Para carros GNV, desafio é encontrar postos para abastecer no interior

Fotos: Marcos Maluf
Fotos: Marcos Maluf

MSGás planeja o “Corredor Azul”, com pontos de abastecimento em quatro municípios

Os condutores interessados em converter os carros para receber GNV (gás natural veicular) tem alguns obstáculos a enfrentarem, como, por exemplo, não encontrar postos que abasteçam fora de Campo Grande. Dos 79 municípios, somente a Capital conta com oito postos que tem gás natural. Para isso, a MSGás (Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul) prevê a instalação de pontos diferentes de abastecimento em quatro municípios (Três Lagoas, Sidrolândia, Dourados e Bataguassu), que seráchamado de “Corredor Azul”.

Em Três Lagoas, o ponto será inaugurado no segundo semestre deste ano. Já nas outras cidades, a previsão é para o ano de 2024. O diretor-presidente da MSGás, Rui Pires dos Santos, disse, durante entrevista ao programa Tribuna Livre, que o Corredor Azul é uma forma de facilitar o reabastecimento dos veículos que utilizam o gás natural e que está sendo estudado em quais cidades é possível chegar.

“Atualmente, temos oito postos de GNV em Campo Grande e, com a chegada dos caminhões a gás natural, temos outro desafio. Para sair de São Paulo, estudamos duas rotas – Três Lagoas para Campo Grande e Bataguassu até Dourados. Estamos estudando em quais cidades vamos chegar com o gás natural, para ajudar os motoristas”, destaca o diretor-presidente.

“No entanto, estamos tentando trazer essa rota azul para dentro do Estado. Por exemplo, vamos instalar um posto em Três Lagoas, para que o caminhão consiga abastecer o veículo na cidade e chegar a Campo Grande, sem precisar reabastecer”, explica Rui, em entrevista. 

O estudo da MSGás é para traçar um corredor de pontos diferentes de São Paulo que chegue até Campo Grande.

 

Corrida

O representante da Convertedora Le Gás de Campo Grande, Lemoel Júnior, relata que enchendo o cilindro 100%, o motorista consegue fazer uma viagem de ida e volta até Dourados. “Um veículo popular co motor 1.0, que ele tem um gasto de 12,5 km dentro da cidade no combustível líquido, nessa viagem o carro vai fazer 16 km no GNV”. No entanto, vale destacar que o consumo do GNV depende do consumo líquido do carro.

Com isso, levando em consideração o simulador veicular da MSGás, o motorista conseguiria rodar 176 km, com o metro cúbico a R$ 4,39 e um cilindro de 50 L/ 11,76 m³. Neste caso, o gasto seria de R$ 51,63. Para uma viagem a Dourados, por exemplo, onde a distância percorrida partindo de Campo Grande é 229,9 km, seria preciso abastecer mais de uma vez.

Agora, se o cilindro for maior, de 70 L/16,47 m³, dá para fazer 247 km com R$ 72,30. O motorista de aplicativo Fuad Salamene Neto, que utiliza GNV, afirma que a melhor coisa que poderia fazer foi trocar o combustível para o gás natural. “Usando GNV, gasto em torno de R$ 70 e faço 250 km dentro da cidade. Na gasolina, para rodar a mesma quilometragem gastava cerca de R$ 120. Então, além de ser algo bom para o bolso do consumidor, incentiva o uso de um combustível menos poluente.”

 

Incentivos

Na última quarta-feira (14), o Governo de Mato Grosso do Sul anunciou a Política de Incentivo ao uso do Gás Natural Veicular. A ação vai beneficiar 7 mil motoristas, no Estado. Atualmente, os motoristas que optam por GNV precisam pagar R$ 100,96 na inspeção veicular anual, R$ 93,85 na autorização para mudar as características do veículo, assim como R$ 201,45 na inspeção após a instalação (kit) e R$ 290,08 para emissão do novo CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo).

Ao todo, a economia por veículo será de R$ 686,34. A redução tributária, isenção de IPVA (Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores), desoneração de taxas do Detran- -MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), que podem chegar ao valor de R$ 4,8 milhões, estão entre as medidas apresentadas.

Os incentivos também preveem um vale-combustível de R$ 1 mil para os motoristas que fizeram novas conversões. Com esse valor, o veículo poderá rodar até 3 mil km utilizando GNV. O bônus será concedido pela MSGás por meio de um cartão de crédito, para abastecer o veículo com gás natural veicular.

Segundo o diretor-presidente da companhia, a ideia do Governo do Estado é incentivar o uso do GNV. “A MSGás, junto com o Detran-MS, quando a pessoa fizer a conversão do veículo para o gás natural, ela vai até a companhia e ganha umcartão que contém R$ 1 mil em abastecimento em gás natural. Com esse valor, o motorista pode rodar até 3 mil km.” Além disso, Rui Pires relatou que está fazendo uma parceria para trazer um ônibus a gás natural para Campo Grande. “Estamos tentando trazer, para fazer um teste com a Prefeitura Municipal, no Estado e todo mundo está trabalhando junto para realizar isso, na Capital.”

“A pessoa compra um caminhão zero km, já a gás natural, ou pode trocar o motor do caminhão para o motor antigo, entre outras formas de utilizá-lo. Porém, um dos grandes benefícios é o IPVA zero. Inclusive, os veículos que foram convertidos não pagam IPVA. A novidade, no Estado e no país, é que o ICMS foi de 17% para 12%”, finaliza o diretor-presidente.

O Governo de Mato Grosso do Sul estima que, com esta política de incentivos, possa existir a conversão de mil veículos somente em Campo Grande, podendo aumentar o consumo em 100% de GNV, passando de 270 mil por mês para 540 mil metros cúbicos.  As ações fazem parte de um trabalho conjunto entre Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Segov (Secretaria de Estado de Governo), Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda), MSGás e Detran-MS. Também houve aval da Assembleia Legislativa, que aprovou o projeto.

 

Vantagens do GNV

As vantagens do gás natural veicular (GNV) se aplicam no cenário de consumir menos combustível por quilômetro rodado; é um material seco, por isso aumenta a vida útil do motor e o intervalo de trocas de óleo; emite baixos níveis de gases poluentes, como nitrogênio, gás carbônico, dióxido de enxofre e monóxido de carbono e aumenta a autonomia, podendo chegar a 58% a mais, comparada à gasolina e 66% a mais, para o álcool.

Por Marina Romualdo – Jornal O Estado do MS.

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