Calor extremo provoca a queda gradativa no nível dos rios de MS

nível do rio
Foto: Leonardo Cabral

Imasul amplia o monitoramento e já colocou três rios em alerta: Aporé, Dourados e Piquiri

A alta temperatura e a estiagem estão causando alguns transtornos, problemas de saúde e tem impactado, também, no meio ambiente de Mato Grosso do Sul, reduzindo o nível dos rios. Na tarde de ontem (26), o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) confirmou que três cidades do Estado tiveram as maiores temperaturas, sendo: Porto Murtinho (42,6ºC), Água Clara (41,9ºC) e Três Lagoas (41,1ºC). Além disso, Rio Brilhante obteve a segunda menor taxa de umidade relativa do ar com 11%.

De acordo com o Grupo FV Cereais, que possui um terminal Portuário em Porto Murtinho (MS), com a falta de chuva e o calor extremo, o rio está baixando gradativamente, uma média de três centímetros ao dia. Ainda não afetou a navegabilidade, mas poderá acontecer.

Situação semelhante também foi identificada pela Sala de Situação do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), desde a última segunda-feira (25), quando três rios foram colocados em alerta para estiagem, sendo eles: Aporé, Dourados e Piquiri. A Sala de Situação monitora a vazão e o volume de água dos rios, com o objetivo de prever a ocorrência de eventos críticos, como severas secas ou grandes inundações, permitindo a adoção de medidas para minimizar os efeitos desse eventos.

Atualmente, o Estado conta com uma rede de 14 estações telemétricas, distribuídas nos rios Piquiri, Cuiabá, Paraguai, Miranda, Aquidauana, Taquari, Pardo, Aporé e Dourados. Os dados de chuva e nível dos rios são coletados, em tempo real, com a utilização de PCDs (Plataformas de Coleta de Dados) e transmissão via satélite, informando, a cada hora, o nível do rio em cm e quanto choveu em mm.

Mesmo com a queda gradativa do nível de diversos rios, o Imasul pontua que a situação deve ser revertida, em breve. “A tendência é que com a volta do período chuvoso, os rios comecem a subir”, disse Leonardo Sampaio, gerente de Recursos Hídricos do Imasul.

Diante da necessidade de controle constante, Sampaio adiantou, para a equipe do jornal O Estado, que esse trabalho de monitoramento dos rios será ampliado.“Estamos trabalhando para ter mais estações de tempo real. Instalaremos mais 6 plataformas de telemetria até o final do ano”, contou.

De acordo com o IHP (Instituto Homem Pantaneiro), no rio Aquidauana não há registro de chuva nos últimos 6 dias, o mesmo ocorre com o rio Miranda. Dados da Sala de Situação do Imasul, de 26 de setembro, apontam para a situação de estiagem no rio Aquidauana, com 1,98 m de nível, quando o nível padrão considerado de estiagem é de 2,00 m. O rio Miranda está com 1,93 m, quando o padrão considerado de estiagem é abaixo de 1,23 m. O rio Paraguai, em Ladário, está com 3,03 m, e a estiagem é a partir de 52 cm. Porém, o rio segue tendência de redução para os próximos meses.

“De acordo com o último boletim mensal, divulgado pelo Imasul, as cotas do rio Paraguai, na régua de Ladário, encontram-se em alerta, embora dentro da faixa de normalidade esperada para a época, pois estamos no período seco. A tendência, daqui para a frente, é que o nível dos rios baixe cada vez mais, até que as chuvas voltem às regiões das cabeceiras. No entanto, as altas temperaturas favorecem maiores taxas de evaporação das águas superficiais, inclusive aumentando a temperatura dos corpos d’água mais rasos. Isso pode trazer impactos tanto para a fauna quanto para a flora. O IHP está com monitoramento ambiental, com o programa Cabeceiras do Pantanal em rios como Aquidauana, Miranda e outros tributários, para avaliar essas condições. Uma outra equipe também monitora o rio Paraguai, para avaliar essas condições. As equipes estão em campo nesta semana, inclusive”, explica Grasiela Porfírio, consultora técnica no IHP.

Prognóstico para os próximos dias 

Conforme o Cemtec, entre hoje (27) e amanhã (28), um bloqueio atmosférico deve ser “quebrado”, devido ao avanço de uma frente fria oceânica, que favorecerá a queda das temperaturas. As temperaturas mínimas oscilam entre 13- 16°C, principalmente na região sul do Estado. Em relação à previsão de chuvas, não se descartam chuvas e tempestades acompanhadas de raios e rajadas de vento. São previstas temperaturas mínimas entre 13-18°C e máximas de até 33°C, nas regiões sul e leste do Estado. Para as regiões pantaneira e sudoeste, temperaturas mínimas entre 17- 21°C e máximas de até 32°C. Nas regiões norte e Bolsão seguem previstos altos valores de temperatura, com mínimas entre 22-26°C e máximas de até 40°C. Em Campo Grande, mínimas entre 16- 21°C e máximas de até 32°C. Os ventos atuam do quadrante sul com valores entre 40-60 km/h e, pontualmente, podem ocorrer rajadas de vento com valores acima de 60km/h.

‘O pior está por vir’ 

O meteorologista Natálio Abrão Filho utilizou a tribuna, na sessão de ontem (26), para alertar a população sobre as condições extremas do clima nos próximos dias, em Campo Grande. Segundo ele, o calor deve aumentar e bater recordes de temperatura durante o mês de outubro.

“O Estado e a Capital estão com as temperaturas muito acima das médias históricas dos últimos anos. E essas temperaturas são os limites. Mas, acreditem: o pior está por vir. Os modelos que encontramos para Mato Grosso do Sul e para Campo Grande não indicam condições favoráveis que permitam que a população tenha condições agradáveis, nesses valores que virão”, alertou.

Campo Grande e Mato Grosso do Sul têm enfrentado uma onda de calor nos últimos dias. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as cidades do Estado permanecem entre as mais quentes e secas do Brasil. Além disso, a umidade relativa do ar também despencou e atingiu 9% em Rio Brilhante – o ideal, recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), é 60%.

“Ontem, temperaturas máximas chegam a 37 graus em Campo Grande. Há cidades ultrapassando os 43 graus. Em Três Lagoas, a sensação térmica foi de 47 graus. Do dia 10 até 21 de outubro, esses valores serão ultrapassados. Fica o alerta, principalmente para Campo Grande. Entre esses dias, a temperatura média é de 42 graus, com sensação térmica de 48”, alertou o meteorologista, que esteve na Câmara a convite do vereador Zé da Farmácia.

Por Daniela Lacerda – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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