Os protestos contra a política de Covid zero da China se espalharam para ao menos uma dúzia de cidades ao redor do mundo, no último domingo (27). Os manifestantes pedem pelo afrouxamento das medidas de isolamento contra a Covid-19.
De acordo com levantamento da agência de notícias internacionais, vigílias e protestos, ainda que em pequena escala, foram realizados em cidades da Ásia, da Europa e da América do Norte, como Londres, Paris, Tóquio e Sydney. Os atos têm sido organizados, em sua maioria, por dissidentes e estudantes expatriados.
Uma das estudantes expatriadas, identificada como Chiang Seeta, afirma que organizou um ato de protesto como uma forma de solidariedade. “Quando vi tantos cidadãos e estudantes chineses saindo às ruas, minha sensação foi de que eles suportaram muito mais que nós. Agora estamos mostrando apoio a eles do exterior”, disse Chiang Seeta, estudante de pós-graduação que organizou um ato em Paris neste domingo (27), que reuniu cerca de 200 pessoas.
Do lado de fora do Centro Pompidou, na capital francesa, manifestantes depositaram flores e acenderam velas em memória dos 10 mortos em um incêndio em Urumqi, ocorrido na última sexta-feira (25), em uma das maiores cidades da província chinesa de Xinjiang, no norte da China.
A tragédia foi o gatilho para a atual onda de protestos. Os manifestantes alegam que parte das mortes foram relacionadas às duras restrições impostas pelo governo chinês, para conter a infecção por coronavírus, uma vez que isoladas em seus apartamentos, as vítimas não conseguiram escapar das chamas.
Autoridades locais negam a relação entre a Covid zero e as mortes no incêndio, mas, assim como no ato em Paris, os manifestantes expatriados têm culpado Xi Jinping e o Partido Comunista pela sequência de reveses.
Demais cidades
Em Tóquio, cerca de 90 manifestantes se reuniram em Shinjuku, uma das estações de trem mais movimentadas da capital japonesa. Os presentes concentraram o foco dos protestos contra a Covid zero no Partido Comunista Chinês.
As pautas dos atos, no entanto, devem ser menos beligerantes em outras cidades. Uma das organizadoras de um protesto marcado para esta segunda-feira (28) na Universidade de Columbia, em Nova York, disse que questões ainda mais sensíveis para Pequim, como a independência de Taiwan e as denúncias de violação de direitos humanos de uigures em Xinjiang, devem ficar de fora das manifestações.
Posicionamento do governo chinês
Questionado em uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (28), um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse que Pequim não está ciente de nenhum protesto no exterior pedindo o fim da política de Covid zero.
Em relação às manifestações em âmbito doméstico, o representante da diplomacia afirmou que a pergunta “não reflete o que realmente aconteceu” e que a China acredita que a luta contra o coronavírus será bem-sucedida com a liderança do Partido Comunista e com a cooperação da população.
A China registrou nesta segunda o quinto recorde diário consecutivo de novos casos de Covid. Foram 40.052, acima dos 39.506 do domingo. As megacidades Guangzhou e Chongqing, com milhares de casos, lutam para conter surtos, enquanto centenas de infecções foram registradas em outras cidades do país.
Com informações da Folhapress
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