Natação do Estado em ‘modo família’

Estadual de Natação, sábado de manhã, no Rádio Clube Cidade - Foto: Roberta Martins
Estadual de Natação, sábado de manhã, no Rádio Clube Cidade - Foto: Roberta Martins

Mães e pais arregaçam as mangas, modalidade atrai crianças e consolida competições

 

O Campeonato Estadual de Inverno de Natação começou neste sábado (21), no Rádio Clube Cidade, na capital, e reuniu 130 atletas das categorias Mirim e Petiz, de 7 a 12 anos, das cidades de Campo Grande, Corumbá, Costa Rica e Três Lagoas.

O evento revela histórias que mostram como a natação, para muitas famílias, se transforma em um verdadeiro projeto de vida. O que realmente movimenta as arquibancadas e os bastidores não são apenas os tempos cravados no cronômetro. É a construção de uma cultura que envolve pais, atletas e toda uma rede de apoio em torno do esporte.

A história do três-lagoense Samuel Hiroaki Barbosa, de 10 anos, ilustra bem esse cenário. Bronze nos 100 metros livre na categoria Mirim 1, ele descobriu a natação quase por acaso, quando nadava na piscina do clube onde os pais eram sócios, como explica a mãe, Thamires Barbosa. “Ele aprendeu a nadar por instinto, na brincadeira. Aí uma professora de natação viu ele nadando e falou: ‘Eu preciso levar esse menino para a natação’. Ela pediu para treinar ele, e duas semanas depois ele já estava no primeiro campeonato, com 7 anos”.

Filho de ex-atletas, a mãe jogadora de vôlei e o pai, jogador de futebol, Samuel logo abraçou o esporte. “No primeiro campeonato ele já foi campeão na série dele. E de lá para cá, foi só evolução. Hoje ele já aparece no ranking brasileiro da categoria dele. Ele até gosta de futebol, como qualquer criança, mas ama mesmo é nadar”, conta o pai, Denis.

A paixão da família pelo esporte reflete diretamente no desempenho do filho. “A gente vem de um berço esportivo. Quando os pais gostam, incentivam, a criança também se engaja. O mais importante não são as medalhas, mas ver ele feliz e superando os tempo dele, se dedicando”, reforça Thamires.

Thamires, Denis e Samuel vieram de Três Lagoas para o Campeonato – Foto: Roberta Martins

Mais que medalhas

Para a presidente da Fedams (Federação de Desportos Aquáticos de Mato Grosso do Sul), Ana Grace, a natação na infância vai muito além dos resultados. “O esporte ajuda a criança a desenvolver responsabilidade, disciplina, equilíbrio. Forma a pessoa para a vida adulta”, afirma. Ela destaca que, apesar das dificuldades, Mato Grosso do Sul tem uma cultura de natação em crescimento. “Tem estados que não conseguem colocar 100 atletas em um estadual. Hoje temos aqui 130 atletas só nas categorias de base, e a expectativa é aumentar cada vez mais. É um esporte que envolve muito as famílias, e isso faz toda a diferença.”

Se por um lado o apoio institucional ainda é limitado, com recursos vindos principalmente das famílias, o esforço dos pais é o que mantém o esporte funcionando. “O maior patrocinador dos atletas são os próprios pais. A federação ajuda no que consegue, os órgãos públicos também, mas sem as famílias, nada disso aconteceria”, reforça a presidente.

Em Campo Grande, o exemplo da Apan (Associação de Pais e Amigos da Natação) mostra como a união das famílias se transforma em ferramenta para manter o esporte vivo. Eliana Sanderson, servidora pública e membro da associação, explica que a ideia surgiu da necessidade de apoiar os filhos nas competições. “Elaboramos almoços, rifas, vendemos doces durante as competições, tudo para arrecadar fundos pros atletas”, conta.

Ela é mãe de Felipe Sanderson, de 17 anos, que começou na natação ainda bebê e hoje é atleta contemplado no Programa Bolsa Atleta, da Fundesporte, na categoria Estudantil. “ Ele aprendeu a nadar aos seis meses, com dois anos já fazia aulas e indicaram trazer ele para treinar aqui no Rádio Clube, porque tinha uma equipe técnica mais forte. Hoje ele compete desde campeonatos regionais até brasileiros”.

A associação, criada em setembro do ano passado, já reúne 50 famílias e 112 atletas, segundo Eliana. “Nosso objetivo é ajudar com custos de viagens, hospedagem, inscrições. Não conseguimos bancar tudo, porque a APAN é recente, mas toda ajuda faz muita diferença. Somos um grupo independente do Rádio Clube, mas eles cedem espaço para nossas ações, como o salão, onde os pais e atletas podem almoçar durante os campeonatos. Isso é um conforto enorme, especialmente pra quem vem de fora.”

Além de arrecadar recursos, a Apan também tem buscado apoio com empresas e instituições locais. “Apresentamos projetos pra conseguir parcerias. Não é fácil, mas seguimos, porque a gente vê como isso faz diferença na vida dos nossos filhos”, explica.

O Campeonato Estadual de Inverno segue com as categorias Infantil, Juvenil, Júnior, Sênior e Master nos dias 5 e 6 de julho, novamente no Rádio Clube Cidade, em Campo Grande. As inscrições vão até o dia 27 de junho, pelo site fedams.com.br. Antes disso, de 27 a 29 de junho, a capital recebe ainda o Campeonato Brasileiro Master, com nadadores de 20 anos em diante, que já conta com 280 atletas confirmados.

 

Por Mellissa Ramos

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