Senadores brasileiros buscam apoio nos EUA contra tarifas; democratas sinalizam diálogo, mas Trump ignora Brasil

Foto: Assessoria da Missão oficial do Senado nos EUA
Foto: Assessoria da Missão oficial do Senado nos EUA

No segundo dia da missão oficial do Senado brasileiro aos Estados Unidos, parlamentares concentraram esforços em reuniões com senadores norte-americanos na tentativa de reverter ou suavizar as novas tarifas de importação impostas pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros. A agenda desta terça-feira (29) foi marcada por encontros com sete senadores do Partido Democrata e apenas um republicano.

A comitiva, liderada pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), dialogou com parlamentares de diversos estados: Martin Heinrich (Novo México), Ed Markey (Massachusetts), Tim Kaine (Virgínia), Mark Kelly (Arizona), Chris Coons (Delaware), Michael Bennet (Colorado) e Jeanne Shaheen (New Hampshire). O republicano Thom Tillis, da Carolina do Norte — crítico da política fiscal apelidada de “Grande e belo orçamento” por Trump — também recebeu os brasileiros.

Sem encontros previstos com representantes da Casa Branca ou integrantes do governo Trump, os senadores brasileiros apostaram no convencimento dos congressistas norte-americanos. “Cada parlamentar visitado vai receber um relatório com os impactos da medida no estado que ele representa. Com base nesses dados, acreditamos que eles poderão perceber que essa tarifa é uma medida perde-perde”, afirmou Nelsinho Trad.

O senador Tim Kaine (Virgínia) declarou à imprensa que pretende questionar oficialmente a tarifa assim que a Casa Branca enviar ao Congresso a justificativa legal da medida. A informação foi confirmada por uma fonte da Casa Branca ao SBT, que informou que o texto está em elaboração e será enviado nos próximos dias.

Já o gabinete do senador Martin Heinrich destacou que o Brasil é “um dos principais parceiros internacionais dos EUA” e que as tarifas devem ser específicas e justificadas, não medidas genéricas que acabam encarecendo produtos para famílias americanas. “O senador acredita que é preciso reduzir os custos, não aumentá-los”, disse o porta-voz.

Por outro lado, o senador Ted Cruz, um dos principais aliados de Trump no Senado, se recusou a comentar as tarifas ao ser questionado pela reportagem.

Possíveis exceções

Em meio às pressões diplomáticas, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, mencionou que alguns produtos não fabricados no país poderão receber isenção de tarifa. Entre os itens citados estão manga, cacau e café, este último, o principal item da pauta exportadora brasileira para os EUA. Lutnick não mencionou o Brasil diretamente.

Enquanto isso, uma importadora norte-americana de suco de laranja, setor dominado pelo Brasil no mercado global, recorreu à Justiça contra a nova tarifação imposta pela equipe econômica de Trump.

Trump retorna e evita o tema

De volta de viagem à Escócia, o presidente Donald Trump desembarcou em Washington no fim do dia. Em rápida conversa com jornalistas, ele comentou sobre o tiroteio em Nova York, a guerra na Ucrânia e a relação com a Coreia do Sul, mas não fez menção ao Brasil nem às tarifas.

Na segunda-feira (28), Trump havia dito que países que não fecharem acordos comerciais com os EUA enfrentarão tarifas entre 15% e 20%, percentual inferior à tarifa de 50% anunciada para os produtos brasileiros.

A missão do Senado segue em Washington, com a expectativa de ampliar o diálogo com parlamentares e representantes da sociedade civil norte-americana nos próximos dias.

 

Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook Instagram

 

Leia mais

Lula critica tarifa dos EUA e cobra respeito em entrevista ao New York Times

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *