Acidentes, o medo e a falta da duplicação: o perigo da BR-163, a rodovia da morte

acidente br-163
Foto: Nilson Figueiredo/Jornal O Estado MS

Em processo de relicitação, BR-163 possui apenas 150,4 km duplicados e passará por novos estudos

Temida por muitos, a BR163 é considerada a mais perigosa por quem costuma trafegar por ela. O trecho da BR-163 em Mato Grosso do Sul tem 847,2 km e está entre as divisas com o Paraná e Mato Grosso, abrangendo ainda 14 cidades. Cenário de muitos acidentes e mortes, o CPPI (Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos) e o Ministério dos Transportes aprovaram a prorrogação do processo de relicitação da BR-163 no Estado, por dois anos, contando a partir de 12 de março. A decisão atende recomendação da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). 

Ligando as cidades de Mundo Novo, Itaquiraí, Naviraí, Caarapó, Rio Brilhante, Campo Grande, Bandeirantes, Rochedo, Jaraguari, São Gabriel do Oeste, Camapuã, Rio Verde de Mato Grosso, Pedro Gomes e Sonora, do número total de extensão, apenas 150,4 km foram duplicados, uma das propostas apresentadas pela CCR MSVia, quando assumiu a rodovia, ainda em 2013. 

À época, a BR-163 foi leiloada e a empresa passou a assumir a administração, e seria responsável por 30 anos. O edital previa a duplicação, recuperação, manutenção, conservação, operação, implantação de melhorias e ampliação da rodovia, além da instalação de nove postos de pedágio. Atualmente, os valores cobrados variam entre R$ 3,90 e R$ R$7,80. 

Questionada sobre o trecho do acidente envolvendo as cinco amigas que iam rumo À cidade de Rio Verde, na sexta- -feira (10), no qual quatro amigas morreram e apenas uma sobreviveu, a CCR alegou que o trecho deve passar por duplicação, contudo, novos estudos serão feitos a respeito da extensão da rodovia. “Em função do processo de relicitação, no qual a CCR MSVia propôs devolução amigável ao poder concedente, novos estudos serão realizados e o processo de duplicação de pistas será conduzido por um novo concessionário, a ser definido. No entanto, a CCR MSVia continua mantendo os serviços de manutenção das pistas, conservação de áreas verdes e prestação de serviços de socorro médico e mecânico 24 horas por dia, aos usuários da BR-163/MS”, informou, em nota. 

No ano passado, em 2022, Mato Grosso do Sul ocupou o terceiro lugar no ranking nacional de infrações cometidas. No ano anterior, em 2021, um balanço da PRF (polícia rodoviária federal) apresentou 290.599 infrações ocorridas na BR-163. “Entretanto, não faz sentido falar que a rodovia é perigosa. Temos um trecho de anel viário, que passa na cidade e ali, sim, há mais riscos de acidentes. É o trecho onde mais são registrados acidentes. A rodovia, em si, não é perigosa, são as infrações que ocasionam os acidentes, que muitas vezes causam mortes. Inclusive, tem uma terceira faixa, que é uma saída a mais para os condutores”, defendeu o inspetor da PRF, Tércio Baggio. 

Por outro lado, não é o que diz quem costuma passar pela rodovia com frequência. O caminhoneiro autônomo Etero de Jesus Nantes, 68, é um exemplo. Ele afirmou ter medo da rodovia, apesar de precisar trafegar por ela para trabalhar, toda semana. “Essa BR é muito perigosa, muito mesmo! Sem acostamento em algumas partes e, apesar da  sinalização, muitos acidentes acontecem aqui. Busco seguir as placas e sempre andar na velocidade indicada, por segurança minha e dos outros, também, mas nem todos pensam assim. Aqui tem acidente direto, muita gente já morreu nessa BR-163. Não faço ultrapassagem forçada, principalmente em faixa contínua, porque sei no que pode dar, e é minha família que vai sofrer. É preciso ter consciência”, frisou o caminhoneiro à reportagem. 

Trabalhando na estrada desde 1992, o motorista Santana, como é conhecido, 70 anos, relatou já ter visto muita coisa na BR-163. “De noite principalmente, tem muito acidente, é quase todo dia mesmo. Mas tem uns que são mais impactantes, como o das cinco meninas, em que quatro morreram. Essa rodovia é muito perigosa, mesmo com as placas e sinalização. E ela sempre foi assim. Todos deveriam ter mais atenção no volante, mas claro, ela também precisa de melhorias”, recomendou Santana.

Por Brenda Leitte  – Jornal O Estado do MS.

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