Receita das exportações atingiram recordes em julho, considerando-se série histórica desde 1997
A produção de carne suína sul-mato-grossense vem alcançando patamares de destaque, em 2023 foram 253,9 mil toneladas segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O comportamento do mercado atual com custo de produção baixo, preços atraentes para o consumidor o que aumenta o consumo da proteína animal, são fatores que pesa na balança para que o produtor decida entre criação de suínos ou bovinos. Hoje, a suinocultura tem gerado mais lucratividade para o produtor do campo, segundo detalhou o economista Stanley Barbosa.
“Estamos em período onde a atividade bovina não está com uma rentabilidade muito boa. E se vê na atividade suína uma melhora nas condições de mercado, os preços estão um pouco mais altos, o custo de produção está um pouco menor devido a queda nos preços do milho. Isso cria condições mais favoráveis para que a atividade da suinocultura esteja sendo mais rentável no momento, do que a atividade da bovinocultura. Isso é um ponto que pode se considerar que possa motivar um produtor a deixar uma atividade em prol da outra”, analisa.
O especialista do agronegócio lembra que são condições de equilíbrio de mercado, ou seja, essa é uma realidade atual, mas pode ser que o cenário mude em determinado período. “Estamos vendo uma retomada de alta nos preços da bovinocultura e isso pode fazer com que os produtores voltem a ter incentivo a participar mais dessa atividade [suínos] também. Então existe uma questão de conjuntura que está muito favorável para a suinocultura”.
No último trimestre de 2023, o abate de suínos no Estado aumentou 15,3% em comparação a 2022, de acordo com o Boletim de Suinocultura da Famasul. Os abates de suínos em MS têm crescido a cada ano, registrando um aumento de 63,32% nos últimos 6 anos. “Este aumento pode resultar em uma maior disponibilidade de animais para abate no 1º trimestre de 2024, o que influenciará no aumento do consumo da proteína”, ressalta a consultora técnica do Sistema Famasul, Fernanda Oliveira.
Ainda conforme dados do IBGE, somente no primeiro trimestre deste ano foram produzidas em Mato Grosso do Sul 59,9 mil toneladas de carne suína. Quanto ao número de exportação, são 24,3 mil toneladas no mesmo período.
Mercado em julho
Os preços médios do suíno vivo e da carne registram três meses seguidos de alta, conforme o levantamento mensal do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Em julho, especificamente, as cotações seguiram elevadas na maior parte do período, apesar dos leves recuos no final da segunda quinzena em algumas regiões acompanhadas pelo Cepea. Inclusive, para o animal vivo, a média chegou a ser a mais alta desde fevereiro/21 em termos reais (valores deflacionados pelo IGPDI de julho/24)
A maior procura por novos lotes de suínos para abate para atender às demandas interna e externa impulsionou as cotações dos produtos de origem suinícola no mercado brasileiro.
Em julho, o suíno vivo foi negociado à média de R$ 7,68/kg na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba),forte aumento de 10,1% em relação à de junho e a maior desde abril/21, em termos reais.
Preços e exportações
Tanto o volume quanto a receita das exportações brasileiras de carne suína atingiram recordes em julho, considerando-se a série histórica da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), iniciada em 1997. No mês, o Brasil embarcou 137,1 mil toneladas de carne suína (produtos in natura e processados), superando a marca até então histórica, de 114,7 mil toneladas, registrada em agosto de 2022. Ainda segundo dados da Secex compilados pelo
Cepea, o volume escoado em julho deste ano ficou expressivos 29,4% acima do de junho e significativos 31,5% maior que o de julho do ano passado.
Nos 23 dias úteis de julho, a média diária de exportação da proteína brasileira teve desempenho recorde, de 5,2 mil toneladas, 10,6% superior à de junho e 15,7% acima da de julho/23. Em termos financeiros, a Secex aponta que a receita obtida com as exportações de carne suína somou R$ 1,7 bilhão em julho, expressivos 35,5% a mais que em junho e 43,5% superior à auferida em julho/23. Trata-se da maior arrecadação mensal da história do setor suinícola nacional.
Carnes concorrentes
Enquanto os preços da carne suína registraram fortes altas em julho, as cotações da bovina subiram levemente e as da carne de frango caíram. Como resultado, a competitividade da proteína suinícola diminuiu frente as principais concorrentes. O valor médio da carcaça especial suína negociada no atacado da Grande São Paulo subiu fortes 9,9% de junho para julho, para R$ 11,34/kg.
O valor médio da carcaça especial suína negociada no atacado da Grande São Paulo subiu fortes 9,9% de junho para julho, para R$ 11,34/kg. Ressalta-se que o movimento de alta vem ocorrendo desde a primeira semana de junho, ganhando força no início de julho, impulsionado pelas demandas interna e externa aquecidas.
Por Suzi Jarde
Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram