Segundo os comerciantes de Campo Grande, entre 50 a 80% do público realiza pagamentos no Pix
Com o intuito de reforçar a segurança da população em relação ao uso do Pix, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, anunciou durante a semana no Lide Forum Conference a criação do Pix por aproximação. O Pix será incorporado às carteiras digitais dos smartphones, onde será possível adicionar cartões para pagamentos por aproximação. Com essa atualização, os usuários não precisarão abrir os aplicativos dos seus respectivos bancos, tornando mais simples o processo para as transações.
Para fazer uso do Pix por aproximação, será necessário inscrever uma instituição financeira diretamente na carteira digital do aparelho, utilizando as informações da conta bancária em vez do número do cartão. Ainda assim, para transações de até R$ 200, os clientes deverão acessar o aplicativo do BB, selecionar a opção “Pix por aproximação” e realizar a autenticação biométrica ou inserir a senha de login pela questão de segurança na hora do pagamento. Para valores superiores, é necessário também inserir a senha transacional utilizada no Pix convencional.
O proprietário da loja Top Bike, Osvaldo Gamarra explica que para seu comércio de bicicletas e manutenção desses aparelhos, o uso do pix por aproximação só beneficiará o atendimento aos clientes e a segurança do estabelecimento. “Como comerciante, vejo isso como algo positivo. A nova funcionalidade do PIX aumenta a segurança e facilita as vendas. Antes, o processo de confirmação de pagamento era mais complicado e demorava. Agora, com a maquininha, o cliente apenas aproxima o celular e pronto”. Segundo o proprietário do estabelecimento afirmou que atualmente, cerca de 80% de suas vendas são feitas por meio de Pix e cartão. “Dinheiro não existe mais aqui dentro da minha loja”.
A atendente da loja Ella Biju, Tamires Ocampos também relata que essa nova funcionalidade beneficiará o comerciante da Capital. “Cerca de 50% dos pagamentos são feitos para a loja através do pix, enquanto o uso de dinheiro é praticamente inexistente. Já o crédito ainda é bastante utilizado, mas o dinheiro quase não aparece mais. Com isso acredito que o formato de aproximação poderá ser benéfico tanto para o consumidor quanto aos nossos clientes”.
Tamires afirma que sempre é atenta para não cair em nenhum golpe por parte de clientes, por isso a atendente se mantém atenta ao aplicativo do banco da loja verificando se caiu o pagamento. “Sempre conferimos se caiu o pagamento certinho para não haver nenhum risco, mas caso demore pedimos para o cliente aguardar um pouco no estabelecimento”.
Maria Inês Ferreira da Silva Cruz também é proprietária de uma loja localizada na rua da divisão já faz sete anos, e segundo a comerciante a nova funcionalidade será uma forma de melhorar o atendimento e se manter segura ao saber que o pagamento foi feito. “Acredito que essa mudança é positiva, pois proporciona a garantia de que o pagamento foi realmente efetuado. Muitas vezes, com o celular, o cliente apenas mostra o pagamento, e não temos tempo de verificar. Para garantir a segurança, costumo verificar o celular e o aplicativo imediatamente. Quando está muito cheio, às vezes confiamos mais no que o cliente diz, mas isso também traz o risco de perdermos a confirmação”.
O economista Eugênio Pavão explica que a nova modalidade de pagamento facilitará as transações utilizando contas digitais, beneficiando tanto os clientes quanto os vendedores. Em relação aos juros dos bancos, ele esclarece que essa mudança não trará efeitos negativos aos comerciantes, pois a taxa de juros do PIX é inferior à do débito. Enquanto o PIX pode ter juros de até 1,4%, os pagamentos por débito nas maquininhas podem chegar a 1,7% ou 2%.
Questionado sobre um possível fim do débito entre os consumidores, o economista destacou que mudanças nos formatos de pagamento levam tempo. Assim, os consumidores que têm mais dificuldade em usar o Pix continuarão a optar pelo débito. “A tendência é realmente de transformação no sistema financeiro, com as modalidades atuais experimentando a concorrência de novos instrumentos financeiros. Entretanto, a facilidade do sistema deve, no médio prazo aposentar as atuais formas de pagamento. Desta forma, serão necessárias adaptações no lado da oferta (comerciantes, prestadores de serviços), bem como no lado da demanda (consumidores) e no meio termo, as negociações entre as empresas. Como tudo que é novidade, será rapidamente absorvido pelos mais antenados a tecnologia, mas o cartão de débito continuará por algum tempo”.
O lançamento oficial dessa nova funcionalidade está agendado para está segunda-feira (04). Campos Neto mencionou que o Google já está confirmado, e as negociações com a Apple estão em progresso. Dessa forma, o serviço estará disponível inicialmente para usuários de dispositivos Android.
Criação do Pix automático
Outro recurso que voltou ao debate é o Pix automático, especialmente após a introdução do Pix de aproximação. Esse recurso visa tornar as cobranças recorrentes mais práticas para os clientes bancários, operando de forma similar ao débito automático. A intenção dessa funcionalidade é facilitar o pagamento de serviços como contas de água, luz e gás, mensalidades de escolas, academias, condomínios, além de outros serviços que funcionam por assinatura.
Os usuários terão acesso a funções que permitem gerenciar os pagamentos automáticos. Por exemplo, o cliente poderá definir um teto máximo para o valor das parcelas a serem debitadas e terá a liberdade de cancelar a autorização a qualquer momento.
O Pix automático permitirá transações sem custos e sem a necessidade de autenticação. Esse recurso será gratuito para o pagador, desde que haja uma autorização prévia e específica, concedida uma única vez, para ativar o pagamento automático através do dispositivo utilizado para acessar o Pix, seja pelo celular ou computador, conforme informações do Banco Central.
O recurso foi mantido para o ano de 2025. Em uma resolução divulgada em julho, o Banco Central determinou que o Pix automático entrará em vigor em 16 de junho do próximo ano, ao contrário do que havia sido anunciado anteriormente, que seria em outubro deste ano.
Por João Pedro Buchara
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