Plantio da soja começa com boas perspectivas no Estado

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Chuvas ajudam e produtores já iniciam os trabalhos com a nova safra

Enquanto os produtores retiram os últimos restos de milho safrinha dos campos, o plantio da soja já está oficialmente aberto em Mato Grosso do Sul, com o fim do vazio sanitário. O prazo da semeadura da safra 2021/22 vai até 31 de dezembro. Os dados constam de portaria publicada na semana pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Após o registro de fortes perdas na safrinha com estiagem, geadas e até queimadas, os produtores sul-mato- -grossenses estão confiantes e esperam atingir níveis altos de produtividade. Na safra passada Mato Grosso do Sul plantou mais de R$ 3,5 milhões de hectares e obteve mais de 13,305 milhões de toneladas de grãos. A produtividade também surpreendeu, fechando em 62,8 sacas por hectare, segundo dados do projeto Siga-MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio).

As chuvas dos últimos dias estão trazendo maior alívio na região de São Gabriel do Oeste, com cenário adequado para o manejo de pragas e doenças. Segundo o engenheiro- -agrônomo Ernane Vogth, nos próximos dias, sojicultores devem aproveitar a umidade para trabalharem nas lavouras.

“Nosso cenário é de aumento de produção, devido ao agricultor cada vez mais ‘tecnificado’ e procurando equipamentos que auxiliam no cultivo. Mas não só também, como, na região, a abertura de áreas da pecuária. Com isso, podemos um aumento entre 10% a 15% de área nessa safra e recorde de produtividade”, explica.

Além da preparação para o plantio de uma boa safra, os produtores se preocupam também com a próxima temporada de milho. “O pessoal já se preocupa com plantar a soja mais cedo pensando na safrinha de 2022, pois, cada dia de atraso no plantio da oleaginosa retarda o milho também. Então, quem conseguir plantar logo no começo de outubro, na primeira janela de zoneamento do milho vai conseguir cultivá-lo no início de fevereiro.”

Com relação aos gargalos para esta safra de soja, o engenheiro destaca o aumento no custo de produção, que foi de cerca de 30%. “Há ainda produtores que não receberam o adubo desta safra, e isso preocupa bastante. A questão dos agrotóxicos, há uma falta no mercado, então podemos sinalizar que quem já está com o produto no barracão ajuda muito e não vai ter surpresa lá na frente”, afirma.

Outro ponto que contribuiu para esta alta dos valores foi a logística, já que, segundo o profissional, as últimas paralisações de caminhoneiros antes do início da temporada impactaram diretamente na falta de alguns produtos.

Na região de Maracaju, uma das mais afetadas com o clima no Estado, a dificuldade encontrada por produtores é exatamente consequência das geadas, segundo o produtor rural Eduardo Busatto. “Nosso gargalo é cobertura, matéria seca que foi prejudicada em função da geada, que matou nossa braquiária consorciada com o milho e já estamos vindo de uma safrinha que não produziu muito. Mesmo assim, a expectativa é de alta produtividade para a temporada”, explica.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê chuva acima da média para os estados do Centro-Oeste entre setembro e novembro. Para Mato Grosso do Sul, há ainda a previsão de que as chuvas sejam irregulares. As temperaturas devem ficar acima da média no trimestre. (Com informações do CBN Agro).

Brasil deve cultivar 40 milhões de hectares

As margens de lucro positivas esperadas para produtores de soja brasileiros na safra 2021/22, apesar do aumento dos custos de produção, levam o Rabobank a projetar uma área plantada de 40 milhões de hectares, novo recorde. “Assumindo a linha de tendência para a produtividade, a estimativa é de que a safra brasileira alcance 142 milhões de toneladas durante a temporada 2021/22”, disse o banco em relatório. O Rabobank pontuou que a queda das exportações brasileiras no acumulado do ano – 72,7 milhões de toneladas de janeiro a agosto, citando dados da Secex, 2 milhões de t a menos que em igual período de 2020 – e a manutenção do esmagamento indicam recomposição dos estoques de soja ao fim de dezembro de 2021, se comparada às três últimas safras. “A redução da safra brasileira de milho em mais de 20 milhões de toneladas pode trazer impacto positivo para as exportações de soja no último trimestre de 2021, quando os portos devem estar ociosos”, destacou o banco no documento.

Com relação ao milho, o Rabobank prevê preços sustentados, até o fim do ano, por diversos fatores. No mercado local, o banco considera que o aumento das importações não será suficiente para reduzir a pressão sobre os baixos estoques de passagem. “Considerando as atuais perspectivas para exportações, produção e consumo local, o Rabobank projeta os estoques de passagem (brasileiros) da safra 2020/21 entre 9 milhões e 11 milhões de toneladas, volume similar ao ciclo anterior”, disse o banco, referindo-se a uma produção total de milho de 86,4 milhões de t (21 milhões de t abaixo da estimativa inicial) e volume exportado cerca de 50% menor do que em 2019/20.

A perspectiva de baixos estoques até dezembro, além da produção menor e da comercialização mais lenta do milho de 2020/21 no spot devem “oferecer suporte aos preços de milho no mercado local”, disse o Rabobank.

No cenário internacional, os apertados estoques globais e norteamericanos de milho “continuarão a dar suporte para as cotações (do cereal) na CBOT”, aponta o banco. O Rabobank ponderou que, apesar do aumento da estimativa de safra de milho dos Estados Unidos em mais de 6 milhões de toneladas, conforme o último relatório mensal do Departamento de Agricultura do país (USDA), os estoques globais para a temporada 2021/22 são os menores desde 2016. Além disso, os estoques norteamericanos, de acordo com o USDA, também são os mais baixos desde 2015.

Rosana Siqueira

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