Tarifas dos EUA afetam indústria, mas impacto em MS deve ser menor

Mineração de ferro em Corumbá, distante 427 quilômetros de Campo Grande - Foto: Semadesc
Mineração de ferro em Corumbá, distante 427 quilômetros de Campo Grande - Foto: Semadesc

Conforme explica o economista Eugênio Pavão, mineradoras de Corumbá podem ser afetadas

O Congresso Nacional aprovou uma resposta ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O Senado e a Câmara dos Deputados aprovaram o Projeto de Lei 2.088/2023, que permite ao Brasil aplicar tarifas recíprocas a países que adotem medidas unilaterais contra produtos nacionais. O texto seguiu para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A decisão do Congresso ocorre em meio ao anúncio do presidente norte-americano, Donald Trump, de que aplicará uma tarifa de ao menos 10% sobre produtos importados do Brasil. A medida entra em vigor a partir de 5 de abril e faz parte da política de proteção da indústria norte-americana.

A aprovação do PL 2.088/2023 no Senado foi unânime, com 70 votos a favor. Parlamentares destacaram a necessidade de manter o diálogo diplomático, mas ressaltaram que a adoção de medidas retaliatórias é um mecanismo importante para garantir a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.
O economista Eugênio Pavão explica que a nova política tarifária dos EUA busca estimular a indústria local ao encarecer produtos importados. Ele destaca que a tarifa afeta setores como o de automóveis, alumínio e siderurgia. No entanto, Mato Grosso do Sul deve sofrer impacto reduzido, com efeitos concentrados nas mineradoras de Corumbá, que têm as exportações como principal destino.

“Com a produção mineral in natura, as exportações afetadas pela tarifa devem ser redirecionadas a outros países como forma de compensação. Para o mercado interno de MS, os efeitos serão insignificantes”.
O economista avalia como positiva a reação do Congresso Nacional, pois considera que o Brasil precisa adotar medidas para proteger sua economia frente às políticas protecionistas norte-americanas.

“A resposta à ‘provocação’ está sendo proporcional ao ataque, garantindo a soberania do país. As instituições internacionais, como a Organização Mundial do Comércio, podem garantir direitos, mas os processos são demorados e exigem julgamento técnico”.

Pavão alerta, no entanto, que esse pode ser apenas o início de uma disputa comercial mais ampla. “Os republicanos norte-americanos demonstram intenção de proteger setores fragilizados da economia dos EUA, como a siderurgia e a indústria automobilística. A percepção é de que, em breve, novos setores e novas tarifas venham a afetar mais fortemente a economia brasileira e de Mato Grosso do Sul, caso as tarifas se direcionem para a produção agrícola e pecuária do Centro-Oeste”, afirma.

Medidas cabíveis

O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira (3) que o Brasil “respeita todos os países, do mais pobre ao mais rico, mas que exige reciprocidade” e que o protecionismo não cabe mais no mundo moderno. A fala ocorreu em reação às tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros.

“Diante da decisão dos EUA, de impor sobretaxa aos produtos brasileiros, tomaremos todas as medidas cabíveis para defender nossas empresas e nossos trabalhadores brasileiros”, disse Lula, no evento “Brasil Dando a Volta por Cima”, organizado pelo governo.

Segundo o petista, a reação ocorrerá tendo por referência a lei da reciprocidade, aprovada na quarta-feira (2) pelo Congresso Nacional, e as diretrizes da OMC (Organização Mundial do Comércio). “[O Brasil] não bate continência para nenhuma outra bandeira que não seja a verde e amarela”, afirmou.

 

Por Djeneffer Cordoba

Acesse as redes sociais do Estado Online no Facebook Instagram

 

Leia mais

Vendas de máquinas e equipamentos sobem 17% no primeiro bimestre

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *