Auditoria da CGU aponta averbações sem consentimento, refinanciamentos irregulares e milhares de operações com juros incompatíveis com o mercado
O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) suspendeu por tempo indeterminado, nesta terça-feira (2), o recebimento de novas averbações de crédito consignado do Agibank S/A. A decisão foi tomada após auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União) apontar irregularidades graves em operações realizadas com beneficiários da Previdência.
Segundo o relatório, há volume expressivo de contratos averbados sem autorização dos segurados e indícios de fraudes em larga escala. Um dos casos mais críticos envolve a existência de 1.192 contratos firmados após a data de óbito dos beneficiários entre 2023 e 2025 — 163 deles vinculados a benefícios que já estavam cessados nos sistemas do INSS.
Outro ponto que chamou atenção dos auditores foi um caso concreto registrado em Fortaleza (CE). Um beneficiário teve um refinanciamento aplicado em 7 de novembro de 2025 sem solicitação ou autorização. A operação reuniu sete contratos, três inexistentes nos sistemas do INSS, que acrescentaram R$17.073,94 ao saldo devedor. O valor que deveria ser repassado ao segurado, sendo cerca de R$17.135, não foi depositado.
A auditoria também identificou um padrão irregular em milhares de contratos. Em um primeiro teste, 5.222 operações apareceram com taxas inferiores a 0,4% ao mês. Em um levantamento ampliado, foram 33.437 contratos com taxas inferiores a 1%, discrepância que pode indicar manipulação para evitar travas de controle e validação. As operações deveriam respeitar o teto de 1,85% ao mês.
Os achados foram encaminhados à Polícia Federal e à Corregedoria do INSS. A suspensão das averbações do Agibank permanece válida até a conclusão do processo administrativo que irá apurar os indícios de fraude, garantindo direito à defesa da instituição.
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