O teórico da conspiração e radialista Alex Jones foi condenado a pagar US$ 965 milhões por ter alegado que o massacre de Sandy Hook, onde 20 alunos e 6 educadores foram assassinados era uma farsa encenada pelo governo e familiares. O dinheiro será destinado para 14 parentes das vítimas e um agente do FBI.
O veredicto saiu nesta quarta-feira (12), pondo fim o processo de difamação movido por familiares e o agente da polícia federal que trabalhou no caso. Jones também terá que arcar com os honorários dos advogados. O valor final será definido em novembro.
Alex, de 48 anos, conquistou uma grande audiência ligada a ultradireita conservadora como radialista e comunicador, propagando desinformações e teorias conspiratórias. Após o massacre de Sandy Hook, em Connecticut, no ano de 2012, onde Adam Lanza de 20 anos, matou 20 crianças de seis e sete anos, 6 funcionários e a própria mãe, antes de se matar, Jones começou a afirmar em seu programa de rádio que o atendado na escola de ensino fundamental era uma montagem feita por defensores do controle de armas e que os pais das vítimas eram atores.
Os advogados das famílias argumentaram no julgamento que o radialista teria lucrado por anos com as mentiras sobre o crime, que geraram tráfego para o seu site Infowars, impulsionando a venda dos seus produtos, como suplementos alimentares. Documentos legais mostraram que os seus empreendimentos faturaram mais de US$ 165 milhões entre os anos de 2015 e 2018.
Devido as fake news que Alex divulgou neste período, os familiares das vítimas começaram a sofrer assédios e ameaças de morte feitos por seguidores do comunicador. “Cada uma dessas famílias estava se afogando no luto, e Alex Jones colocou o pé em cima delas”, disse Chris Mattei, um dos advogados para os jurados.
Já a defesa de Jones alega que os parentes haviam mostrado poucas evidências de perdas quantificáveis no tribunal. Norman Pattis, advogado do acusado, também pediu aos jurados que ignorassem os viés políticos que poderiam aparecer no caso. “Esse não é um caso sobre política, mas que trata de quanto compensar os requerentes.”
Alex também testemunhou, onde recusou a pedir desculpas às famílias e criticou seus “difamadores” chamando-os de “progressistas”. Ele e seus apoiadores usam o argumento de que o processo é uma tentativa de restringir à liberdade de expressão.
Durante a divulgação do veredicto no tribunal, o acusado não estava presente, mas afirmou em uma live recente feita no seu site que irá recorrer da decisão. “Estamos lutando contra Golias”, disse.
Mattei, advogado das famílias, afirmou na saída do tribunal após a sentença que o processo era “contra Alex Jones, suas mentiras e sua disseminação venenosa, mas também um veredicto pela verdade e pela nossa humanidade comum”. Ele também acrescenta que os familiares irão a quantos tribunais forem necessários para que a sentença seja cumprida, “pelo tempo que for necessário, porque é isso o que a justiça requer”.
Recentemente o radialista já havia sido condenado em um outro processo de difamação movido por pais de uma criança de seis anos que também foi assassinada em Sandy Hook. Em agosto, foi decidido pelo júri de Austin, no Texas, que ele e a sua empresa deveriam pagar US$ 49,3 milhões ao casal. Na época, a defesa de Jones disse que esperava anular a maior parte do pagamento antes que ele fosse aprovado por um juiz, chamando-o de excessivo sob a lei estadual.
Esta nova sentença pode ser um grande risco financeiro para Alex Jones, já que ele foi considerado responsável por violar a Lei de Práticas Comerciais Desleais do Estado, onde não há um limite de punições sob essa lei, ao utilizar mentiras sobre o massacre para vender produtos no seu site.
Recentemente as suas empresas InfoWars e Free Speech Systems, declararam falência. Mas os familiares das vítimas alegam que isso é apenas uma tática para evitar o pagamento da indenização.
Veja também: Checadores do TSE vão identificar fake news enviadas por eleitores
Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram.