Especialistas explicam como o inseto age no combate as pragas no campo
Considerado como um aliado para os agricultores, o besouro de esterco conhecido popularmente por ‘besouro rola-bosta”, tem garantido para produtores uma economia significativa. Isso porque, o uso do inseto tem um papel importante no processo de pastagem na criação de gado. Conforme explicou o economista do SRCG (Sindicato Rural de Campo Grande), Staney Barbosa.
“Existem diversos benefícios no uso desses besouros em áreas de pastagem, isto porque eles fazer uma simbiose perfeita com o rebanho. Posso citar o seu papel no controle e redução de pragas que recorrentemente afetam os bovinos, como a presença de moscas, que ferem ou aumentam o desconforto dos animais, o que acaba impactando no estresse e consequentemente na capacidade de ganho de peso dos animais”, destacou o especialista.
Barbosa, explica ainda sobre a importância para o ecossistema do entorno da propriedade ruralmente, pois esses besouros também adubam as pastagens e reviram o solo, facilitando ali a fixação de nitrogênio e de outros nutrientes. “Assim, acaba sendo uma forma natural e barata de se melhorar a qualidade e reduzir a degradação do solo, o que se traduz em ganhos econômicos e redução de custos no curto, médio e longo prazo”, conclui.
O professor de Biologia, Fabiano Izidoro detalhou com o besouro de esterco age no solo colaborando para alimentação dos gados. Ação simples que impacta positivamente na produção, e consequentemente na economia dos produtores de Mato Grosso do Sul.
“Os besouros enterram o esterco, o que ajuda a deixar a terra mais rica em nutrientes. Isso faz com que o pasto fique melhor, o que é ótimo para o gado, pois eles comem um alimento mais nutritivo, o que aumenta a produção e a produtividade. O esterco que fica no pasto pode atrair moscas e parasitas que fazem mal ao gado. Como os besouros se livram rápido das fezes, isso ajuda a diminuir essas pragas e, com isso, gastamos menos com remédios e controle de pragas. No final, usar o besouro de esterco ajuda muito a economizar e melhorar a produção, fazendo com que as propriedades rurais aqui no Mato Grosso do Sul sejam mais eficientes e lucrativas”, reforça o professor.
Estudo
Os mais icônicos desses insetos recolhem o material defecado em uma bola, rolam-no para longe e depois o enterram no subsolo. Outros cavam túneis sob as fezes e as coletam sem nunca serem vistos. Alguns apenas se enterram nas pilhas de esterco e constroem um ninho de onde se alimentam.
Toda essa atividade pode proporcionar valor econômico aos agricultores, embora o quanto isso representa tenha sido incerto por muito tempo. Em um artigo recente da revista Basic and Applied Ecology, a ecologista Roisin Stanbrook-Buyer, da Universidade Bethune-Cookman na Flórida, tentou calcular um valor exato.
Ela trabalhou com uma equipe de colegas para estudar fezes de gado em dois ranchos e um parque estadual no centro-sul da Flórida. Eles descobriram que, em uma pilha representativa de esterco onde os besouros estavam presentes, as fezes desapareciam a uma taxa média de 10,7 gramas por dia. Em contraste, quando os insetos estavam ausentes, desapareciam a uma taxa de 3,7 gramas por dia.
Essa disparidade tem consequências. Estudos mostraram que, a princípio por causa do cheiro, o gado evita comer em uma área até seis vezes maior do que o tamanho do esterco. Quando o odor diminui, os nutrientes nas fezes fazem com que o pasto amadureça mais rápido e se torne intragável.
Com o tempo, isso pode inutilizar grandes seções de pastagem e, em última instância, afetar a rapidez com que o gado engorda. Stanbrook-Buyer descobriu que os besouros do esterco combatem esses efeitos negativos. Ela calcula que garantir uma presença saudável de besouros em todos os ranchos da Flórida aumentaria as receitas estaduais em mais de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,5 mi) por ano.
Por Suzi Jarde com informações Folha de São Paulo
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