Jimmy Amisial, um jovem haitiano, criou uma campanha para arrecadar recursos para adotar um bebê que ele encontrou no lixo, coberto de formigas, em Gonaives, no Haiti.
No ano novo de 2018, Jimmy estava caminhando em uma rua escura para ir a uma festa, quando escutou o choro de uma criança vindo de uma caçamba de lixo. Quando se aproximou, viu um bebê recém-nascido, em condições precárias e coberto por formigas. O jovem pegou então pegou o menino e levou ele para a casa, surpreendendo a sua mãe.
Segundo o haitiano, diversas pessoas estavam ao redor da caçamba, mas decidiram não ajudar o bebê, pois acreditavam que ele poderia ser um problema ou estar amaldiçoado, por estar coberto de formigas. “Ele estava em uma pilha de lixo chorando, e não havia uma única alma que quisesse fazer algo sobre isso. Quando eu o peguei, ele imediatamente parou de chorar”, contou.
Na época do resgaste, o menino recebeu cuidados por Jimmy e sua mãe. Após isso, a polícia foi acionada para investigar o caso, tendo como principal objetivo descobrir o paradeiro dos pais da criança. Depois de 4 meses de investigação, não foi localizado nenhum parente e diante isso, o juiz responsável pelo caso perguntou a Amisial se ele teria interesse em ser o guardião provisório do bebê.
Nesse momento, o jovem questionou a sua capacidade e a da sua mãe de cuidar de uma criança, já que enfrentavam dificuldades financeiras no momento. Mas, ao mesmo tempo, relembrou como foi crescer sem um pai e a partir disso, tomou a decisão de ficar com ele. “Depois que ele me fez essa pergunta, eu tive muitas noites sem dormir. Eu me revirei, mas minha mãe me lembrou que as coisas acontecem por um motivo. Eu sempre quis fazer parte de algo grande e para mim, esse foi o momento”, revelou.
O bebê então recebeu o nome de Emilio Angel Jeremiah e ficou aos cuidados da mãe de Jimmy, já que o jovem precisava voltar aos Estados Unidos para concluir os estudos e trabalhar, quando as férias dele acabaram.
Em 2019, Amisial decidiu entrar com o processo de adoção formal de Emilio, mas enfrentou uma grande barreira, a questão financeira. O jovem explicou que o processo de adoção exige altos custos. “No Haiti, é difícil fazer coisas por meio do governo. Quando comecei o processo parecia tudo bem, mas depois eles me pediram muito dinheiro, mas eu não tinha os fundos.”
De acordo com a agência de adoção, All God’s Children International, o custo deste processo no Haiti pode ultrapassar US$ 40.000 (cerca de R$ 206.800). Baseado nisso, em meados de julho, Jimmy abriu uma campanha virtual para arrecadar fundos, com a meta de US$ 60.000 (aproximadamente R$ 310.200). Na última sexta-feira, (19), a campanha já havia passado de US$ 79.000 (R$ 403.260).
“Eu tive que fazer o que tinha que fazer quando ninguém mais queria, e sou muito grato pelos últimos quatro anos e meio”, afirmou.
Atualmente Emilio tem 4 anos e tem como sonho se tornar músico. Amisal continua determinado em conseguir a guarda do menino e tem como objetivo voltar para a faculdade e concluir os seus estudos. Em seu Instagram, o jovem compartilha a sua rotina e a de Emilio.
Leia mais sobre adoção: Sancionada Lei estadual que incentiva a adoção tardia de crianças e adolescentes
Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.