Alta de quase 50% na energia ajudou a derrubar poder aquisitivo de consumidores

Luz - energia
Valentin Manieri

Nos últimos cinco anos, a conta de energia subiu 40,99% para o consumidor sul-mato-grossense, mas em contrapartida o salário-mínimo aumentou apenas 17,40%. Nesta terça-feira (12), oacumulado do reajuste será ainda maior, já que será definido um novo valor para a conta dos 1,084milhão de consumidores, previsto em, pelo menos, 10%.

Diante deste cenário, se o salário-mínimo tivesse um aumento na mesma proporção, atualmente, o trabalhador ganharia cerca de R$ 1.300, ou seja, R$ 88 a mais se comparar com a remuneração vigente (R$ 1.212).

Neste período, o maior aumento da energia foi de 12,39% e o do salário de 5,26%.

Do ponto de vista econômico, o poder de compra das pessoas tem sido destruído nos últimos anos. “De 2017 para cá, as condições econômicas tem se deteriorado. O poder de compra das pessoas tem sido destruído, especialmente a partir da pandemia, que veio piorar uma situação que já estava ruim. Então, com o aumento dos serviços administrados, como energia e água, os baixos salários e o crescimento da inflação, o poder de compra tem diminuído. Infelizmente, isso não tem sensibilizado a Energisa, que teve lucro recorde nos últimos dois anos, mesmo com pandemia”, disparou a economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) Andreia Ferreira.

Ainda conforme a profissional, de 2017 a 2021, o acumulado da conta de energia foi de 40,99%; do INPC, índice de preços pelo qual, normalmente, são reajustados os salários dos trabalhadores, foi de 22,48%.

“Os valores são diferentes, porque não somamos os percentuais como se fosse 2 mais 2. É preciso transformá-los em decimais, daí fazer a operação (multiplicar, nesse caso, pois queremos somar) e daí convertê-los novamente em percentuais”, explicou.

Conforme informações da Energisa – distribuidora de energia elétrica em Mato Grosso do Sul –, em 2017 ocorreu a Revisão Tarifária Periódica, que resultou na queda de 1,92% na conta de energia dos consumidores de Mato Grosso do Sul. Já em 2018, o aumento foi de 10,65%; 2019 de 12,39%; 2020 de 6,9%; e 2021 de 8,90%.

A princípio, o reajuste da tarifa de 2022 seria decidido no dia 5 de abril, mas foi adiado para 30 deste mesmo mês, dia em que acabaria a vigência da bandeira de escassez hídrica.

No entanto, o Ministério de Minas e Energia decidiu antecipar o fim da vigência da bandeira para 16 de abril, começando a valer a bandeira verde, que deve vigorar até o fim do ano.

Com isso, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) retomou a pauta para discussão do reajuste da conta de energia. A 12ª Reunião Pública Ordinária da Diretoria acontecerá nesta terça-feira, às 9h (horário de Brasília).

Segundo o Concen, o motivo da primeira prorrogação foi justamente para que os usuários não tivessem dois impactos na mesma conta.

“O Concen vem atuando de forma incansável na busca de instrumentos para amenizar o impacto ao consumidor. A gente até entra com pedido de reconsideração, mas eles vão olhar os recursos próximos do outro reajuste, porque aí tem a compensação do fincanceiro”, explicou a presidente do Concen, Rosimeire Costa. (Texto: Izabela Cavalcanti)

Leia a matéria completa na página B1 do caderno impresso do Jornal O Estado MS

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