Doença de Lyme-Símile é transmitida por carrapatos

Foto: Divulgação
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O que é?

A doença de Lyme-símile ou síndrome de Baggio-Yoshinari, foi descrita, pela primeira vez no Brasil, em 1992, pelo Professor Dr. Natalino Hajime Yoshinari, com o qual tive a honra de trabalhar na Faculdade de Medicina da USP, na década de 90.

Existem mais de 800 espécies de carrapatos e muitos deles podem transmitir doenças aos animais silvestres, domésticos e a humanos.

No caso da doença de Lyme-símile, é transmitida durante o contato e picada de carrapatos, conhecidos popularmente como micuim (fase de ninfa do carrapato) ou rodulero (fase adulta), que infestam o gado bovino, cavalos e outras espécies, que infestam cachorros (carrapato vermelho).

Diversos nomes são dados aos carrapatos mais comuns em nosso meio.

Durante a picada, o carrapato introduz através da pele do indivíduo a bactéria, que é do gênero Borrelia, e se espalha e multiplica no local da picada e para outros locais. Uma vez na corrente sanguínea, a Borrelia vai se instalar em vários pontos do organismo, como as articulações, coração e cérebro, por exemplo, promovendo infecção.

Quais os sintomas?

Inicialmente, no local da picada observa-se uma lesão avermelhada, de centro claro, que aumenta de tamanho com os dias, confundida com reação alérgica.

Eritema migratório em paciente com síndrome de Baggio-Yoshinari (SBY).

Reprodução

Essas lesões podem durar algumas semanas e depois, o indivíduo começa a sentir dor e inchaço das juntas, principalmente joelhos e tornozelos. Porém, pode acometer outras articulações.

Após 1 mês ou mais, as lesões na pele podem voltar, porém, em vários locais ao mesmo tempo, sendo denominados de eritemas secundários.

Mais tardiamente, podem ocorrer sintomas que sugerem comprometimento do sistema nervoso, como quadros de perda de força nos membros, perda ou diminuição da sensibilidade, ou, ainda, sintomas de meningite, dor de cabeça, alterações do comportamento e de orientação, entre outros.

Lesão no coração é menos frequente mais pode ocorrer.

Como é feito o diagnóstico?

A história de contato anterior com carrapatos, ou ter ido à área rural em região de mata, ou capim, ou contato com animais domésticos infectados, é o primeiro sinal de alerta para a hipótese diagnóstica.

O relato de presença de lesões de pele, como descrita acima, dor e/ou inflamação articular, comprometimento do sistema nervoso, a doença de Baggio-Yoshinari deve ser pensada e investigada.

Tem tratamento?

O tratamento medicamentoso é feito com antibióticos e anti-inflamatórios, usados por várias semanas, pode levar a cura, principalmente nos casos que tiveram o tratamento instituído nas primeiras semanas.

Em outros pacientes a doença pode se tornar crônica, de difícil tratamento e com possibilidades de recidiva. Nesses casos, com manifestações de autoimunidade, o uso de imunossupressores pode ser aventado.

Como prevenir?

– Ao caminhar em região de mata ou capim, usar camisa de mangas compridas, calças devem ser colocadas por dentro das meias. Quando terminar a caminhada, fazer exame detalhado no corpo em busca de possível carrapato, principalmente em áreas de pelos.

– Não retirar os carrapatos dos animais com as mãos desprotegidas, usar sempre uma pinça e não esmagar o carrapato nas unhas.

– Usar carrapaticidas nos animais domésticos e cuidar para que eles não estejam infestados por carrapatos.

– Aos primeiros sinais de lesão cutânea procurar o médico Reumatologista.

Dr. Izaias Pereira da Costa: Professor titular da Famed da UFMS, professor do curso de pós-graduação Saúde e Desenvolvimento do Centro-Oeste, da UFMS; coordenador do programa de residência médica em reumatologia, do Humap/Ebserh/UFMS; titular da caddeira 23, da Academia Brasileira de Reumatolog. Acesse também: Justiça autoriza remoção de 1.899 carros de delegacias

‘Doutor, estou com muita dor nas costas, pode ser dos rins?’

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