Indústria brasileira recua no 1º trimestre de 2025 apesar de crescimento do PIB

Foto: Marcos Maluf
Foto: Marcos Maluf

Apesar do crescimento de 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre de 2025, a indústria foi o único dos três grandes setores da economia a registrar queda, com recuo de 0,1%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A análise foi reforçada por um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apontou juros elevados e aumento das importações como os principais responsáveis pelo desempenho negativo.

Enquanto isso, a agropecuária avançou 12,2%, impulsionada por uma safra recorde de soja, e o setor de serviços cresceu 0,3%, sustentado pelo consumo das famílias, que subiu 1%. A indústria, no entanto, continua pressionada por fatores estruturais e conjunturais.

“Setores como a indústria de transformação e a construção, fundamentalmente ligados ao aumento da capacidade produtiva do país, recuaram, como consequência dos juros altos e da intensa entrada de bens importados”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI.

Importações tomam espaço da indústria nacional

Apesar do crescimento na demanda interna por produtos industriais — que avançou 1,2% — a produção nacional teve expansão irrisória de apenas 0,1%. A lacuna foi preenchida pelas importações, que cresceram 5,9% em relação ao último trimestre de 2024 e impressionantes 14% em comparação ao mesmo período do ano passado.

O atual patamar da taxa Selic, fixada em 14,75%, tem sido apontado como um dos principais entraves à retomada industrial. Além disso, medidas recentes como o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) — com custo estimado de R$ 19 bilhões para as empresas este ano, e as mudanças na Medida Provisória do Setor Elétrico devem elevar ainda mais os custos do setor.

“Não é possível crescer num ambiente assim”, criticou Alban. “A indústria já perdeu o forte ritmo de crescimento observado no ano passado. Sem redução de juros, vai demorar a ganhar força de novo.”

Projeção para o restante do ano

A CNI projeta um crescimento de 2,3% no PIB em 2025, mas com ritmo mais lento nos próximos trimestres. A agropecuária não deve repetir o desempenho excepcional do início do ano, e o espaço para expansão do mercado de trabalho está reduzido, dada a baixa taxa de desemprego atual. Além disso, a concessão de crédito deve diminuir, tornando o ambiente ainda mais desafiador para a indústria.

Segundo Alban, a redução da Selic é considerada essencial para evitar uma estagnação prolongada do setor industrial.

“A indústria tem sido fundamental para o crescimento vigoroso da economia. Com o cenário atual, fica cada vez mais difícil sustentar esse desempenho”, completou.

 

Com informações do SBT News

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