Petrallás busca consolidar nova fase na Federação

Presidente da FFMS, Estevão Petrallás fala em descentralizar trabalho no futebol de MS - Foto: Cayo Cruz
Presidente da FFMS, Estevão Petrallás fala em descentralizar trabalho no futebol de MS - Foto: Cayo Cruz

Petrallás busca consolidar nova fase na Federação

 

Na última terça-feira (8), Estevão Petrallás venceu a eleição para presidente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) e confirmou seu nome no comando da entidade, que ocupava interinamente. Com 48 votos contra 39 do adversário André Baird, presidente do Costa Rica, Petrallás agora tenta consolidar uma nova fase no futebol estadual, marcada por embates internos e promessas de reconstrução.

Desde que assumiu interinamente, em maio de 2023, após o afastamento da antiga diretoria investigada na Operação Cartão Vermelho, Petrallás enfrentou resistência. “Apanhei por 90 dias. Havia um clima estranho, e mesmo assim a gente trabalhou.” O início foi marcado pela desconfiança e por questionamentos à sua ligação com o Operário, clube onde foi presidente por dois mandatos e, mais recentemente, ocupava o Conselho Deliberativo. “Alguns dirigentes reclamaram. Mas conseguimos nos manter firmes. presidente da Federação precisa ser de um clube. E não há benefício a ninguém. Nem ao Operário.”

Nos bastidores, a eleição foi marcada por movimentações incomuns, com a entrada em cena de figuras sem ligação com os clubes e tentativas de articulação por fora da estrutura tradicional do futebol. A disputa, que inicialmente parecia caminhar para uma vitória tranquila de Petrallás, ganhou tensão nas semanas finais, com reuniões, pressões e até propostas de mudança no estatuto da Federação. “Tentaram abrir uma brecha e reformular o estatuto para que alguém de fora do esporte presidisse, mas não é assim que funciona e não era moral”.

Embora evite nomes, o presidente afirma que a tentativa de interferência ficou clara. “Queriam colocar qualquer um na presidência, sem vínculo com clube. Isso fere a lógica do estatuto e da representatividade”, disse. Para ele, a articulação por fora do campo esportivo ameaçava transformar a Federação em espaço de interesses políticos e pessoais. “Futebol tem que ser tratado com seriedade. Não é vitrine nem balcão.”

A crítica de Petrallás, segundo o próprio, é para a forma como a federação foi conduzida na última gestão e como o poder foi acumulado por certos dirigentes. Ele reforça que quer uma Federação menos centralizadora, mais técnica e voltada aos clubes. “Antes era Federação forte e clube fraco. Eu vou inverter isso. Os clubes formam a Federação. Eu sou funcionário deles.” E completa: “Essa eleição mostrou que dá para mudar. Mas só muda se tiver coragem. E agora, não tem mais interino. Agora tem presidente eleito.”

O novo presidente vê a falta de integração entre clubes e administrações municipais como um dos principais entraves ao crescimento do futebol no Estado. “O Ivinhema foi exemplo. Estádio cheio, cidade envolvida, prefeitura do lado. Já em Coxim, clube e prefeitura estavam em lados opostos. Isso compromete tudo.” A proposta, agora, é fazer reuniões regionais e aproximar a federação das prefeituras, sem depender exclusivamente dos dirigentes locais. “A federação não tem que assumir estádio, mas pode oferecer pessoal qualificado para cuidar do gramado, da parte elétrica. É assim que se começa.

O presidente reafirma o compromisso com uma gestão mais transparente e participativa. Cita a isenção da taxa de 10% da federação sobre bilheteria como uma das medidas já adotadas. “Isso ninguém noticiou. Abrimos mão para os clubes respirarem. Mas, em troca, precisamos de números reais, transparência. Não dá para ver 1.500 pessoas no estádio e constar 150 no borderô.”

Em meio a tensões, Petrallás sabe que o desafio agora é transformar discurso em prática. “Tem que ter coragem para mexer onde ninguém quis mexer”, afirma. A legitimidade das urnas, segundo ele, dá respaldo para conduzir as mudanças prometidas, mas o cenário exige atenção constante: “O futebol do Estado não aguenta mais projetos pessoais. Ou a gente trabalha em bloco, ou vamos afundar juntos.”

 

Por Mellissa Ramos

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