Amigas medalhistas olímpicas desafiam regra de gênero na patinação no gelo

Foto: Reprodução/Instagram
Foto: Reprodução/Instagram

A dupla formada pelas patinadoras Gabriella Papadakis e Madison Hubbell chamou a atenção do mundo da patinação no gelo após a Federação Canadense de Patinação no Gelo retirar as expressões de gênero das regras do esporte no país. Mesmo sem planos de competir, as duas amigas decidiram formar uma duo que vem gerando impactos.

A dança no gelo sempre foi um esporte de elite, que exige grande habilidade e técnica dos patinadores. Entretanto, até pouco tempo atrás, a dança no gelo era vista como um esporte bastante conservador, com casais heterossexuais sendo a norma. Contudo, a partir da influência de patinadoras como Gabriella e Madison a inclusão de pares do mesmo gênero na dança do gelo vem se tornando cada vez mais comum.

Desde os anos 50, a Federação Internacional de Patinação no Gelo (ISU) demanda que as duplas sejam formadas por um homem e uma mulher. No entanto, vários patinadores já desafiaram essa regra. Por exemplo, em 1994, Trevor Kruse e Darren Singbeil apresentaram um programa sobre “Don’t Ask, Don’t Tell” nos Gay Games.

Após a mudança da regra no Canadá, a pressão sobre a ISU aumentou. Uma das principais defensoras da mudança foi Kaitlyn Weaver, atleta queer e três vezes medalhista mundial, que participou do comitê canadense que propôs a mudança da regra no país. Weaver compareceu a reuniões na ISU e questionou sobre a possibilidade de mudança na regra. A resposta que recebeu foi interessante: “sim, estamos pensando sobre isso”.

Desafios no esporte

A patinação no gelo tem lutado contra o crescente desinteresse do público na modalidade. Os ratings nas Olimpíadas estão caindo, e alguns críticos afirmam que isso se deve ao fato de a patinação não ter se atualizado no tempo, suas regras são difíceis de serem assimiladas pelo público geral. Se o conservadorismo da patinação tem sido visto como uma das causas do desinteresse na modalidade, a solução poderia ser uma atualização das regras, uma modernização e aceitação da diversidade nos programas. Mas como fazer isso garantindo igualdade na competição?

Uma das saídas pode ser explorar a modalidade do Ice Dancing. Esse estilo é famoso entre os amantes da patinação, pois nele são proibidos saltos, então os pares devem combinar coreografias com sincronia e química suficientes para encantar os jurados. Como nele o aspecto físico dos saltos não existe, o Ice Dancing é o maior candidato a receber essa mudança, sendo Papadakis e Hubbell patinadoras de Ice Dance. 

Para mudar a regra, é necessário que no próximo congresso da ISU, em Las Vegas no próximo ano, haja 2 á 3 votos a favor na proposta. É certamente um desafio, mas já tem vários defensores a favor, inclusive Gabriella Papadakis e Madison Hubbell.

Elas inclusive dizem que a mudança pode transformar o Ice Dancing, já que sem um homem e uma mulher, as regras pré-estabelecidas do estilo caem por terra. Não há mais uma pessoa definida para “guiar” e nem outra a ser guiada. Essa é uma das características que as duas dizem ser mais desafiadoras no projeto delas como dupla.

No fim, ainda que a dupla tenha sido feita como um projeto extra das amigas, ele é surpreendentemente forte pois ambas são medalhistas olímpicas recentes (2022). Ele pode provar de uma vez por todas que a patinação pode ser linda e atraente de formas e estilos diversos.

Divulgação do projeto

As duas amigas patinadoras se comprometeram com a ideia de, pela divulgação online do seu projeto como dupla, advogar pela mudança da regra.

No Canadá já existem interessados em formar duplas do mesmo sexo. O atleta Émile Couture recentemente publicou um adicional no site Icepartnersearch.com procurando um outro patinador que tope formar uma dupla e competir o campeonato nacional em 2024.

Sobre as Patinadoras

Gabriella que patina com seu parceiro Guillaume Cizeron, é uma das grandes responsáveis por essa mudança. Em 2018, durante a apresentação no campeonato mundial de patinação artística, a roupa da atleta acabou se desprendendo e deixando um dos seios da patinadora à mostra. O ocorrido, que poderia ter sido um grande constrangimento, foi superado com maestria pelo casal, que continuou a apresentação sem interrupções, ganhando a admiração de todos que assistiam.

A partir desse momento, Papadakis se tornou uma referência não apenas na dança do gelo, mas também como uma porta-voz da diversidade e da inclusão no esporte. Em entrevistas, a atleta francesa destacou a importância de quebrar barreiras e preconceitos e defendeu a inclusão de pares do mesmo gênero na dança no gelo.

Madison Hubbell, por sua vez, também é uma patinadora que vem ajudando a mudar a visão conservadora da dança no gelo. Em 2018, ela fez par com Zachary Donohue, mas recentemente começou a treinar com Adrian Diaz, patinador cubano que faz parte do time de Cuba.

A dança no gelo é uma modalidade que exige muita confiança e parceria entre os patinadores, independentemente do gênero de cada um. Gabriella Papadakis e Madison Hubbell são exemplos de atletas que estão ajudando a quebrar preconceitos e a tornar a dança no gelo um esporte mais inclusivo e representativo. A inclusão de pares do mesmo gênero na dança no gelo é um avanço importante e uma vitória para a diversidade e para a igualdade de gênero no esporte.

clicando nas setas a esquerda, você confere o vídeo que viralizou nas redes sociais esta semana das atletas treinando nos Estados Unidos:

 

Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook Instagram

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *