Braga Netto: “Eu não mudaria os meus valores por causa de poder”

Foto: Valentin Manieri/O Estado de MS
Foto: Valentin Manieri/O Estado de MS

[Texto: Por Bruno Arce com Rafaela Alves, Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul]

Vice de Bolsonaro se apresenta diferente do Alckmin, que antes criticava Lula e hoje posa de bom companheiro

Candidato a vice-presidente, o general Walter Braga Netto (PL) apresenta discurso afinado com o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre Deus, família, liberdade e pátria. A ascensão política que atravessa – em 2010 era chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Oeste em Campo Grande e hoje é coordenador de campanha e braço direito de Bolsonaro – não o fez mudar seus valores.

Braga Netto diz que do outro lado está o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) como vice de Lula (PT), que hoje posa de aliado e bom companheiro, mas há quatro anos dizia no programa eleitoral que o “PT quer voltar à cena do crime”, se referindo aos escândalos de corrupção petista.

“Eu não gosto de falar do Alckmin, mas eu não mudaria os meus valores por causa do poder. Não faz parte da minha índole. Simplesmente para poder ter uma ascensão política abandonar tudo que eu falei tempos atrás e mudar de lado. Isso jamais faria”, pontuou.

Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado, Braga Netto evitou falar sobre adversários, mas sim apresentar o programa de governo de Jair Bolsonaro, que está relacionado a empreendedorismo, tecnologias, oportunidade de criação de empregos e apoio ao agronegócio.

Braga Netto diz que tanto os eleitores sul-mato-grossenses são importantes que veio a Campo Grande conversar com lideranças políticas e empresários, como também estar em contato com o povo. A ida ao Mercadão Municipal e a caminhada na Rua 14 Julho, na última quarta-feira (21), ocorreram livremente, sem a presença de seguranças, mas cercado por aliados e simpatizantes.

“As minhas agendas de campanha têm o intuito de ouvir as necessidades. É diferente o Braga Netto na cidade do que Jair Bolsonaro. O presidente ele arrasta uma multidão e tem mais aquele contato com o povo de maneira geral. E eu fico com a responsabilidade de falar com as lideranças e os setores, e de levar a eles as notícias positivas do governo que geralmente a imprensa evita falar”, diz.

Braga Netto cita que a diferença entre os planos de governo de Jair Bolsonaro e os de Lula está em uma economia liberal. “Um quer estatizar, o outro quer, exatamente, a liberdade econômica. E na nossa visão quem gera emprego não é o governo, não é o Estado, a nossa função é regular e não atrapalhar quem quer investir porque quem gera emprego é o empresário, é todo mundo. O Estado só gera emprego quando ele abre um concurso público, mas o concurso público não gera riqueza”, afirmou.

Braga Netto se apresenta como pessoa nova na política. Tem a experiência de ter assumido dois ministérios, da Casa Civil e da Defesa. E de ter ocupado cargos importantes no Exército Brasileiro, como o de chefe do Estado-Maior do CMO (Comando Militar do Oeste), em Campo Grande, no ano de 2010.

O Estado: O senhor foi chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Oeste em Campo Grande no ano de 2010. Como entrou na política e o convite para ser o vice do Bolsonaro?

Braga Netto: Eu não imaginava nem ser ministro da Casa Civil. Ao chegar ao ministério notei que exerceria a mesma função do Estado-Maior das forças militares. A coordenação dos ministérios se faz na conversa, na escuta e com equilíbrio, pois há ministérios que têm sobreposição de assuntos, não é de função, é de assuntos, por exemplo, o Ministério da Mulher, mas tem o da Cidadania e os dois trabalham sobre políticas para mulheres, e de repente aparecem planos parecidos e a função do chefe da Casa Civil é de coordenar para tentar sinergir ao governo.

O tempo que fiquei como ministro foi muito gratificante porque eu aprendi como funciona a Esplanada e depois fui convidado para estar no Ministério da Defesa. Eu realmente não esperava o presidente Jair Bolsonaro me convidar para ser vice-presidente. Nós encaramos como uma missão de poder ajudar o país. Vejo que as questões de valores estavam sendo perdidas no país, por exemplo: da família.

Eu não desejo que as nossas netas entrem no mesmo banheiro que um homem, cada um tem de ter o seu lugar, a família tem de ser preservada, respeito aos pais, aos avós e tudo mais. Além dos valores da pátria e da bandeira. O pessoal tenta falar que a bandeira brasileira está sendo usada politicamente. É mentira, está sendo usada como símbolo da pátria.

O Estado: Além de ser vice, o candidato ocupa a função de chefe de campanha ao lado do filho Flávio Bolsonaro e do deputado Ciro Nogueira (PP). Qual o seu papel nesta campanha? E o que Bolsonaro está trazendo para eventual segundo mandato?

Braga Netto: Por eu ser um gestor por natureza, me encarreguei mais de fazer a gestão. De ouvir as propostas que são apresentadas durante as agendas do presidente e estudar a visibilidade das demandas. Em tudo é feito um estudo e entregue ao Flávio [Bolsonaro] e aos demais que cuidam dessa parte de execução e projetos para o país.

Não sou eu exatamente que fiz o plano de governo, ajudei a coordenar. Na realidade, o que se faz é uma diretriz, porque nesse nível de planejamento não se faz plano, se faz diretriz ou intenção, mas a lei chama de plano. Então, se ouvem todos os ministérios, se ouvem as federações das indústrias, levanta-se os gargalos que o país tem, aquilo que não foi cumprido, que não conseguiu se fazer nos últimos quatro anos, o que precisa melhorar na administração.

O Estado: Qual a diferença do modelo econômico do Bolsonaro com esse que a esquerda está apresentando?

Braga Netto: Na minha visão são totalmente opostos. O modelo de governo do Bolsonaro, primeiro, está focado no empreendedorismo, nas startups e na oportunidade de criação de empregos. O sucesso de oferecer à população mais vulnerável um programa social, que atende a maior quantidade de pessoas e em que consegue ela entrar e ajuda a sair do plano tendo mais dignidade.

O atual governo foca na questão do livre mercado e incentiva o empreendorismo. Foi na gestão de Bolsonaro que se fez a lei da liberdade econômica; é a maior quantidade de empresas abertas. Em 2015, levava 144 dias para abrir uma empresa, hoje, a meta do governo é chegar a 24 horas no fim do ano. A pandemia nos trouxe desafios a este ponto, nos forçou a achar os “invisíveis” e identificar os que mais necessitam de apoio.

Quem antes não tinha sequer uma conta no banco, hoje tem uma conta e agora pode receber, por exemplo, um Pix. Esta transação ajuda muito um vendedor de salgados na praia e um vendedor de picolés de rua. A diferença básica é essa, enquanto um quer estatizar, o outro quer, exatamente, a liberdade econômica. E na nossa visão quem gera emprego não é o governo, não é o Estado, a nossa função é regular e não atrapalhar quem quer investir porque quem gera emprego é o empresário, é todo mundo. O Estado só gera emprego quando ele abre um concurso público, mas o concurso público não gera riqueza.

O Estado: Mato Grosso do Sul é potência no agro e com enorme oportunidade de crescimento. O presidente citou no discurso na ONU que o agronegócio é “um orgulho da nação”. O setor continuará sendo uma prioridade no próximo governo?

Braga Netto: Quando se começa a ver as necessidades do agronegócio e o que tem a melhorar foi preciso reunir os ministérios. No país encontram-se problemas de estocagem e de intermodalidade para o transporte de cargas. O Plano Safra, previsto para junho de 2023, aponta um aumento de 36%, da ordem de R$ 340 bilhões.

O governo vai investir aproximadamente R$ 246 bilhões em custeio comercial em programas de destaque, como o de baixo carbono com R$ 6,19 bilhões em investimentos; o Inova Agro com novas tecnologias ligadas ao aumento de produtividade, conservação do solo da ordem de R$ 3,51 bilhões; a construção e ampliação de armazéns em R$ 1,13 bilhão, além de R$ 97 bilhões para o Pronafe (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e R$ 43 bilhões para o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte).

No 7 de setembro desfilaram as máquinas do agro, para justamente dar o devido reconhecimento ao setor, que gera riqueza ao país. Hoje, a cada cinco pessoas do mundo, uma é alimentada pelo Brasil. Além disso, haverá investimentos nas ferrovias e rodovias. No caso de MS, a ampliação da BR-376 e a construção da ponte entre Mato Grosso do Sul e Paraná, ligando o Porto de São José (PR) ao Porto São João, em Taquarussu (MS), já tem R$ 350 milhões alocados, que permitirá cortar 130 km de caminho para escoar a produção do Estado até o Porto de Paranaguá. E das ferrovias, a implantação da Ferroeste para ligar Maracaju com Dourados, em 76 km.

O Estado: Nas reuniões realizadas com lideranças do agronegócio é possível incluir demandas no próximo plano de governo?

Braga Netto: As minhas agendas de campanha têm o intuito de ouvir as necessidades. É diferente o Braga Netto na cidade do que Jair Bolsonaro. O presidente ele arrasta uma multidão e tem mais aquele contato com o povo de maneira geral. E eu fico com a responsabilidade de falar com as lideranças e os setores e de levar a eles as notícias positivas do governo que geralmente a imprensa evita falar. Não sou de falar mal da imprensa, respeito o trabalho e reconheço a importância, mas como se trata de política muitas informações chegam distorcidas.

Quando estava como ministro da Casa Civil, passei uma situação que foi noticiada e que não era verdade. A compra da vacinação. Sabe quando o Brasil manifestou interesse de comprar a vacina contra a COVID-19? Em julho de 2020. Fomos convidados para estar em um consórcio de desenvolvimento de uma vacina que obrigatoriamente teria a obrigação de comprar as doses, antes mesmo de saber se elas existiriam. Estávamos nos obrigando a desembolsar US$ 2 bilhões, caso contrário o país estaria no fim da fila. A pergunta que eu faço: Você colocaria seu CPF nesse documento?

O governo encontrou um jeito de fazer o contrato legalmente. Tribunal de Contas da União, Advogacia-Geral da União e Controladoria-Geral da União foram informados sobre as compras da vacina. O Brasil vacinou a primeira pessoa em janeiro de 2021 e a vacina começou a ser aplicada no mundo no fim de dezembro. O país produz e exporta todo o insumo da vacina contra a COVID-19, e conseguimos vacinar mais gente do que nos Estados Unidos.

A única verdade que tem sobre a COVID-19 no país é a de que o presidente Jair Bolsonaro jamais falou para não se vacinar. Vacina quem quer. Só defendeu o direito da pessoa em não querer se vacinar. Todas as vacinas aplicadas no Brasil foram compradas pelo governo federal, nenhum estado brasileiro gastou com dose.

O Estado: Da chapa de Lula, existe como vice o ex-governador Geraldo Alckmin, antigo opositor. Essa disputa vai ficar marcada como “vale-tudo” para ganhar a eleição?

Braga Netto: Eu não gosto de falar do Alckmin, mas eu não mudaria os meus valores por causa do poder. Não faz parte da minha índole. Simplesmente para poder ter uma ascensão política abandonar tudo que eu falei tempos atrás e mudar de lado. Isso jamais faria.

O Estado: Em Mato Grosso do Sul, Bolsonaro tem liderado as pesquisas de intenções de voto. Vencer na Região Centro-Oeste será importante?

Braga Netto: É de enorme importância o Centro-Oeste de uma maneira geral. Ter o apoio do agro. É de tanta importância que vim representar Bolsonaro em Campo Grande. Já estive também em Sorriso e Sinop, em Mato Grosso. Tanto Mato Grosso do Sul como Mato Grosso são estados importantes eleitoralmente.

O Estado: Apoiada pelo presidente em MS, a ex-ministra Tereza Cristina lidera as pesquisas ao Senado. Tereza foi até cogitada para ser candidata a vice. Qual a importância de a eleger ao Senado?

Braga Netto: Temos de formar a melhor bancada no Congresso e no Senado. Tereza já mostrou competência como ministra da Agricultura e deputada federal. Mato Grosso do Sul tem uma grande candidata.

O Estado: Mas quem votar em Tereza não corre o risco de, na eventual vitória de Bolsonaro, ela voltar a ser ministra da Agricultura?

Braga Netto: Aí não posso dizer. Esta pergunta terá de perguntar a ela [Tereza]. Também tem de ver com o presidente Bolsonaro onde a Tereza seria mais importante para o governo, porque não adianta também você eleger o presidente e não ter pessoas de confiança no Senado e na Câmara Federal.

 

1 thoughts on “Braga Netto: “Eu não mudaria os meus valores por causa de poder””

  1. Audice de Jesus Oliveira Ribeiro da Silva

    Apoio e confio neste General 4 🌟
    Que Deus o proteja e ilumine nesta nova missão.
    Brasil, Pátria, Familia e Liberdade
    🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷

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