2024 deve superar os números de dengue de anos anterires, pontua infectologista

Genilton Vieira/ IOC
Genilton Vieira/ IOC

Enquanto isso, ações de combate garantem bons resultados em MS

Ao que tudo indica, em 2024, o Brasil tende a alcançar números bem superiores de casos de dengue em comparação a 2023. Análise feito pelo pesquisador Rivaldo Venâncio da Cunha para o Centro de Estudos e Estratégias da Fiocruz Antônio Ivo de Carvalho indica que nos primeiros dois meses do ano, o país atingiu a marca de 1 milhão de notificações. Em Mato Grosso do Sul, o avanço alarmante de casos não foi diferente. Em 2023, o Estado confirmou 5.550 casos de dengue. Contudo, 76 dias após o início de 2024, já foram constatados 2.412 diagnósticos para a doença, conforme o boletim epidemiológico apresentado pelo SES (Secretaria do Estado de Saúde). Apesar do aumento alarmante, dentre os 79 municípios que formam MS, apenas Aral Moreira, Sete Quedas, Paranhos e Costa Rica estão em alerta vermelho por alta incidência de casos. Em relação a outros Estados do país, Mato Grosso do Sul destaca-se como exemplo em ações de combate à dengue.

Dourados foi o município destaque de Mato Grosso do Sul por ser a primeira cidade do Brasil a iniciar a vacinação em massa contra a dengue. O projeto de imunização, protagonizado pela prefeitura douradense, iniciou independente da campanha nacional. Enquanto a cidade de MS iniciou a vacinação em 03 de janeiro de 2024, o Ministério da Saúde incorporou o imuzinante contra a dengue no SUS (Sistema Único de Saúde) a partir de fevereiro. Antes, a vacina era disponibilizada no país apenas pela rede privada. Contudo, a campanha nacional focou, em um primeiro momento, em grupos e regiões prioritários. “O Brasil será o primeiro país com sistema universal como o nosso a dar acesso público a ela. Entretanto, as doses oferecidas pelo fabricante são poucas para o tamanho da população. Teremos que priorizar áreas e grupos mais vulneráveis”, explicou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, em reportagem.

Com o imunizante Qdenga, desenvolvido pela farmacêutica japonesa Takeda, a prefeitura de Dourados pretende vacinar gratuitamente, até agosto, 150 mil pessoas de 4 a 59 anos. Segundo a Sems (Secretaria Municipal de Saúde), apenas nos três primeiros dias da campanha, foi contabilizada a aplicação de mais 2.500 doses. Até 16 de fevereiro, cerca de 25 mil douradenses tomaram a primeira dose do imunizante. Com 80, 2% de eficácia geral, segundo testes clínicos, a Qdenga é aplicada em duas doses. O ciclo completo, com a segunda dose, só é aplicado após três meses da dose inicial.

Vacina no SUS

Segundo o especialista Ricardo Venâncio, os aumentos alarmantes de casos ocorrem devido à forma como a doença se prolifera. “Uma pessoa poderá ter até quatro episódios de dengue, cada um causado por um sorotipo diferente do vírus. É bom esclarecer que, uma vez infectado, o indivíduo desenvolve imunidade permanente para aquele sorotipo que o infectou naquele momento. Em outras palavras, uma pessoa poderá ter até quatro episódios de dengue, cada um causado por um sorotipo diferente do vírus, de forma que se pode dizer que a etiologia da dengue se dá por 4 vírus quase distintos”, explicou.

Contudo, apesar do aumento alarmante de casos, o pesquisador comemora a disponibilidade de uma vacina para prevenir a infecção pelo vírus e, sobretudo, para proteger contra as formas graves da doença, reduzindo o risco de hospitalizações e mortes. “Devemos comemorar a incorporação dessa vacina no SUS, ao mesmo tempo, em que devemos lamentar que a sua produção ainda seja tão restrita. A capacidade de produção do laboratório Takeda, fabricante da vacina, é insuficiente para atender às necessidades do país, levando o seu direcionamento para as faixas etárias mais gravemente afetadas, razão pela qual não devemos alimentar expectativas em relação ao seu impacto no curso das atuais epidemias regionais. No entanto, cabe registrar o acerto do Ministério da Saúde ao decidir incorporá-la ao SUS”, destacou. Para o pesquisador, as mortes por dengue são evitáveis, e as iniciativas realizadas pelas secretarias e serviços de saúde são essenciais.

“Para quem acompanhou o processo de construção do SUS, é motivo de orgulho testemunhar as inúmeras iniciativas da ministra da Saúde para auscultar os diversos segmentos direta e indiretamente envolvidos na gestão da saúde, como governadoras e governadores, prefeitas e prefeitos, entre outros profissionais. Este envolvimento é essencial, uma vez que o atendimento a casos de dengue de forma adequada – tanto em qualidade quanto em dimensionamento da força de trabalho necessária pelo número de casos – é fator primordial para o enfrentamento de epidemias”, pontuou.

Imunização na Capital

Foto: Jornal O Estado de MS/ Nilson Figueiredo

Em 11 de março, Campo Grande completou um mês de vacinação, com média de 211 doses aplicadas por dia. No dia 11 de fevereiro, o município recebeu 24.639 doses da vacina contra a doença enviadas pelo Ministério da Saúde, aplicadas, inicialmente, em crianças de 10 a 11 anos em duas unidades de saúde de regiões com alta incidência da doença – USF Noroeste Anhanduizinho e UBS Dona Neta. Posteriormente, mais de 60 unidades iniciaram a imunização contra a dengue. Aproximadamente 211 doses são aplicadas por dia, faltam, contudo, 67,153 ainda crianças para vacinar. Na Capital, de 1 de janeiro a 6 de fevereiro deste ano, foram notificados 816 casos de dengue em Campo Grande. A situação é considerada
satisfatória, segundo os dados mais recentes LIRAa (Levantamento Rápido de Infestação do Aedes aegypti).

Com mais de 100 mil doses na geladeira, vacinação contra a gripe começa em 25 de março
A 26º Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza começa no dia 25 de março, este ano a campanha foi antecipada devido ao aumento do número de casos da doença no país, normalmente as vacinações ocorrem nos meses de abril e maio. Em contrapartida, Mato Grosso do Sul vem se destacando com a baixa taxa de hospitalização, mortes e casos relacionados a doença.

O Estado recebeu a primeira remessa dos imunizantes na sexta-feira (15). Foram enviados pelo Ministério da Saúde 108 mil doses para atender os 79 municípios. A vacina utilizada é trivalente, ou seja, apresenta três tipos de cepas de vírus em combinação, protegendo contra os principais vírus em circulação no Brasil. A vacina contra Influenza pode ser administrada na mesma ocasião de outros imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação.

A coordenadora de Imunização da SES (Secretária Estadual de Saúde), Ana Paula Goldfinger, explica que o objetivo é reduzir as complicações, internações e ainda a mortalidade decorrente das infecções pelo vírus Influenza na população. “A sugestão do Ministério da Saúde é que a campanha não seja iniciada por grupos prioritários, mas que seja aberta ao grupo prioritário total. O Ministério coloca que a campanha seja iniciada no dia 25 de março, porém assim que o estado receber as doses nós já daremos início a campanha de vacinação, talvez apenas o tempo do município se organizar, porque precisamos liberar as vacinas, liberar os insumos que são seringas e agulhas. Lembrando que cada município tem a sua prioridade, então dará o início de acordo com o que consegue executar dentro do seu território”, afirma Goldfinger.

De acordo com os dados, fornecidos pela SES, em dez semanas de 2024 foram registrados 910 casos de hospitalização por SRAG (Síndrome Respiratório Aguda Grave), desses 11 são apenas de influenza, todos do tipo A e foi contabilizado uma morte por essa doença. Já em 2023, no mesmo período, 1.124 pessoas contraíram a doença e foram hospitalizadas, o número de vítimas de influenza era o dobro, 22 pessoas estão com infectadas pela influenza, sendo 5 do tipo A e 17 do tipo B. Ou seja, houve uma queda de 214 casos de um ano para o outro.

Por Ana Cavalcante e Inez Nazira

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