Hanseníase: dia de combate e prevenção lembra que doença tem cura e tratamento no SUS

hanseníase
Foto: Divulgação/PMCG

A hanseníase ainda é uma doença carregada de estigmas e preconceitos, mesmo nos dias atuais. Ela foi chamada durante muito tempo por lepra, e por isso muitos sofrem discriminação daqueles que desenvolveram a doença. Porém ela tem cura e o tratamento é oferecido integralmente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Ela é uma doença infecto contagiosa, causada pela bactéria Mycobacterium, também conhecida como bacilo de Hansen, em homenagem ao médico e bacteriologista norueguês Gerhard Hansen, que identificou em 1873 o bacilo causador da doença.

De acordo com informações da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) o bacilo se reproduz lentamente e o período médio de incubação e aparecimento dos sinais da doença é de aproximadamente cinco anos.

O Brasil é o segundo país no mundo em número de casos de hanseníase, com 28.660 casos, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Em 2021, o país diagnosticou 15.1555 novos casos da doença.

Em Mato Grosso do Sul, de acordo com dados do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), foram registrados 493 casos novos no ano de 2019, 265 em 2020 e 264 em 2021. A diminuição no número de diagnósticos foi observada devido a pandemia de Covid-19, onde a população deixou de buscar as unidades de saúde. Só em 2022 foram notificados 239 casos.

No ano passado, 43 pessoas tiveram o diagnóstico de hanseníase em Campo Grande. O tratamento, feito com poliquimioterapia única, dura entre seis e doze meses, dependendo da gravidade de cada caso. 

Avanços

A hanseníase tem cura. A médica e professora do curso de Medicina da Uniderp, Ana Marques, salienta a importância de saber identificar os possíveis sintomas, procurar o diagnóstico adequado e realizar o tratamento precocemente, pois isso diminui o número de bacilos infectantes, rompendo a cadeia de transmissão e assim, o aparecimento de novos casos. 

A hanseníase não escolhe sexo e nem idade, qualquer pessoa pode abrigar o bacilo e ao longo da vida apresentar a doença que se caracteriza por ser uma doença infecciosa de curso crônico de progressão lenta e incapacitante, deformidades muitas vezes irreversíveis, quando não tratada, e assim mantem-se a transmissão”, pontua.

Sinais e sintomas

A doença acomete principalmente a pele e os nervos, deixando manchas aparentes na pele, que podem ser avermelhadas, marrons ou esbranquiçadas; além disso, essas manchas não são sensíveis ao toque. 

Caroços no corpo, dolorosos e inflamados, dores articulares, inchaço nas mãos e pés também podem ser avisos da doença. Nos olhos, queixas de ressecamento ocular são frequentes. Sintomas neurais, como sensação de “formigamento” em braços e pernas devem ser sempre investigados. 

Transmissão

A transmissão ocorre quando uma pessoa doente que apresenta a forma infectante da doença (multibacilar – MB) e que, estando sem tratamento elimina bacilo por meio das vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros), podendo assim infectar outras pessoas suscetíveis. 

Nem todos desenvolvem a hanseníase, já que grande parte das pessoas apresenta capacidade de defesa do organismo contra o bacilo. A pessoa com hanseníase deve manter o convívio familiar e não precisa ser afastada do trabalho, em pouco tempo após o início do tratamento a pessoa deixa de transmitir a doença, porém as pessoas que moram na mesma casa devem ser examinadas e se não apresentarem a doença, devem ser acompanhadas no mínimo por cinco anos.

Uma das melhores maneiras de reduzir os riscos de contágio é o não compartilhamento de objetos pessoais. A vacina BCG (Bacilo de Calmette-Guérin), recebida por crianças para a prevenção da tuberculose, também é aliada na prevenção da hanseníase, por ter agentes infecciosos similares.

Tratamento

O final do mês de janeiro marca o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase e, um dos grandes desafios é o diagnóstico precoce e pronto tratamento, além do exame de todos os contatos intradomiciliares e informar que o diagnóstico e o tratamento são fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Diante de qualquer dúvida mediante os sintomas já mencionados, é preciso buscar atendimento médico para investigar se há ou não a presença da patologia. O tratamento é ambulatorial, com doses mensais supervisionadas administradas na unidade de saúde e doses auto administradas no domicílio por 6 a 12 anos.

Acesse também as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *