Boletim Focus reduz projeção do IPCA para este ano e mantém expectativa de juros altos no curto prazo
As projeções do mercado financeiro para a inflação em 2025 sofreram nova queda, indicando uma possível desaceleração nos preços, ainda que o índice continue acima do limite estabelecido pelo Banco Central. Segundo dados divulgados nesta segunda-feira (21) pelo Boletim Focus, a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 5,17% para 5,10% – oitava redução consecutiva.
Apesar da sequência de cortes nas previsões, a expectativa ainda ultrapassa o teto da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta central de inflação é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Como o índice acumulado em 12 meses está em 5,35%, já são seis meses seguidos de descumprimento, o que obriga o presidente do Banco Central a justificar formalmente ao Ministério da Fazenda os motivos do desvio, as ações corretivas e o prazo para os efeitos esperados.
A tendência de desaceleração ficou evidente nos dados de junho, quando a inflação fechou em 0,24%. O recuo foi puxado pela primeira queda no preço dos alimentos após nove meses consecutivos de alta, mesmo com a pressão da conta de luz no período.
No campo dos juros, a resposta do Banco Central tem sido manter uma postura conservadora. A taxa Selic, hoje em 15% ao ano, foi elevada em 0,25 ponto percentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), contrariando parte do mercado que já esperava uma pausa nos aumentos. Na ata da reunião, o Copom indicou que deve manter os juros nesse patamar nas próximas decisões, mas não descartou novas elevações caso a inflação volte a acelerar.
A expectativa dos analistas é de que a Selic se mantenha em 15% até o fim de 2025. Para os anos seguintes, o mercado projeta uma trajetória de queda gradual: 12,5% ao ano em 2026, 10,5% em 2027 e 10% ao ano em 2028.
O impacto da política de juros altos já aparece no desempenho da economia. Apesar do crescimento de 1,4% no primeiro trimestre deste ano – puxado principalmente pela agropecuária –, a projeção para o PIB de 2026 caiu ligeiramente, de 1,89% para 1,88%. Para este ano, a estimativa de crescimento permanece em 2,23%.
Já no câmbio, o mercado prevê que o dólar encerre 2025 cotado a R$ 5,65. Para o fim de 2026, a estimativa é de R$ 5,70, refletindo as incertezas internas e externas que ainda influenciam o humor dos investidores.
*Com informações de Agência Brasil
Confira as redes sociais do Estado Online no Facebook e Instagram