Polícia reage contra ameaças e realiza ações de busca e apreensão

Foto: Marcos Maluf/O Estado Online
Foto: Marcos Maluf/O Estado Online

Suspeitos estão sendo encaminhados para delegacias e investigados

O dia 14 de abril foi marcado por tensão, nas escolas de Campo Grande, devido a um aviso que circulava nas redes sociais, fazendo menção à data e ao próximo dia 20, em que massacres e violências poderiam vir a acontecer. Atentos durante as aulas, alunos e professores precisaram enfrentar o dia com muita atenção. Na escola municipal Santos Dumont, um aluno foi suspenso, após ser flagrado com um simulacro de arma de fogo.

Conforme apurado pelo jornal O Estado, a Polícia Militar foi acionada pela direção da escola, após um colega de turma ver a arma dentro da mochila, na sala de aula. Ao saber da situação, o aluno informou a direção da escola, que chamou a polícia. Os responsáveis pelo estudante que portava o simulacro foram chamados até a escola, e responderão pela atitude do estudante. Apesar do susto, ninguém se feriu e as aulas tiveram continuidade.

Enquanto alguns brincam com a situação, outros se planejavam para atacar colegas de escola. Na última terça-feira (11), após receber denúncias de massacre na escola estadual Manoel Bonifácio Nunes da Cunha, no Jardim Tarumã, na região do Lagoa, na Capital, a Polícia Civil identificou o aluno que teria propagado mensagens incentivando a violência. O registro da ocorrência foi feito no dia 11 de abril e as investigações foram realizadas por equipes da 6ª Delegacia, mas só foram divulgadas nessa sexta-feira (14).

Na ocasião, o adolescente infrator foi devidamente qualificado nos autos e conduzido, acompanhado do pai, para a unidade policial, para prestar esclarecimentos. As investigações estão em andamento na DEAIJ (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude).

Para os vizinhos da escola municipal Santos Dumont, o medo também os atinge. Para a aposentada Lurdes dos Santos, 68, saber do que está acontecendo nas escolas a faz temer pelos netos.

“Moro em frente à escola e aqui já teve esse problema, de o aluno ameaçar os colegas. Apesar dos meus netos não estudarem aqui, fico com medo, do mesmo jeito. Na saída da escola sempre sento no portão e fico olhando eles irem embora, mas agora dá medo, nunca se sabe o que pode acontecer. Só Deus para livrar todos eles”, relatou a idosa.

Conforme a Polícia Militar, as equipes estão acompanhando diariamente os casos relatados pelas unidades educacionais e já têm encaminhado os envolvidos para esclarecimentos, nas delegacias.

“Estamos recebendo informações sobre algumas situações nas escolas e averiguamos, visitando cada escola. Havendo algo, estamos encaminhando a pessoa, adulto ou adolescente, para a delegacia e adotando as medidas cabíveis, com a supervisão dos pais, se for o caso, com os jovens”, informou a corporação para o jornal O Estado.

A equipe de reportagem entrou em contato com a escola estadual, mas ela optou por não falar com a imprensa sobre o ocorrido, seguindo instrução da REE (Rede Estadual de Ensino). Conforme apurado, a diretora da escola participou da capacitação para os servidores de como agir em caso de ataques e violências nas escolas, que foi realizada na manhã de ontem (14).
Contudo, de acordo com coordenador do programa Escola Segura Família Forte, Valson Campos dos Anjos, embora as equipes ainda estejam registrando casos de ameaças, a situação já revela um cenário menos violento, em todo o Estado.

“Já se vê mais calmaria. Está sendo muito ágil e está trazendo novamente a tranquilidade para as escolas. No momento, todas as ocorrências, todas as solicitações estão sendo atendidas com muita eficiência, com muita seriedade e como emergência. Todas as escolas tiveram atendimento de imediato e tudo foi tranquilizado. Depois desse comitê integrado de comando e controle, já diminuiu consideravelmente aquele surto de alta preocupação. Já acalmou muito. Então, esperamos que, na próxima semana, isso já não seja mais assunto. Porque já está muito tranquilo”, pontuou.

Apesar do pânico nas escolas, aulas não serão suspensas, em 20 de abril

O medo pelo dia 20 de abril também foi alastrado nas escolas, sejam elas estaduais, municipais ou privadas. Apesar dos ataques e ameaças enfrentadas, o governador do Estado de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, afirmou que as aulas serão mantidas normalmente.

Em entrevista, Riedel citou um dos vídeos que estão circulando na internet, sobre o possível massacre. “O Estado não vai ficar refém de fake news e internet, em momento algum e em nenhuma área. As escolas vão funcionar normalmente, os alunos irão para aula e faremos de tudo para que seja um dia como os outros”, afirmou ele, dizendo não se tratar de desmerecer ou ignorar eventuais situações.

O vídeo citado durante a entrevista vem circulando na internet, com um pedido de ajuda para a data. “Peço à Polícia Militar, Civil, Federal e Polícia de Crimes Cibernéticos que, na semana do dia 20 de abril, reforcem o policiamento nas escolas, creches, sejam elas da rede estadual, municipal ou privada. Jovens terroristas estão planejando fazer o maior massacre em massa nesse dias nas escolas do Brasil, isso porque no dia 20 de abril completa 24 anos do massacre de Columbine. Por isso, peço a todos vocês que divulguem esse vídeo, cobrem a direção de suas escolas”, informa o vídeo.

60 denúncias

Atualmente, a Polícia Civil, em Mato Grosso do Sul, está investigando, ao menos, 60 denúncias de perfis nas redes sociais, que fazem menção ou tratam diretamente de ameaças de massacre nas escolas, é o que afirma o CICC (Centro Integrado de Comando e Controle), instalado no comando-geral da Polícia Militar.

Os casos começaram a ser relatados depois do ataque à creche em Blumenau, em Santa Catarina, quando quatro crianças foram mortas nas dependências da unidade de ensino.

De acordo com o diretor do departamento de inteligência policial da Polícia Civil, Odorico Ribeiro Mendonça e Mesquita, o gabinete de crise foi desenvolvido como parte das ações tomadas como medida de segurança, após sequência de ameaças de ataques às escolas no Estado, e em nível nacional.

Ainda segundo ele, as 60 denúncias se tratam de procedimentos instaurados pela polícia e boletins de ocorrência e que, na maioria dos casos, se tratam de perfis criados por adolescentes. Apesar da situação, por enquanto, não há risco de tragédia. “Embora não haja esse risco, estamos monitorando e observando, a todo momento”, afirmou.

Conforme o diretor do departamento de inteligência policial, as plataformas TikTok e Instagram, principais redes sociais acessadas por crianças e adolescentes, estão colaborando com a investigação, encaminhando com agilidade os pedidos feitos pela Polícia Civil. A polícia garantiu ainda que foram expedidas representações judiciais para busca e apreensão e identificação dos criadores dos perfis suspeitos.

Investigação em Água Clara

A Polícia Civil também deu cumprimento, na última quinta-feira (13), a um mandado de busca e apreensão e apreendeu um adolescente suspeito de aterrorizar pais, alunos e professores, no município de Água Clara-MS. Ele foi apreendido no bairro Jardim Novo Horizonte.

Segundo apurado, na terça-feira (11), uma postagem de um perfil anônimo, criado em uma rede social, começou a causar pânico nos moradores da cidade. Várias pessoas entraram em contato com a Polícia Civil, para encaminhar print do citado perfil. De imediato, a equipe da Delegacia de Polícia Civil de Água Clara, com o apoio do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), iniciou diligências para identificar o autor da postagem.

No dia seguinte, em menos de 24 horas após a postagem, o autor já havia sido identificado, tendo a Polícia Civil representado pela expedição de Mandado de Busca e Apreensão Domiciliar e de Mandado de Apreensão do adolescente.

Os pedidos foram integralmente deferidos pelo poder Judiciário, sendo cumprido, por volta das 14:30. Dentre os itens apreendidos na residência do adolescente, constam um relógio e um cordão dourado, que apareceram no print da postagem, além de uma máscara comumente utilizada na prática de crimes. O menor segue cumprindo mandado de internação provisória.

Por Brenda Leitte e Suelen Morales – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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