Quanto mais altos os juros nos EUA, mais o dólar tende a se valorizar globalmente
O dólar abriu em queda de 0,38% nesta quarta-feira (4) após ter atingido seu maior valor desde março na véspera, ainda impulsionado pela expectativa de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos. A moeda estava cotada a R$ 5,1363 para venda, às 9h02, logo voltado ao patamar de R$ 5,15 horas depois.
Nesta quarta, o mercado aguarda a divulgação de novos dados econômicos americanos e pronunciamentos de autoridades do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), buscando alinhar as apostas sobre o futuro da política monetária do país. A aposta predominante, no entanto, é de que uma nova alta de juros deve ocorrer ainda neste ano.
Na terça (3), o dólar teve forte alta de 1,74% e fechou cotado a R$ 5,154, em seu maior valor desde 28 de março (R$ 5,165), impulsionado justamente pelas apostas sobre juros nos Estados Unidos.
Os rendimentos dos títulos americanos registraram novo avanço, após a divulgação de dados fortes de emprego no país, e deram força à divisa.
Já os ativos de risco globais foram penalizados pela escalada dos títulos, e a Bolsa brasileira terminou o dia em queda significativa, com o Ibovespa recuando 1,42%, aos 113.419 pontos.
Os rendimentos dos títulos americanos de longo prazo, os chamados “treasuries”, vêm escalando nas últimas semanas, desde que o Fed sinalizou, no fim de setembro, que pode promover uma nova alta de juros nos EUA ainda em 2023.
Quanto mais altos os juros nos EUA, mais o dólar tende a se valorizar globalmente, já que as taxas aumentam a atratividade da renda fixa americana, que é mais segura e torna-se preferida pelos investidores.
Desde 19 de setembro, um dia antes de o Fed sinalizar uma possível nova alta de juros, o dólar acumula alta de 5,77% em relação ao real.
Já os ativos de risco globais estão sendo penalizados pela escalada dos treasuries, e os índices de ações americanos terminaram o dia em forte queda. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq recuaram 1,41%, 1,29% e 1,87%, respectivamente.
No Brasil, os ativos locais também foram impactados pela subida dos títulos americanos, justamente com a preferência de investidores pela renda fixa dos EUA, e o Ibovespa vem registrando sucessivas baixas. Sem a divulgação de indicadores relevantes, o cenário externo ditou o tom das negociações mais uma vez.
A queda do Ibovespa foi puxada principalmente por Petrobras e Vale, as maiores da Bolsa e as mais negociadas da sessão, que recuaram 0,84% e 0,88%, respectivamente.
As maiores quedas do dia, no entanto, foram novamente das “small caps”, empresas menores e mais ligadas à economia doméstica. Magazine Luiza, Grupo Casas Bahia e Petz lideraram os tombos com recuos de 7,96%, 7,94% e 6,52%, respectivamente, e o índice que reúne essas companhias caiu 2,35%.
As small caps foram pressionadas principalmente pela forte alta dos juros futuros no Brasil, que acompanharam as taxas americanas. Os contratos com vencimento em janeiro de 2025 foram de 11,00% para 11,14%, enquanto os para 2027 saíram de 11,02% para 11,23%.
Empresas do setor financeiro também puxaram o Ibovespa para baixo, com B3, Itaú e Bradesco recuando 4,25%, 1,29% e 1,42%, respectivamente.
Nos poucos destaques positivos, a Natura subiu 2,90% após a companhia ter anunciado que avalia “alternativas estratégicas” para a rede de lojas The Body Shop, incluindo uma potencial venda.
As empresas de papel e celulose Suzano e Klabin também figuraram entre as altas do dia, com avanço de 1,95% e 0,59%, respectivamente, apoiadas pela subida do dólar. Acesse também: Colisão envolvendo picape, ambulância e uma carreta deixa nove pessoas feridas
Com informações da Folhapress