Aproximadamente 800 mil toneladas de minério de ferro estão represadas no porto de Ladário – distante 420 quilômetros de Campo Grande – em função da seca na região pantaneira de Mato Grosso do Sul. A falta de chuvas prejudica a navegabilidade do Rio Paraguai e restringe exportação e importação de mercadorias pela hidrovia.
As informações são da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), cujo titular, Jaime Verruck, participou de videoconferência na terça-feira (4) com autoridades governamentais e empresários do Brasil e da Bolívia. O encontro virtual foi realizado a fim de discutir soluções logísticas e entraves para consolidar a Hidrovia Paraguai-Paraná como modal estratégico para o país.
Verruck discorreu sobre a seca no Pantanal, a pior desde a década de 1970, e os impactos da falta de chuva no escoamento das commodities.
“Temos altíssimas restrições de calado e de navegabilidade no rio. Isso tem afetado as exportações e importações brasileiras e bolivianas. Todo o potencial logístico que tínhamos pela hidrovia ficou bastante comprometido em função do calado e também pela elevação do custo do frete, que já aumentou US$ 4,00 por tonelada”, disse, durante videoconferência.
Somente este ano, as perdas decorrentes do baixo calado do Paraguai e o consequente aumento do frete foram estimadas em US$ 28 milhões (R$ 147,7 milhões, no câmbio atual) pela InterBarge, consultoria contratada pela Cadex (Câmara de Exportadores, Logística e Promoção de Investimentos de Santa Cruz-BOL).
A consultoria sugeriu ampliar o tamanho dos comboios no Canal do Tamengo – próximo de Corumbá – e desburocratizar a liberação dos comboios na Bolívia e em Porto Murtinho.
Segundo a APH (Associação Pró-Hidrovia do Rio Paraguai), existe a expectativa por um aporte de R$ 6 milhões do Ministério da Infraestrutura para obras de melhoria na navegabilidade do trecho entre Corumbá e Cáceres.
Conforme o Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, da Marinha brasileira, o nível do Rio Paraguai em Ladário está em 1,35 m, marca mais baixa desde 2015. No mesmo dia do ano passado, a régua marcava 3,80 m.
(Texto: Jones Mário/Publicado por João Fernandes)