Estado com R$ 18,03, fica atrás apenas do Pará, onde a alta é 19,45
“Vou ter que apelar para lamparina, voltar ao tempo das pedras”, esse é o desabafo da vendedora, Leonice Inácio, 56, diante de mais um reajuste nas tarifas de energia elétrica no país. Em Mato Grosso do Sul a mudança traz um impacto maior, ocupando o segundo lugar com a luz mais cara do Brasil.
De acordo com levantamento da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), a previsão é de um aumento de R$ 18,03 por megawatt-hora (MWh). O acréscimo traz um efeito potencial de até 9% nas contas de luz, afetando diretamente consumidores residenciais, empresas e o setor produtivo. O Estado fica atrás apenas do Pará, onde a alta deve atingir R$ 19,45/MWh.
O reajuste, segundo a entidade, é reflexo dos vetos à lei que estabelece diretrizes para a geração de energia eólica offshore, sancionada em janeiro deste ano. A Abradee estima que o impacto acumulado para os consumidores brasileiros pode chegar a R$ 545 bilhões, valor que equivale a 25 anos operando sob o sistema de bandeira vermelha 2, o patamar mais alto das cobranças adicionais na conta de luz.
Até mesmo quem tem consciência de consumo sofre com essa notícia, Leonice conta que todos eletrodomésticos são utilizados com bastante cautela em sua casa. “Minha casa é pequena, não paro lá e já vem uma conta cara, agora sim a situação vai ficar complicada. Evito usar ferro de roupas, chuveiro quente é cronometrado, tudo utilizado com muito cuidado já pra evitar o susto no final do mês”, esclareceu.
Outros setores da economia sul-mato-grossense, para além do comércio, também devem sentir os efeitos do reajuste, que, conforme a Abradee, pode somar 0,35 ponto percentual por mês ao índice oficial de inflação. Marcos Madureira, presidente da associação, criticou os vetos à legislação, ao afirmar que os “jabutis” incluídos no texto original beneficiavam grupos específicos, mas comprometiam a modicidade tarifária para toda a população. “Esses subsídios vão pesar especialmente no bolso da população mais pobre”, disse à Folha de S.Paulo.
Além de Mato Grosso do Sul, demais unidades da federação do Centro-Oeste também aparecem entre os mais impactados. O Mato Grosso, por exemplo, terá aumento de R$ 17,56/MWh, enquanto Goiás deverá registrar alta de R$ 15,46/MWh. O Distrito Federal segue com reajuste de R$ 15,41/MWh.
Ranking dos maiores reajustes (R$/MWh)
1. Pará – R$ 19,45
2. Mato Grosso do Sul – R$ 18,03
3. Alagoas – R$ 17,88
4. Rio de Janeiro – R$ 17,97
5. Amazonas – R$ 17,77
6. Mato Grosso – R$ 17,56
7. Piauí – R$ 17,18
8. Acre – R$ 17,16
9. Tocantins – R$ 17,06
10. Bahia – R$ 17,01
Fala Povo
Angi Oskarin, 38, Auxiliar de cozinha

Angi Oskarin, 38 anos – auxiliar de cozinha – Foto: Roberta Martins
“Essa conta bate em cima, trabalhamos o dia todo, ou seja, passamos o dia fora e a conta continua nas nuvens, imagina agora com esse aumento? Agora é se organizar, ver o que da pra parcelar porque a luz é prioridade”.
Elizabet Ribeiro, 66, aposentada

Elizabet Ribeiro, 66, aposentada
“Um absurdo mais um aumento, todo tipo de aumento pesa o bolso. Até porque não temos só a luz para pagar, temos outras contas mensais”.
Pedro Ramos – 64 – aposentado

Pedro Ramos, 64 anos, aposentado – Foto: Roberta Martins
“A gente não tem o que fazer, infelizmente, sem luz não da pra ficar. Então, não tem pra onde correr”.
Ailton Maia, 35, vendedor

Ailton Maia, vendedor – Foto: Roberta Martins
“Acho que o serviço não acompanha o aumento do preço, já que vai subir tem que melhorar tudo, tem que ser progressivo tanto o aumento no valor como na qualidade do serviço”.
Por Djeneffer Cordoba e Taynara Menezes
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