Mulheres à frente da pesquisa na indústria

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Das tecnologias que estão ao alcance das nossas mãos, como o celular, a soluções determinantes na saúde. Injusta negligência histórica faz o protagonismo de muitas mulheres nas revoluções científicas nem sequer passarem pela cabeça. A ciência acaba sendo mais uma trincheira por reconhecimento. A área é estratégica e determinante para traçar o novo futuro da indústria e no Senai são elas as responsáveis por conduzir grandes transformações.

Estabelecer outra relação com o meio ambiente, trabalhar em prol da diversidade e com retorno para a comunidade são princípios que norteiam cada vez mais o setor industrial e dos quais as mulheres entendem muito bem.

Para a vice-presidente do Sistema Fiems, Claudia Volpini, juntos, Sesi, Senai e IEL, são capazes de proporcionar toda uma trajetória educacional e profissional rumo à inovação e à ciência, desde os primeiros passos na escola até os altos cargos, como de coordenação e gerência.

“Principalmente na educação básica, o número de professoras é maior do que o de professores. Elas acabam sendo grandes incentivadoras, mesmo não atuando em determinadas áreas, e podem ser decisivas na trajetória de cientistas”, afirma.

Para a vice-presidente, quando ocupamos cargos de lideranças ampliamos as possibilidades de participação de outras mulheres. “Desta vez não é a professora te empurrando, mas é a de cima te chamando”. Na Fiems, o espaço está cada dia mais fortalecido. “O Sistema Indústria te acata, te aceita e te incentiva”, destaca Volpini.O alto nível de qualificação e a necessidade de criação de setores para atender as demandas em inovação da indústria são favoráveis à atuação de pesquisadoras em diferentes frentes e com papéis de destaque. A instituição conta ainda com vantagem de atuar também no interior de Mato Grosso do Sul.

Para a coordenadora de Gestão Ambiental do IST (Instituto Senai de Tecnologia) em Eficiência Operacional – Senai Empresa, Liliane Corrêa, a presença igualitária de mulheres é essencial para o desenvolvimento de pesquisas mais abrangentes e eficazes. “A ciência, seja no ambiente do Instituto de Pesquisa ou aplicada nas empresas, precisa de pluralidade de ideias e mentes abertas para testar, analisar, mudar e buscar soluções. Quando se dá acesso as diferentes vivências, se amplia as possibilidades”, destacou.

Já para a coordenadora de pesquisa industrial do ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), Layssa Aline Okamura, habilidades comuns nas rotinas das mulheres podem ser valiosas em ambiente laboratorial. “Somos muito detalhistas, multitarefas e temos um olhar mais cuidadoso e responsável com as coisas. São características que eu considero muito importantes para quem trabalha com ciência”.

A coordenadora do IST (Instituto Senai de Tecnologia) em Alimentos, Bebidas e Sementes, Maria Carolina Silva Pego, aponta que ter fontes de inspiração é essencial para não desistir de uma carreira de sucesso. “Mulheres de peso deixaram seus nomes marcados na história e promoveram propagação do conhecimento, uma vez que muitas descobertas realizadas por elas serviram de base para o conhecimento e continuidade de estudos em áreas como tecnologia, saúde e ciência”, relembra.

Os desafios não terminam por aqui

Embora represente uma grande conquista, ocupar cargos estratégicos e chefiar equipes não significa o fim dos desafios. A cultura da sociedade ainda impõe sobre as mulheres rotina pesada e dificuldade de reconhecimento. O currículo de peso da doutoranda em Bioenergia, Layssa, a fez ascender em um curto período de tempo de atuação do ISI de Três Lagoas. Ela começou como pesquisadora industrial, em 2015, e posteriormente, foi líder da área de energia. Hoje, como chefe de pesquisa do Instituto, ela tenta conciliar as funções do cargo com a vida pessoal.

“Tenho uma bagagem grande de responsabilidade profissional e é bastante difícil saber equilibrar o papel de chefe de pesquisa e o meu papel de mãe, querendo sempre estar presente na vida e no desenvolvimento das minhas filhas”, relata. Outra constatação da pesquisadora é a presença majoritária de homens em papéis de liderança na área de pesquisa e desenvolvimento. “Hoje dentro da rede Senai de Inovação eu sou uma das poucas mulheres presentes em papéis de coordenação/gestão”, destaca.

Lidar com equipes formadas principalmente por homens também impõe outros tipos de desafio. Ao longo da trajetória profissional, a coordenadora do IST de Dourados, diz ter enfrentado as diferenças culturais de gênero também associadas a diferença de idade, bem como resistência da equipe quando em posições de liderança, atrelados ao fato de ser mulher. “Em experiências anteriores, durante supervisão no chão de fábrica, as resistências foram mais evidentes, pois trabalhei com equipes onde a maioria dos colaboradores eram homens, e, neste sentido, precisava me posicionar de forma mais incisiva para que os mesmos mantivessem respeito”, relata Pego.

A engenheira ambiental, Liliane, que atuam em Campo Grande, também relata episódios de tratamento diferenciado em relação a outros homens no mesmo cargo. “Elogios em momentos inoportunos e exclusão de momentos relacionados ao trabalho envolvem algumas das situações vividas”, afirmou. Apesar das dificuldades e da necessidade de criar ambiente mais propício para maior participação das mulheres na ciência, as pesquisadoras concordam sobre a melhora de realidade a cada dia. “Mesmo com todos os desafios enfrentados somos capazes de mostrar a todos a qualidade e excelência do nosso trabalho”, garante Maria Carolina.

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