Para especialista, MS deve manter um alto consumo da proteína vermelha mesmo com aumentos nos preços
A competitividade da carne de frango em comparação com as carnes suína e bovina tem diminuído em março. Conforme apontam as pesquisas do Cepea, enquanto os preços médios da proteína avícola apresentam uma pequena alta em relação ao mês anterior, as carnes alternativas estão em queda.
A carne de frango, tradicionalmente reconhecida por sua vantagem em termos de custo, está perdendo parte de sua atratividade diante da carne suína e bovina. Esse fenômeno se reflete principalmente nos preços, que sofreram um leve aumento nos últimos meses. Essa alta tem tornado o frango menos competitivo, especialmente em comparação com a carne bovina, que, apesar de seu custo mais elevado, passou a ser preferida por parte dos consumidores devido a questões de sabor e variedade de cortes.
Os modestos aumentos nos preços do frango, verificados no começo de março, foram suficientes para sustentar a média parcial deste mês. No entanto, na segunda quinzena, a pesquisa do Cepea indica que os preços têm se mostrado voláteis, refletindo uma redução no consumo conforme se aproxima o final do mês.
Esse cenário tem impactado diretamente os volumes de vendas e as preferências dos consumidores, que, apesar de continuarem consumindo carne de frango, estão cada vez mais inclinados a diversificar suas escolhas. A atendente de uma mercearia, Gabriella Tavares, explica que, mesmo com o aumento nos preços da carne bovina nos últimos meses, essa proteína continua sendo a preferência na refeição de sua família.
“A gente sente um pouco no bolso, mas não diminuímos as compras, mantivemos o mesmo padrão de consumo que tínhamos antes do aumento. Optamos por manter a carne bovina em vez de outras carnes.”
Enquanto alguns voltam ao consumo de carne vermelha, outros continuam adotando a compra de frango e derivados, mesmo com uma leve alta. A dona de casa Ruth Gabriela de Souza ainda opta pelo frango e pelos ovos como principais fontes de proteína para a alimentação de sua família. “Continuo trocando por frango e ovo diariamente, mesmo com um aumento no preço do ovo recentemente também.”
O nutricionista Rafael Bolson explica que, devido à tradição da criação de gado na região, o consumo de carne vermelha sempre foi predominante e não perde muito espaço na competitividade com outras carnes. “Então, aqui na nossa região, o consumo de carne vermelha já é predominante devido à nossa cultura de criação de gado e tudo mais. A cultura sul-mato-grossense tem um consumo mais alto de carne vermelha no geral.”
Em sua análise, o impacto dos preços causou essa mudança na redução do consumo de carne vermelha, levando as pessoas a optarem por cortes de frango e suínos devido à questão financeira. “Com essa queda no preço da carne vermelha e o consequente aumento no preço do frango, pode ter havido um retorno ao padrão cultural de consumo, favorecendo o aumento da carne vermelha. Afinal, aqui na nossa região, o consumo sempre foi bem alto”.
Por João Buchara
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