Indústria brasileira recua 0,2% em julho e completa quatro meses sem crescimento

Foto: Saul Schramm
Foto: Saul Schramm

Setor acumula perda de 1,5% desde abril em meio ao efeito dos juros altos, aponta IBGE

A indústria brasileira segue em marcha lenta e fechou julho com retração de 0,2% frente a junho, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o quarto mês consecutivo sem crescimento, período em que o setor acumula queda de 1,5%.

O gerente da pesquisa, André Macedo, relaciona o desempenho negativo à política monetária restritiva.

“Em termos conjunturais, destacam-se os efeitos de uma política monetária mais restritiva – que encarece o crédito, eleva a inadimplência e afeta negativamente as decisões de consumo e investimentos. Esses fatores contribuíram para limitar o ritmo de crescimento da produção industrial no período, refletindo-se em resultados mais moderados frente aos meses anteriores”, avaliou.

A taxa básica de juros, a Selic, está em 15% ao ano, o maior nível desde 2006. Os juros elevados têm o objetivo de conter a inflação, mas acabam reduzindo o consumo e o investimento. Em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 5,23% em 12 meses, acima do teto da meta oficial de 4,5%.

Apesar do recuo recente, a indústria opera 1,7% acima do nível de fevereiro de 2020, período anterior à pandemia, mas ainda está 15,3% abaixo do recorde de maio de 2011. Na comparação com julho do ano passado, houve leve alta de 0,2%, e no acumulado de 12 meses o setor apresenta crescimento de 1,9%.

O levantamento mostra que 13 das 25 atividades industriais pesquisadas registraram retração em julho. Entre as maiores quedas estão impressão e reprodução de gravações (-11,3%), outros equipamentos de transporte (-5,3%), manutenção e reparação de máquinas e equipamentos (-3,7%) e metalurgia (-2,3%). Já os avanços mais expressivos ocorreram em produtos farmoquímicos e farmacêuticos (7,9%), alimentos (1,1%), produtos químicos (1,8%) e indústrias extrativas (0,8%).

Na análise por categorias de uso, bens de capital recuaram 0,2% e bens de consumo duráveis caíram 0,5%. Em sentido oposto, os bens intermediários cresceram 0,5%, enquanto os de consumo semi e não duráveis tiveram ligeira alta de 0,1%.

O IBGE também destacou que a expectativa em torno do tarifaço americano, que começou em agosto, já influenciava decisões de empresários voltados para o mercado externo. Mas, segundo Macedo, “dentro do resultado geral, [o tarifaço] não tem muita importância no momento”.

*Com informações da Agência Brasil

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