SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Parlamento da Ucrânia aprovou nesta quarta-feira (23) uma declaração de estado de emergência válida para todo o país, exceto para as duas regiões no leste, onde já há uma medida do tipo em vigor desde 2014.
Nessa situação, o governo pode impor restrições de deslocamento, na distribuição de informações e no que é divulgado na mídia, além de introduzir conferência de documentos de cidadãos. O presidente Volodimir Zelenski propôs a introdução do estado de emergência mais cedo, diante de uma possível ofensiva militar russa de larga escala.
A tensão na Ucrânia, que vinha aumentando desde novembro com o deslocamento de tropas de Moscou em sua fronteira, chegou a um novo patamar nesta semana após o presidente Vladimir Putin reconhecer duas autoproclamadas províncias étnicas russas.
O mandatário havia também anunciado o envio de tropas para esses locais, mas voltou atrás no dia seguinte. Houve relatos, porém, de que militares de Moscou estariam na região.
Diante da ameaça, Kiev também pediu que seus 2,5 milhões de cidadãos morando na Rússia deixem o país vizinho, dado o clima de animosidade. Na noite anterior, a Rússia havia dito que retiraria diplomatas da Ucrânia, apesar de os países manterem ainda relações.
As Forças Armadas ucranianas anunciaram ainda a mobilização de seus reservistas, contingente que conta com cerca de 200 mil pessoas de 18 a 60 anos e ao qual se somaram centenas de civis ao longo dos últimos meses, com a escalada da tensão.
Por ora, Putin mantém a iniciativa na crise, iniciada por ele com a mobilização de talvez 150 mil tropas em torno da Ucrânia desde novembro. Além de querer resolver o status das áreas recém-reconhecidas, que têm 800 mil de seus quase 4 milhões de habitantes com passaporte de Moscou, o presidente manteve suas demandas.
As principais são vetar Ucrânia, Geórgia, Moldova e outros países ex-soviéticos na Otan (aliança militar ocidental); recuar as forças ofensivas nos 14 países que já foram incorporados; negociar questões de segurança como posicionamento de mísseis e transparência de manobras bélicas.
Apenas o último tópico foi aceito pelo presidente americano, Joe Biden e pela Otan, o que levou ao impasse atual.
Tanto Putin quanto Zelenski se dizem abertos a negociar, mas mantêm, ao mesmo tempo, que contradizem o discurso. O ucraniano mobiliza a população para o risco de uma invasão, e o russo segue o tom militarista.
Enquanto isso, o Ocidente trabalha em sanções. Os EUA impuseram uma nova rodada de sanções, impedindo o governo da Rússia de fazer transações financeiras envolvendo títulos de sua dívida com empresas americanas e europeias.
Na Europa, os parlamentares da Duma que aprovaram o reconhecimento das repúblicas estão banidos dos países da União Europeia e tiveram seus ativos na região congelados, enquanto bancos que financiaram atividades separatistas também são alvo das medidas. A Alemanha, individualmente, congelou a certificação do gasoduto Nord Stream 2.