Mercado de bicicletas correm atrás do prejuízo após pico de vendas

Bicletas para
crianças e adultos
na loja Ciclo Ribeiro ( Foto: Nilson Figueiredo)
Bicletas para crianças e adultos na loja Ciclo Ribeiro ( Foto: Nilson Figueiredo)

Nós dois últimos anos a fabricação de bicicletas caiu 23,7%, segundo Abraciclo

No pico da pandemia da covid-19 em 2022, a produção de bicicletas havia dado um salto com a fabricação de 599.044, de acordo com dados da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares). No entanto, em 2023 o mercado de duas rodas sentiu uma desaceleração onde o setor registrou queda de 23,7% na produção, passando a fabricar 456.917 unidades.

Há 50 anos, a Ciclo Ribeiro, se tornou pioneira no segmento em Mato Grosso do Sul. Com décadas de experiência, o proprietário, Gleison Ribeiro, avaliou que a alta nas vendas no período da pandemia esteve atribuída pelo isolamento social da época, onde as pessoas passaram a ficar mais em casa, tendo consequentemente mais tempo livre para se exercitarem e o ciclismo se encaixou perfeitamente na nova realidade.

“Com a pandemia, houve um aumento na procura das bicicletas, porque as pessoas não podiam fazer exercício coletivo, somente individual. Então, o ciclismo era um esporte que você podia se exercitar”, avaliou Ribeiro.

Mesmo com uma queda nas fabricações e nas vendas, o proprietário defende que não deixa a peteca cair, e seguirá adotando estratégias para continuar no mercado. “Na loja, além dos itens que atendem de crianças a adultos, no local também é oferecido serviço de assistência técnica e outros acessórios para os clientes”, explicou.

Diante da queda na procura pelas bicicletas, um outro produto vem apresentando resultados positivos: a bicicleta elétrica. Apesar de representar ainda 2,5% do volume de produção do Polo de Manaus, apresentou uma alta de 6,2% em relação a 2022, seguindo as tendências mundiais de crescimento da categoria. A categoria mais produzida foi a Moutain Bike (MTB), correspondendo a 59,8% da produção.

Segundo previsões da Abraciclo, a produção de bicicletas deverá alcançar 360 mil unidades em 2024, um volume 21,2% inferior na comparação com 2023, consequência da mudança do mercado que exige, cada vez mais, produtos de maior valor agregado da indústria.

Cenário internacional

Na maior feira de ciclismo do mundo, a Eurobike em Frankfurt, realizada nesta semana, “todos estão falando sobre a desaceleração”, disse Manuel Marsilio, diretor-geral da Conebi (sigla em inglês para Confederação da Indústria Europeia de Bicicletas). No entanto, o ciclismo, sem dúvida, enfrenta um obstáculo à medida que as pessoas passaram a praticar outras atividades após o isolamento social e se tornaram mais cautelosas com os gastos devido ao aumento do custo de vida.

As vendas de bicicletas e e-bikes caíram 8,9% na Europa no ano passado e a produção e exportação de bicicletas na região caíram quase 20%, de acordo com a Conebi. Seus dados mostram que a crise também eliminou 5,5% dos empregos na indústria europeia da bicicleta no ano passado. O número de expositores na Eurobike, que abriu suas portas na quarta-feira (3), caiu cerca de 5%, para 1.800.

“Todos concordam que 2024, infelizmente, é outro ano perdido para a indústria”, disse Tjeerd Jegen, presidente-executivo de um dos maiores negócios de ciclismo da Europa. A queda na demanda foi agravada pelo fato de os fabricantes terem corrido para aumentar a produção durante o boom da pandemia. Esse estoque adicional chegou ao mercado com um atraso, justamente quando o interesse começou a diminuir, sobrecarregando a indústria com um excesso de bicicletas e equipamentos não vendidos, pouco dinheiro e sem outra opção senão oferecer descontos.

“O dinheiro está amarrado em depósitos e você vê muitas marcas oferecendo grandes descontos enquanto tentam transformar o estoque em dinheiro”, disse Joshua Hon, fundador da fabricante de bicicletas dobráveis Tern Bicycles.

Setor aquecido em 2021

As fabricantes de bicicletas instaladas no PIM (Polo Industrial de Manaus) produziram 723.950 unidades no acumulado de 2021. De acordo com levantamento da Abraciclo, houve crescimento de 15,7% em relação ao mesmo período de 2020, quando foram fabricadas 625.786 unidades. O desempenho mensal da indústria também apresentou resultados positivos. Em novembro, 74.078 bicicletas saíram das linhas de montagem, o que corresponde a alta de 17% em relação a outubro (63.336 unidades) e 16,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado (63.562 bicicletas).

Ao avaliar o desempenho do setor, o vice-presidente do Segmento de Bicicletas, Cyro Gazola, na época, enfatizou que as fábricas têm capacidade para produzir mais, no entanto, a escassez de peças e componentes travas o ritmo das linhas de produção. “Esse problema desorganiza toda a cadeia produtiva, pois temos dificuldades para montar alguns modelos de bicicletas”, esclarece. A categoria de bicicletas elétricas foi a que registrou maior aumento percentual no acumulado do ano em 2021. De janeiro a novembro, 9.368 unidades saíram das linhas de montagem, volume 118,7% superior às 4.283 bicicletas fabricadas no mesmo período de 2020.

 

Por Suzi Jarde 

 

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