Após fuga, Sindicato prevê colapso no presídio de Segurança Máxima

Foto: Marcos Maluf
Foto: Marcos Maluf

Efetivo conta com 11 agentes para 2.400 presos e uma torre de monitoramento

 

Com ajuda de cordas dois internos identificados como Douglas Luan Anastácio e Naudiney de Arruda Martins fugiram da penitenciária Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima de Campo Grande, localizada na Rua Indianápolis, no Complexo Penitenciário do Jardim Noroeste, em Campo Grande na madrugada desta segunda-feira (4).

Segundo o Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de MS) o presídio de Segurança Máxima está à beira de um colapso, uma vez que os servidores estão sobrecarregados. Atualmente, são cerca de 2.400 presos no plantão e apenas 11 servidores trabalhando na unidade. O Sindicato aponta ainda que os agentes estão sendo forçados a fazer horas extras, assim, prejudicando a saúde mental dos policiais.

Reportagem do Jornal O Estado teve acesso a um documento que mostra que o preso Naudiney é um interno considerado de alta periculosidade por ser um especialista em fugas. Ele estava preso na Gameleira e foi transferido para a Máxima por autorização da promotoria. O documento mostra que Naudiney tentou fugir por diversas vezes de outras unidades penitenciárias, em uma delas foi encontrado um túnel no banheiro da cela onde estava.

Conforme a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), na madrugada de segunda-feira (4) quatro detentos tentaram fuga, mas dois não conseguiram e foram capturados. Segundo a polícia, Naudiney tem passagens por roubo majorado e Douglas por tráfico de drogas.

A fuga aconteceu às 03h40 da manhã, os criminosos com ajuda de uma corda saíram pelo muro lateral. No local da fuga não existem câmeras de segurança.

Em nota, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) disse que apura as circunstâncias da fuga de dois internos do Estabelecimento Penal “Jair Ferreira de Carvalho” em Campo Grande. Eles estavam alojados no Pavilhão 6. Os dois presos que foram capturados estão isolados em cela disciplinar e responderão a um Padic (Procedimento Administrativo Disciplinar). A AGEPEN acionou, imediatamente, outras forças de segurança para ajudar nas buscas e recaptura.

Vale lembrar, que o Jornal O Estado já havia questionado a Agepen e a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), no dia 16 de fevereiro, após presos de Pedro Juan Cabellero terem iniciado um motim na unidade. Contudo, na ocasião, tanto a Agência quanto, a Secretaria informaram que não era necessário reforçar as medidas de segurança aplicadas em Mato Grosso do Sul.

Segundo o especialista em segurança e diretor da faculdade de direito da Universidade Federal, Fernando Nogueira, as fugas em presídios de segurança Máxima estão ligadas à falta de efetivo. “Os agentes são bem treinados, mas existe a evasão de funcionários na Polícia Penal que sempre vive em déficit. São cerca de 2.400 presos, sendo que deveria ter apenas 600. A grande questão da fuga é a falta de servidores e a vigia acaba ficando sobrecarregada. Contamos com sistema de câmeras, mas nada substitui a vigia humana”, pontua o especialista.

Foto: Marcos Maluf

Transferência
No último sábado (2), dois presos de Mossoró foram transferidos para Campo Grande e as identidades dos criminosos transferidos não foram identificadas. A grande operação sigilosa obteve êxito na transferência de 23 presos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), entre eles, dois detentos que vieram para a unidade federal de Campo Grande, no Jardim Los Angeles.

Segundo a coordenação da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), a mudança se deu após a penitenciária registrar a primeira fuga de detentos de uma unidade de segurança máxima.

Campo Grande “abriga” presos de alta periculosidade como Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, Adélio Bispo, responsável pela facada no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado pelos homicídios de Marielle Franco, vereadora do Psol, e do motorista Anderson Gomes.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que as operações têm o objetivo de “impedir articulações das organizações criminosas dentro dos estabelecimentos de segurança máxima, além de enfraquecer e dificultar vínculos nas regiões” das penitenciárias.

Vale lembrar, que Rogério Mendonça e Deibson Nascimento foram os primeiros a fugir de uma penitenciária federal, em 14 de fevereiro. Reportagem do UOL mostrou que os dois também têm ligação com o Comando Vermelho, embora não façam parte do alto escalão.

Desde então,a busca por eles mobiliza centenas de policiais, além de helicópteros, drones e cães farejadores. Na semana passada, um homem foi preso suspeito de abrigar e alimentar os foragidos. Em depoimento, ele disse que agiu sob ameaça.

Foto: Marcos Maluf

MS vai ganhar novas penitenciárias até 2027
Extrato de contrato de repasse no valor de R$ 14.985.000,00 foi publicado no Diário Oficial da União para a construção de mais uma unidade prisional em Mato Grosso do Sul, em complementação às outras duas, cujos recursos foram liberados em novembro do ano passado. Os novos estabelecimentos penais integram o Programa de Aprimoramento da Infraestrutura e Modernização do Sistema Penal Estadual.

As três unidades serão construídas na região da Gameleira, em Campo Grande, destinadas ao regime fechado masculino, voltadas a presos de menor potencial ofensivo. A iniciativa é do Ministério da Justiça e Segurança Pública em parceria com o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por intermédio da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) e da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário.

Cada unidade terá até 408 vagas e será dotada de módulos de educação e de saúde, bem como, galpão de trabalho aos apenados. A iniciativa busca o fortalecimento da infraestrutura de execução penal, ressocialização e segurança. A meta é que as obras sejam concluídas até 2027.

 

Por Thays Schneider

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