Proliferação de escorpiões assusta moradores da Capital: veja como se prevenir

Moradores estão assustados com os ataques
Foto: Marcos Maluf
Moradores estão assustados com os ataques Foto: Marcos Maluf

O verão é o período de maior risco para aparecimento do animal. Limpeza do ambiente e adoção de medidas simples podem prevenir picadas.

Colaboraram os repórteres Marcos Maluf e Mariely Barros 

Há vinte dias do início do verão, em 21 de dezembro, onde também começa o período de chuvas, e aumenta a proliferação de escorpiões, o peçonhento já assusta moradores de Campo Grande. O animal é integrante da classe dos aracnídeos e parente das aranhas e dos carrapatos e sua picada pode levar a morte se a vítima não procurar imediatamente uma unidade de saúde, já que, não há evidências científicas de que tratamentos caseiros funcionem.

Algumas espécies estão acostumadas e se adaptaram ao ambiente urbano e se multiplicam nos grandes centros. Neste período, a atenção deve ser redobrada, porque o clima úmido e quente contribui para o aparecimento desses animais, que se abrigam em esgotos e entulhos. Porém, escorpiões podem causar acidentes em qualquer estação do ano, inclusive no inverno.

No Jardim São Lourenço, na rua Ibirapuera, o morador Altagno Arar, 39 anos, afirma que mora na região desde criança e em períodos de calor é comum a aparição de baratas, alimento para os escorpiões e os causadores de acidentes, os escorpiões.

Morador armazenou escorpião que encontrou no quintal em garrafa plástica.  Foto: Marcos Maluf

““Esse mês já matamos três aqui em casa, um na varanda, outro no banheiro que minha esposa viu enquanto lavava a pia e na parede aqui de fora. No quintal, quando chove ficava uma água empossada e eles apareciam mais, depois que eu calcei por conta própria, deu uma diminuída. Durante a visita da agente de saúde ela também pediu para que tomassemos cuidado com os escorpiões, pois eles estão se proliferando. Eles andam muito rápido e aparecem na parte da tarde”, relatou o morador.

Há dois meses, na mesma rua, Samanta Gonçalves, 49 nos, diz a equipe do O Estado Online, que se deparou com um escorpião na pia do banheiro.

A moradora disse que após a surpresa indesejada, tomou algumas medidas de prevenção com utilização de bastante água sanitária para lavar casa e quintal e plásticos para tapar pias e ralos durante a noite.

Samanta e seu neto.
Foto: Marcos Maluf

“Tenho medo porque meu neto de três anos é autista, então fico cuidando o tempo todo, já fiquei sabendo de crianças que morreram ao serem picadas, eles não aguentam a dor, não é? Então, toda vez que ele quer vir para o quintal fico de olho. Na casa do meu filho, que mora na rua do Violino, no bairro Tiradentes, está aparecendo muito, quase todo dia ele e minha nora acha algum”, explicou Samanta.

Já na região sul de Campo Grande, no bairro Parati, nossa equipe conversou com Augusto M. Itiki, 51 anos, morador da rua Senador Teotônio Vilela,  ele conta que foi picado por um escorpião na última sexta-feira (25).
“Às vezes achamos um andando aqui no bairro, eu estava de chinelo na cozinha e ele me picou do lado do meu pé. Fui até o Upa Leblon tomar medicação, mas senti muita dor, a gente sempre tá cuidando, mas aqui na região não tem como”, revelou o morador.

No Mato Grosso do Sul existem 2 das 4 principais espécies em todo o país:

Escorpião-amarelo cientificamente conhecido como -Tityus serrulatus – essa espécie é encontrada em todas as regiões do Brasil. Esse é o que mais preocupa as autoridades em saúde, por ser considerado o mais venenoso. Tem reprodução do tipo partenogenética, onde as fêmeas reproduzem sem precisar que machos para a fecundação.

Na região centro-oeste onde está situado Mato Grosso do Sul, o Escorpião-marrom com nome científico – Tityus bahiensis – é comum ser encontrado no estado da Bahia e algumas regiões do Sudeste e Sul do país.

Espécies mais comuns em Mato Grosso do Sul.
Fonte: Ministério da Saúde

Se picado por qualquer espécie do peçonhento, veja os sinais e sintomas

Informações do Ministério da Saúde são de que em praticamente todos os casos de picadas por escorpiões, a vítima sente dor, sensação de formigamento, vermelhidão e suor no local. Após minutos, principalmente em casos de crianças, púbico mais vulnerável ao veneno, podem aparecer outros sintomas, como tremores, náuseas, vômitos, agitação incomum, produção excessiva de saliva, hipertensão, entre outros.

Os riscos aumentam conforme a quantidade de veneno injetado e no quão nocivo o veneno de cada espécie é para o corpo humano. Em casos leves, que não necessitam da aplicação do antiveneno, representam cerca de 87% do total de acidentes em todo o país.

A equipe do O Estado Online conversou com o CCZ (Centro de Controle de Zoonozes) sobre as medidas de prevenção que podem evitar os ataques e proliferação de escorpiões.

Os escorpiões que habitam dentro do espaço urbano, ou seja, dentro da cidade, se alimentam principalmente de baratas, portanto são comuns em locais com acúmulo de lixo. Eles não atacam, mas se defendem quando se ameaçados. Para evitar encontros indesejados, é importante: “Manter lixos bem fechados para evitar baratas, moscas e outros insetos que sejam alimento dos escorpiões, manter jardins e quintais limpos. Evitar acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas proximidades das residências. Em casas e apartamentos é recomendado se utilizar soleiras nas portas e janelas, telas em ralos do chão, pias e tanques, afastar camas e berços das paredes, evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão”, orienta a Médica Veterinária, Ana Paula Nogueira do CCZ (Centro de Controle de Zoonozes) de Campo Grande.

Sobre o controle de escorpiões, o Ministério da Saúde não recomenda a utilização de produtos químicos (pesticidas) para o controle do peçonhento. Esses produtos, além de não possuírem, até o momento, eficácia comprovada para o controle do animal em ambiente urbano, segundo a pasta, podem fazer com que eles deixem seus esconderijos, aumentando o risco de acidentes.

Público mais exposto

Os grupos considerados mais vulneráveis são crianças, trabalhadores da construção civil e pessoas que permanece tempo significativo em casa e quintais. Na área urbana, os trabalhadores de madeireiras, transportadoras e distribuidoras de hortifrutigranjeiros, também estão sujeitos, por manusearem objetos e alimentos onde os escorpiões podem estar escondidos.

Crianças com menos de sete anos, apresentam maior risco de apresentar sintomas longe do local da picada, como vômito e diarreia, principalmente nas picadas por escorpião-amarelo, sendo comuns em Mato Grosso do Sul, podem levar a casos graves e requerem a aplicação do soro em tempo adequado.

Em caso de picada o que fazer de imediato?

A recomendação do CCZ é ir imediatamente para as Upas da Capital. Se possível, levar o animal ou uma foto para identificação da espécie, permitindo, uma avaliação mais assertiva sobre a gravidade do acidente.

É importante lembrar que apenas o profissional de saúde pode fazer a avaliação e ter certeza se deve ou não ser utilizado o soro, pois não é em todos os casos que se é indicado a utilização do soro. O antiveneno é indicado em casos moderados ou graves. Em caso de acidente é recomendável limpar o local da picada com água e sabão, pode ser uma medida auxiliar, desde que não atrase a ida a unidade de saúde.

Onde encontrar o soro em Campo Grande?

A Secretaria de Saúde informou que em todas as Upas (Unidade de Pronto Atendimento)há disponível o soro anti-veneno.

Em casos de aparições pela rede pública de esgoto o que diz a Concessionária Àguas Guariroba. ” Não é da responsabilidade da Concessionária Águas Guariroba o combate a proliferação na rede de esgoto. Não faz parte do escoto da estrutura de rede de esgoto, pois esta é feita e pensada para fazer o transporte dos resíduos. Tecnicamente a concessionária não tem responsabilidade”, informou a Águas Guariroba, por meio da assessoria de imprensa.

Serviço

Em casos de captura ou acidentes com escorpiões, as vítimas podem procurar as Upas para aplicação do soro anti-veneno. Dúvidas podem ser tiradas pelos telefones do CCZ 67-3313-5000/ 8551 ou pelo telefone do Centro Integrado de Vigilância Toxicológica o Civitox pelo 0800-722-6001.

O horário de atendimento presencial ou via telefone é das 7h às 21h de segunda a sexta-feira e no sábado e domingo das 6h às 22h. Para denúncias de quintais sujos e sem manutenção a população pode fazer denúncia sem identificação.

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