLV (frutas, legumes e verduras)”, completa.

O diretor de abastecimento da Ceasa (Centrais de Abastecimento de Mato Grosso do Sul), Fernando Begena, comentou que no local, o fluxo segue normal. “Apesar de haver uma conversa sobre essa situação, ainda não constatamos nenhuma movimentação atípica. Aqui na Ceasa o fluxo de caminhões segue normal”, ressalta.

Ele ainda explicou que as atividades são realizadas sempre mantendo estoque e sobra de mercadorias, sendo assim, para ele, não existe motivo para pânico ou preocupação. Contudo, Begena salienta que, caso uma greve se consolide, o tempo será o fator determinante.

“Tudo depende do tempo em que situações como essa se prolonguem. Só assim para saber se isso representará um risco”, afirma.

No início deste mês, os episódios de bloqueios que se espalharam por diversos pontos do Estado acabaram afetando a distribuição de alimentos, já que as mercadorias foram impedidas de chegar à Ceasa.

Como consequência, diversos produtos sofreram com a alta de preços, como foi o caso da batata, situação que refletiu a diminuição da oferta, passando de R$ 110 para R$ 180 o saco de 25 kg, representando um aumento de 70%.

Em contrapartida, no setor de combustíveis, o Sinpetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo) acredita que não existe perigo para o momento. “Existem muitas especulações e as rodovias de Mato Grosso do Sul estão livres, até o presente momento, não se fazendo necessário alertas de desabastecimento do produto”, disse o presidente, Edson Lazarotto.

Histórico

Desde o dia 30 de outubro, segundo turno das eleições de 2022, apoiadores de Bolsonaro começaram a bloquear rodovias com pneus queimados, como forma de protesto contra o resultado das urnas. Na época, eles pediam a recontagem dos votos, acreditando que houve fraude. Desde então, ocorreram várias confusões. No dia 31 de outubro, a Justiça determinou a liberação das rodovias, sob multa diária de R$ 10.000,00 por pessoa física participante e de R$ 100.000,00 por pessoa jurídica. Mesmo assim alguns insistiam em continuar. No Estado foram autuadas mais de 3 mil pessoas.

No outro dia, 1° de novembro, voltaram a atear fogo em pneus para interditarem as estradas. Com isso, a PRF-MS (Polícia Rodoviária Federal em Mato Grosso do Sul) usou bombas de efeito moral para acabar com o protesto na BR-163, saída para Cuiabá, em Campo Grande. Em uma das interdições na BR-060, em Sidrolândia, o condutor de um HB20 foi preso pela PRF após tentar furar o bloqueio e ir para cima dos manifestantes que estavam por lá. No mesmo momento, ele mesmo atirou três vezes para o alto.

Depois disso, os caminhoneiros começaram a se concentrar no CMO (Comando Militar do Oeste), outro ponto de manifestação. Por lá, as pessoas estão acampadas no canteiro central, com bandeiras do Brasil, trio elétrico e caminhões. Faixas da Avenida Duque de Caxias ficaram obstruídas.

A Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) informou que essas pessoas vão responder por infração de trânsito. “Os órgãos de trânsito já estão aplicando as multas, por isso e por estacionamento irregular”, diz nota enviada.

“Os veículos foram identificados por placas, modelos e logos das empresas e de seus proprietários cadastrados junto ao Detran-MS.”

Por Evelyn Thamaris – Jornal O Estado de MS.

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