Essenciais na composição das compras para casa, produtos de limpeza vencem pela marca e não pelo preço na Capital

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Setor fatura bilhões e registrou aumento de 5,6% nos níveis de produção no último ano

 

No Brasil, conforme a ABIPLA (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional) em reunião de dados e análises sobre o desempenho da indústria de produtos de limpeza no Brasil em 2023, verificou-se que a produção do setor cresceu 5,6% em 2023 e o faturamento atingiu US$ 7,5 bilhões frente ao ano anterior. No país, o setor ainda incrementou os empregos em 4,8%, totalizando 93,4 mil vagas. A partir do avanço nos números, o jornal O Estado foi aos estabelecimentos da Capital para entender como o consumidor tem avaliado os preços, já que os dados apontam uma progressão no número de compras em itens de higiene. A descoberta, no entanto, voltou-se às marcas, que são unânimes para o consumidor no momento da escolha dos produtos para a limpeza.

A agricultora há 28 anos, Nelsi Walter, em trânsito pelos corredores do Supermercado do Produtor, localizado na região sul da cidade, argumentou à reportagem que os preços estão aceitáveis, pois em outros momentos já sentiu a elevação mais acentuada. Segundo a consumidora, ela não costuma avaliar o quanto gasta mensalmente com produtos de limpeza, já que costuma fazer as compras por etapas para aproveitar as promoções.

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“Eu acho que tem muita coisa que não tá tão caro, que já esteve bem mais caro. Mas, lógico, tem alguns itens que subiram mais e tem coisas que baixaram se a gente pensar de dois, três anos para trás. Eu nunca fiz um cálculo, porque eu não compro uma vez, eu venho hoje, venho amanhã, então depende do que eu venho comprar. Eu venho e compro o que eu preciso e aquilo que eu sei que daqui ou depois vai faltar”, argumenta sobre não calcular sobre o quanto gasta com produtos de limpeza.

Um dos pontos destacados por Walter, mas também por outros consumidores, são as marcas dos produtos, que se tornam essenciais na hora da escolha. “Eu vou bastante pela marca, porque eu acostumei a usar o produto. Produtos de limpeza eu não sei qual é o mais barato ou mais caro, porque como eu não olho muito o preço, vou mais pela marca que eu gosto”, destaca a agricultora, que fala que o carro-chefe dos produtos para sua casa é o sabão em pó, amaciante e detergente, assim como na casa da maioria dos brasileiros.

Conforme apurado pela reportagem, no Supermercado Nunes, os preços são variados. Uma caixa de sabão em pó da marca Tixan de 1,6 kg, atinge o valor de R$ 15,90 na promoção, já o sabão em pó Brilhante é comercializado a R$ 18,90, enquanto uma caixa do sabão em pó Omo, da mesma quantidade, é vendida a R$ 23,90, ou seja, uma diferença de R$ 8 entre o produto mais caro e o mais barato a variar pela marca. Dentre os produtos de limpeza, os voltados à lavagem de roupas são os que apresentam maior preço. A exemplo, foi apurado no Supermercado Nunes, que o sabão em pó de custo mais elevado é o Tixan de 4 kg, comercializado a R$ 56,99. Ainda sobre o valor dos sabões, é possível verificar o lava roupa Ariel toque de Downy, vendido no local por R$ 73,99 dois litros e o Ariel Hipoalergênico, vendido a R$ 47,98.

Dentre os itens essenciais mais baratos, a partir dos preços do Supermercado Nunes e Supermercado do Produtor, aparece o detergente, a água sanitária e o desinfetante. No Supermercado Nunes, o detergente mais caro, da marca Ypê, é comercializado a R$ 3,19, enquanto o detergente Sol é vendido a R$ 2,69, sendo o mais em conta no local. Já a água sanitária da marca Qboa é comercializada a R$ 6,99 a mais barata, com cinco litros, e R$ 18,99 a de preço mais elevado. Já o desinfetante da marca Pinho Sol, é o mais caro, sendo vendido apenas um litro por apenas R$ 18,99. Já o pinho Urca é o mais barato no local, com o preço de R$ 3,99. No Supermercado do Produtor, o valor do detergente Ypê é mais em conta R$ 0,20 se comparado ao Nunes, sendo comercializado a R$2,99. Enquanto o detergente da marca Perfect apresenta R$ 1 de diferença se comparado ao produto mais barato do supermercado concorrente. Ainda no segundo estabelecimento, o desinfetante da marca Trop, é vendido a R$ 3,99 o mais barato, enquanto a água sanitária mais em conta é disponibilizada ao público a R$ 2,89.

O aposentado, Jair Caxia, 81, tem uma perspectiva diferente sobre os valores dos produtos de higiene. Conforme tem avaliado, ele acredita que está caro manter a limpeza em casa. Por isso, procura constantemente estabelecimentos atacadistas para tentar barganhar um preço melhor sem perder a qualidade dos produtos. “A comida é mais leve um pouco, mas a limpeza é muito pior. Aqui é pertinho [no Nunes] e eu vou comprar pouca coisa, mas quando é compra para o mês, eu vou nos atacadistas. Está caro, eu não sei falar o quanto pesa, mas que é caro, é. Eu sempre dou um pulo nos atacadistas, porque acho que compensa mais. Eu priorizo a marca, porque mulher é sempre exigente e sabão mesmo na minha casa é só o Ypê”, revela.

A repositora de itens de higiene do Supermercado do Produtor, Alba Garcez, explica que os consumidores Veem os itens de higiene como algo que não pode faltar em casa. “Eles dão importância para os produtos de casa e quando vem, já estão pensando em levar uma coisa boa que não custe caro. O consumidor sempre prioriza levar o produto de higiene, mesmo que na promoção, precisa ser uma coisa boa. Com pouco dinheiro você consegue controlar, sem tirar aquilo que você precisa”, explica sobre equilibrar as finanças.

Panorama do mercado

O diretor-executivo da ABIPLA, Paulo Engler, argumenta que o Brasil tem despontado entre as primeiras posições quando o assunto é produto de limpeza. “O Brasil é o quarto maior mercado de saneantes do mundo e vem tendo protagonismo na América Latina”, pontua.

A informalidade, no setor de produtos de limpeza de uso doméstico, chega a R$ 3,5 bilhões.
A ABIPLA realizou um estudo que revelou que os produtos informais respondem por 11% do mercado de limpeza doméstica e 17% na limpeza profissional. Ainda de acordo com os números divulgados pela ABIPLA, é possível constatar que a cesta de produtos de limpeza corresponde a 6% dos gastos dos consumidores. Com isso, o desejo de economizar tem feito com que o consumidor busque novos formatos e linhas de produtos.

Mirar na oportunidade

A presidente da Apfame-MS (Associação Projeto Feira de Artesanato Mãos que Criam), empresa de produção artesanal de sabões que traz como proposta a sustentabilidade, Maria Diva da Silva, 50, explica que começou a vender produtos de higienização como forma de acessibilizar os produtos a custo-benefício para mulheres donas de casa. Hoje, para adquirir o sabão líquido da Apfame, que vem contido em um recipiente com cinco litros, é preciso disponibilizar apenas R$ 30. Os carros chefes são as fragrâncias caiaque e floral.

“O que as pessoas mais pedem é o floral. A gente estava vendendo de 20 a 30 por mês, mais ou menos nessa média, porque também temos outros como sabão de barra, sabonete, eucalipto, lavanda e citronela”, explicou.

 

Por Julisandy Ferreira

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