Mais três manifestantes foram sentenciados à pena de morte pela Justiça do Irã nesta segunda-feira (15). Ao menos 5 pessoas já foram condenadas à pena capital desde o início dos protestos pela morte de Mahsa Amini, que morreu enquanto estava sob a custódia da polícia moral do Irã por não estar usando o hijab.
Esses três manifestantes foram detidos nos atos contra o regime. Um foi acusado de atropelar polícias com o seu carro, causando uma morte; outro de ferir um agente com uma faca; e o terceiro por bloquear o trânsito e “espalhar o terror”. Os réus ainda podem recorrer em um tribunal de segunda instância.
No domingo (13), ocorreu a primeira condenação à pena de morte em relação aos protestos. O manifestante foi acusado de perturbar a ordem pública e de crime contra a segurança nacional após colocar fogo em um prédio do governo. A pessoa foi declarada “inimiga de Deus”. Durante o julgamento, um segundo manifestante também foi condenado a mesma pena e outras cinco pessoas receberam penas de até 10 anos de prisão pelos mesmos crimes.
De acordo com autoridades iranianas, mais de 2.000 pessoas estão sendo processadas por participarem dos atos. Porém, organizações internacionais de direitos humanos afirmam que esse número é muito maior. É estimado que ocorreram 15 mil detenções.
Também é estimado pela ONG Direitos Humanos do Irã que cerca de 326 pessoas morreram durante a repressão dos atos, incluindo 43 crianças e 25 mulheres. Em contraponto, o regime afirma que mais de 30 agentes morreram durante as manifestações.
Além da repressão durante os atos, as autoridades iranianas se utilizam do assédio policial e judicial para abafar as manifestações. Kiumars Heydari, comandante do Exército do Irã, afirmou que os manifestantes “não terão lugar no país” caso o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, ordene uma repressão mais dura. “Se ele assim decidir, desordeiros não terão mais lugar”.
Sobre o caso de Mahsa Amini
Os protestos se espalharam pelas 31 províncias do Irã, após Mahsa Amini falecer dia 16 de setembro, depois de ter sido detida pela polícia da moralidade por não estar usando o hijab, tradicional véu islâmico utilizado para cobrir o cabelo. Durante o período em que ficou presa, a jovem precisou ser internada e veio a óbito, após três dias de coma.
As autoridades de Teerã afirmaram na época que a jovem teria tido um ataque cardíaco, após ser levada à delegacia para ser “convencida e educada”. Familiares da vítima negaram que Amini sofria de algum problema cardíaco.
Após a divulgação da sua morte, manifestantes e a família de Mahsa acusaram a polícia de terem espancado a mulher e provocado a sua morte e com isso, começaram os protestos que estão sendo atualmente repreendidos.
A polícia da moralidade, responsável por fiscalizar o uso do véu por mulheres no Irã, que é obrigatório, já vem sendo criticada pelas suas intervenções violentas. O código de vestuário está em vigor no país desde a revolução islâmica, em 1979, onde as mulheres começaram a ser obrigadas a cobrir o cabelo com o véu e usar roupas largas para encobrir o formato de seus corpos. Aquelas que descumprirem a norma enfrentam repreensões públicas, multas e até mesmo a prisão.
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