Após um mês do ataque na creche de Blumenau, medo ainda faz parte da rotina de pais e alunos

escola estadual
Foto: Nilson Figueiredo/Jornal O Estado MS

Apesar do reforço nas ações de segurança em todo o Estado, o receio pelas ameaças ainda é presente

A sequência de ameaças e os recentes episódios de violência nas escolas fizeram deste ambiente um reduto do medo, seja dos pais ou dos próprios alunos. Após um mês do ataque na creche de Blumenau, em Santa Catarina, ocorrido em 5 de abril, medidas de segurança foram adotadas em todo o país. Mesmo assim, em Campo Grande, as ameaças ainda assombram as escolas da rede estadual, municipal e privada. 

Crianças e adolescentes, que hoje estão no foco do debate sobre segurança pública, passaram a conviver com a sensação de insegurança e distantes da tranquilidade de um espaço desenvolvido para potencializar habilidades físicas, cognitivas e afetivas.

Com uma faixa amarrada nas grades da escola estadual Arlindo de Andrade Gomes, pedindo por “Paz nas Escolas”, os alunos têm vivido um dia de cada vez, após momentos de tensão. “Não tivemos ameaças aqui, na nossa escola, mas todo cuidado é pouco. Só de saber que outras escolas estavam passando por isso, seja aqui em Campo Grande ou em outras cidades do Brasil, deu muito medo do que podia acontecer. A gente nunca acha que vai acontecer com a gente, então, é preciso ficar esperto”, disse o estudante Pedro Paulo, 18, que está no 3º ano do ensino médio.

Para a aluna Eloísa Naiara, 17, apesar de o assunto ter “diminuído”, o medo ainda a persegue. “Tivemos o ‘Dia S’, para falar sobre segurança nas escolas e saber que eles estão monitorando a escola, vendo tudo o que está acontecendo no pátio, já dá um alívio. Logo depois que aconteceu o ataque em Blumenau, eu não queria vir para a escola, porque pensei que, a qualquer momento, isso pudesse acontecer com a gente. Ainda bem que nada aconteceu, nem naquele dia 20, que estavam falando que aconteceriam vários ataques. Estamos bem e estudando”, contou.

Como consequência do medo, alguns alunos estão sofrendo com sintomas de crises de ansiedade e com receio de frequentar as aulas. “Tenho tido problemas de ansiedade quanto a isso. Na época, preferi nem ver mais os jornais, porque realmente estava mexendo com o meu emocional. Agora está passando, me sinto melhor. Mas, depois disso tudo, ficamos mais espertos, eu e meus amigos, sobre o que está acontecendo na escola”, relatou Anne Carvalheiro, 18 anos, que também está no 3º ano do ensino médio.

Para os pais, não é nada fácil deixar os filhos nas escolas depois das ameaças enfrentadas em Campo Grande, no mês de abril. “Minha filha tem 17 anos e ainda assim trago ela para a aula e depois venho buscar. A gente sempre arranja um tempo, porque depois, se acontece algo, não adianta mais. Todo cuidado ainda é pouco com nossos filhos. E, no momento que está, dentro da sala de aula, é confiar nas medidas de segurança adotadas pela poder público. Agora parece estar normalizando de novo, não estamos com tanto medo, mas a vigilância ainda se mantém, sempre”, afirmou o empresário Josemar Pereira, 47 anos, ao jornal O Estado, enquanto esperava pela filha.

Medidas adotadas

Em Mato Grosso do Sul, as ações de prevenção e segurança nas escolas contemplam unidades das redes públicas e particulares de Campo Grande e do interior.

Para atender ocorrências e denúncias, o governo do Estado, por meio da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), realiza o monitoramento e acompanhamento dos casos por meio da sala de situação, que funciona no Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança), 24 horas.

O gabinete de gestão de incidentes no CICC (Centro Integrado de Comando e Controle) envolve a Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Guarda Civil Metropolitana, além da SED (Secretaria de Estado de Educação), representantes do programa “Escola Segura Família Forte”, Semed (Secretaria Municipal de Educação), Conselhos Tutelares e da rede particular de ensino. Para garantir a atuação integrada, o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) praticou uma série de visitas nas escolas da REE (Rede Estadual de Ensino), Reme (Rede Municipal de Ensino) e na rede particular, além de um treinamento.

Em Campo Grande, viaturas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) foram colocadas à disposição, para reforçar as medidas de segurança. Todas as 205 escolas e Emeis passaram a receber a instalação de alarmes, mapeamento de risco, controle minucioso de fechamento dos portões e o botão do pânico.

 

Por Brenda Leitte – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul.

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