Preços do café sobem novamente com reflexo na produção brasileira

Café é moído na hora
em box do tradicional
Mercadão Municipal
de Campo Grande (Fotos: Nilson Figueiredo)
Café é moído na hora em box do tradicional Mercadão Municipal de Campo Grande (Fotos: Nilson Figueiredo)

Apesar da alta, a tendência é que comerciantes e empresários não repassem essas flutuações aos consumidores

Os preços do café subiram novamente com aumentos de produção no Brasil e no Vietña. O contrato para julho atingiu US$2,31 por libra-peso, representando um acréscimo de 2,1%, após já ter registrado encarecimento de 1,8% no fechamento anterior.

Para o economista Eduardo Matos, o mercado está estabelecendo patamar de preços mais elevados. Essa tendência é marcada por uma escalada de alta e caracterizada também por uma volatilidade nos valores.
A incerteza em relação à safra do Vietnã, com a iminência do inverno no Brasil, acrescenta riscos às lavouras, especialmente para a segunda metade de junho e julho. Além disso, há relatos de que o café brasileiro está com grãos menores e uma redução no volume beneficiado, o que contribui para a elevação dos preços.

O que deve acontecer é, não apenas manter o preço no patamar alto (já estamos com um preço bastante elevado para o café), como ainda deve subir mais. “As exportações devem subir por conta da produção bem abaixo no Vietnã, hoje um dos principais concorrentes do Brasil no mercado externo. Então devemos fazer o seguinte exercício: produtividade baixa no país (devido aos grãos menores), principal concorrente com baixa produção e elevação de preços, logo a exportação se torna mais atraente para os produtores brasileiros, com isso a oferta interna deve diminuir e os preços aqui no país devem aumentar” explica o economista.

O mercado trabalhava com uma colheita menor, de 24 milhões de sacas, o que forçou uma alta dos preços. O Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), no entanto, divulgou uma safra de 29 milhões na semana passada, e os preços caíram. Deste volume, apenas 1,15 milhão de sacas é de café arábica.
Essa incerteza em relação à produção mundial, mesmo com a entrada da safra brasileira, gera volatilidade de preços, segundo o economista.

Consumidor final

Marcos Duran, empresário e proprietário de um box no Mercadão Municipal de Campo Grande há 22 anos, destaca que nos últimos meses houve um aumento significativo nos preços nos distribuidores, chegando a uma média de 30%. Diante desse cenário, ele enfatiza que opta por manter os preços estáveis para não impactar o consumidor final. “Quando ocorre uma redução nos preços dos produtos, eu aproveito para adquirir mais mercadoria para evitar passar essas flutuações de preços aos clientes”.

Para os amantes de café como a comerciante Clara Marques, a rotina diária da bebida é sagrada, independentemente das oscilações de preço. Segundo ela, a qualidade do café é essencial, e está disposta a pagar o preço por isso.“Mesmo que o valor suba, a gente paga um pouco mais no café não importa, mas não deixa de lado”.

Alexandre Fialho, proprietário de um café localizado no centro da Capital, destaca sua preocupação em manter os preços estáveis, sem repassar os aumentos para os clientes. Ele adota uma estratégia que foca em agregar valor ao produto, buscando criatividade e diversificação. “Nos esforçamos para encantar o cliente, proporcionando uma experiência única, como coar o café diretamente na mesa, e continuamos empenhados em cultivar a fidelidade desse consumidor”, explica o empresário.

Safra

A safra brasileira está dentro da normalidade, embora haja uma preocupação com a safra de conilon e com o tamanho dos grãos do arábica. O produtor, no entanto, aproveitou o período de pico de abril para efetivar vendas, e agora está menos afobado para colocar o café no mercado.

A safra brasileira de café, conforme a estimativa mais recente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), deverá atingir 58,8 milhões de sacas, 7% acima da anterior.

A produção do café tipo arábica será de 42,1 milhões de sacas, e a de conilon, 16,7 milhões. A área em produção utilizada pelos produtores brasileiros soma 1,9 milhão de hectares, enquanto a do Vietnã é de 600 mil.

O preço mais elevado do café permite aos produtores aumentar os investimentos e manter as áreas em produção. Segundo o Usda, cresce a substituição de pés de café antigos por variedades mais produtivas e mais tolerantes à seca.

As ocorrências meteorológicas vão se tornar mais frequentes ao longo do tempo nos cafezais, devido às alterações climáticas, segundo o órgão norte-americano.

Ana Krasnievicz

 

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